LUANA
Não sei o que tinha dado na minha cabeça para fazer aquilo, não estava planejando beijar Maria Eduarda, mas beijei. Beijei e quis muito que ela retribuísse . Aquilo não passou de um selar de lábios, mas de alguma forma, eu sabia que se ela tivesse dado brecha, teria se tornado algo além dos nossos personagens cotidianos. E pensar nisso me faz querer morrer, principalmente porque ela riu de mim. Maria saiu daqui as gargalhadas, e eu nunca me senti tão humilhada. Escutar ela indo embora sem conseguir parar de rir fez com que a Minha autoestima, que geralmente estava num nível bom, decaísse de forma brusca. Fiquei me lembrando de como ela tinha demonstrado desagrado a ideia de me beijar hoje cedo, como ela tinha falado que não gostava de mim, e muitas outras coisas que deixava óbvio que aquele meu surto Jamais seria correspondido.
Me sentei no sofá, passando as mãos pelo rosto. O que diabos eu faria agora? Como é que eu olharia para a cara dela sem me lembrar dessa merda toda? Pensei em ligar para César, mas acho que ele não faria nada além de rir da minha cara. Então fiz o que fazia de melhor, fui para a cama e me deprimi. Coloquei uma comédia romântica na TV, e me debulhei em lágrimas. Queria muito esquecer que aquele dia tinha acontecido. Pensando assim, dormi agarrada no travesseiro, sonhando com flores me perseguindo por todo o set de filmagens.
Ao acordar na manhã seguinte, estava me sentindo 30 vezes pior do que ontem. Meu ânimo estava escasso, e só de pensar que eu teria de olhar para cara daquela maldita, Minha vontade era de voltar para debaixo das cobertas. Mas Meu pai sempre disse para não desistir das minhas batalhas, então me arrumei e saí, determinada a fingir que nada tinha acontecido. No estúdio, algumas pessoas da minha equipe vieram perguntar se eu tinha me recuperado bem, e por um momento pensei que Maria Eduarda tinha espalhado para todo mundo o que tinha acontecido ontem, mas então me lembrei da rinite. Agradeci a preocupação de todos, e como se estivesse partindo para uma guerra, me encaminhei para o camarim que agora não era só meu. Assim que entrei, os olhos de Maria vieram aos meus, mas Eu tratei de ignorá-la. Para mim, aquele teatro só seria em frente a outras pessoas, no mais eu não queria trocar nenhuma palavra com ela. A mágoa que eu senti pela rejeição tão grotesca dela já tinha passado, nesse momento uma raiva me corroia. Raiva o suficiente para eu rasgar aquela carinha de anjo na unha, sendo assim, o silêncio seria melhor saída.
- Se sente melhor hoje, Lu? - Analu perguntou, assim que abriu a porta do camarim e botou os seus olhos sobre mim, concordei com a cabeça e ela sorriu, comprimentando Maria Eduarda logo em seguida.
Sentada em frente ao espelho, deixei minha maquiadora fazer seu trabalho. Fechei meus olhos e tentei deixar os meus pensamentos vagarem para as minhas falas. Tentaríamos por en dia ainda hoje todas as cenas que não pude gravar ontem, e isso incluía uma cena muito melosa com a personagem de Madu. Meu estômago revirou ao pensar nisso. Estar próxima dela naquele nível de novo, mesmo que interpretando personagens, seria um pesadelo. Respirar no mesmo ambiente que ela já o era. Mas eu daria conta, era uma atriz aclamada, seria um trabalho fácil para mim, fingir que está tudo bem. Maria não precisa saber que magoou e ofendeu de formas que ninguém jamais tinha conseguido.
Prontinho, Lu.
- Obrigada, chama o Jeff para mim, sim? - Pedi e Analu assentiu. Respirei fundo me recostando a cadeira. Jeff era responsável por fazer massagem em meus ombros antes das filmagens, tinha o contratado por fora, já que a equipe do estúdio não contava com esse tipo de tratamento para os atores, e foi uma das melhores coisas que fiz. Entrar relaxada em cena me ajudava a controlar melhor a minha expressão corporal, logo a minha atuação ficava melhor e eu mantinha o meu prestígio. Maria começou a se mover atrás de mim, então encarei-a através do espelho. Infelizmente nossos olhos se encontraram.
- Será que nós podemos conversar depois? - Ela abria e fechava as mãos, parecendo ansiosa. e seus olhos passavam uma intensidade que quase me fez concordar.
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por trás das cenas
RomanceQual a probabilidade de duas pessoas que não se suportam começarem a se envolver? Será que a linha entre amor e ódio é realmente Tênue? Luana é mimada. Madu é pé no chão. Luana gosta de atenção, e até onde pode, Madu prefere ser discreta. Luana é ob...