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LUANA

Assim que pisei dentro de casa, corri para o banheiro a fim de tirar a areia do corpo. Estava ansiosa para continuar lendo os livros que ganhei, aquela maldita acertou em cheio no presente e eu queria odiá-la por isso, mas uma parte pequena da minha mente, bem pequena mesmo, tinha achado aquilo muito atencioso da parte dela, principalmente por ter envolvido Meg no processo. Mas eu não estava afim de dar mais atenção aquilo do que o necessário. Maria Eduarda e eu ainda não éramos compatíveis, e não começaríamos a ser da noite para o dia. Prometi que iria me esforçar, e o farei, mas sinto em meu âmago que, ao final daquela novela, nós nos odiaríamos ou viraríamos melhores amigas. Soltei um riso ao pensar em um mundo onde Maria Eduarda e eu pudéssemos ser melhores amigas. Essa era uma realidade que parecia estar há mil anos-luz de distância.

Repassei à tarde em minha mente, pensando na conversa que tive com o Madu, como ela parecia a vontade comigo. Claro que aquilo poderia ter sido atuação, eu até acreditava que fosse, mas me peguei, - sem querer, - desejando que ela realmente tivesse gostado daquele tempo. Me lembrei de como ela surtou com aqueles risos esquisitos quando eu falei sobre a autora dos livros. Não deixei passar que ela aproveitou a aproximação das garotas para mudar de assunto, mas resolvi que não valia a pena pressioná-la. Não agora que ela estava disposta a me encarar como um ser humano comum. Revirei os olhos com o pensamento, e pela primeira vez na vida saí do chuveiro sem ter completado os 60 minutos de banho habituais.

Pedi comida, sentei-me em meu sofá com o livro no colo. Mergulhei na história tão ávida, que nem sentia a hora passar, e não teria escutado o interfone tocando, se o porteiro do meu prédio não fosse tão insistente. Praticamente engoli a comida para poder voltar ao livro, e só fui dormir quando o dia estava quase amanhecendo, sonhando com lobos, vampiros e bruxas de olhos violetas. Mas quando me levantei na tarde do domingo, tive que fazer a difícil escolha entre decorar as minhas falas ou ler o livro que eu tinha esperado tanto para ter. Me odiando por ser adulta e ter de trabalhar, escolhi meu roteiro, mas só me dediquei as falas do dia seguinte, porque a história de Samantha e Bárbara parecia cantar, me chamando. Peguei o celular, e antes de me afundar novamente na história delas, mandei uma mensagem para Madu.

Luana: você arruinou meu dia de decorar falas.

Maria Eduarda: ?

Maria Eduarda: você está lendo os livros ao invés de ler o roteiro?

Luana: sim, e eu genuinamente te odeio por isso.

Maria Eduarda: não estou apontando nenhuma arma para sua cabeça, estrelinha hahaha.

Maria Eduarda: em qual parte você está?

Luana: Bárbara acabou de acordar.

Luana: meu Deus eu quero esse romance logo.

Maria Eduarda: eu gosto muito dessa parte, eu amo essas duas.

Maria Eduarda: estou bem ciente do tipo de romance que você quer.

Não respondi mais as mensagens dela, afinal de contas ela estava certíssima. Eu estava ávida, criando altas expectativas, literalmente criando fanfics na minha cabeça sobre o momento em que elas ficariam juntas. Ninguém pode me julgar. Adoro um romance sapatão e toda a safadeza que vem junto, me dão ótimos momentos de entretenimento. O que me levou a pensar que eu precisava transar, nem lembrava da última vez que tinha o feito, e agora com esse lance de estar fingindo um relacionamento com Madu, conseguir uma foda aleatória seria complicado. Principalmente por eu ser uma pessoa pública. Sem querer, minha mente caminhou por uma estrada tortuosa, onde havia a possibilidade de que, se eu desse cima de Maria Eduarda, talvez eu conseguisse uma foda e tanto. Ali mesmo sozinha no sofá, balancei a cabeça freneticamente como se aquilo pudesse afastar aqueles pensamentos. O que é que eu estava pensando?

por trás das cenasOnde histórias criam vida. Descubra agora