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MADU

Me senti extremamente culpada pela situação em que deixei Luana. Tinha sim planejado ser um incômodo na vida dela, mas o fato de que eu a obriguei a voltar para casa me fez sentir mal. Ela realmente tinha ficado bastante afetada quanto à alergia, não sabia de sua rinite, caso contrário teria feito qualquer outra coisa. Sem contar que aquela era a segunda vez em que Luana parecia genuinamente ofendida com os meus comentários. Nunca em todo esse tempo que trabalhamos juntas, pude imaginar que ela era tão sensível, afinal de contas, nada do que eu disse era novidade. Era do conhecimento de toda a equipe, e de alguns fãs também, de que a estrelinha não era uma pessoa fácil de lidar.

Para mim, o dia de gravações continuou. Tivemos de alterar as cenas a serem gravadas, já que as que eu tinha com Luana teriam de ser adiadas para outros dias. Todos me dedicaram olhares de pena, porque depois de tudo aquilo, eu estava muito preocupada com ela. Não se enganem, ainda não a suporto, Mas jamais quis machucá-la de alguma forma, não de verdade pelo menos. Senti que deveria me desculpar, de verdade dessa vez, e estava decidida a fazê-lo assim que o dia de filmagens acabasse. Entre uma cena e outra, mandei mensagem a Leandra pedindo para que descobrisse algo de que Luana gostasse. o que gerou um milhão de perguntas. As vezes trabalhar com amigos geravam perguntas muito inconvenientes, mas depois de mandá-la cuidar da própria vida com muito carinho, tornei a pedir que ela encontrasse algo.

Não foi fácil para o meu orgulho ir atrás de comprar alguma coisa para alguém que eu nem tinha em alta conta, mais difícil ainda foi sair do carro depois de estacionar em frente ao seu prédio. Odiava cometer erros, porque odiava me desculpar depois, por isso eu sempre tratava bem as pessoas, sempre estava tentando ser imparcial e justa, mas ultimamente estava sendo bastante difícil. Tomando coragem, E torcendo para que Luana não me chutasse porta fora, pedi para que o porteiro me anunciasse. Para minha surpresa, ele liberou minha subida sem perguntar duas vezes. O elevador subiu tão rápido, que achei que a vida estava querendo tirar onda com a minha cara. Fiquei parada em frente à porta por uns bons 5 minutos antes de ter coragem de bater, porque eu estava me dignando aquilo mesmo? Antes de que pudesse me lembrar, a porta foi aberta, e me deparei com uma Luana com pijama tão curto que tive que me esforçar para não checar duas vezes suas pernas.

- O que você quer? - A voz dela estava anasalada, seu rosto estava mais vermelho do que o comum, e voltei a me sentir culpada, mesmo que a recepção não tivesse sido boa, Eu sabia que merecia daquela vez.

- Vim me desculpar. - Dei de ombros fingindo uma indiferença que eu certamente não sentia, levantei a sacola do McDonald's. - Trouxe seu lanche preferido.

- Isso não está envenenado, não é? - Sua careta quase me fez rir, mas me contive. Aquilo era um pedido de desculpas, para eu poder voltar a atormentá-la em paz novamente amanhã. Não queria e nem iria ficar distribuindo sorrisos para ela.

- Não. -Revirei os olhos. - Se demorar para me deixar entrar, as batatas vão ficar murchas.

Luana deu um passo para o lado, me deixando passar. Passei os olhos por seu apartamento, e não me surpreendi por ver suas paredes cheias de quadros metidos à besta, e uns vasos ornamentados que pareciam custar mais que a minha casa. Coisa mais sem graça. Parei no centro da sala, esperando por ela, que parecia ocupada demais coçando os olhos. Ela fungava bastante e por um momento achei que estivesse chorando, mas era só alergia. Olhar o rosto dela naquele estado, com o nariz perceptivelmente irritado e os olhos vermelhos, fez aumentar o meu sentimento de culpa em cem por cento. Abri a boca para me desculpar mais uma vez, mas desisti quando Luana caminhou em minha direção, pegando a sacola com os lanches da minha mão, indo em direção à outro cômodo, demorei dois segundos para acompanhá-la.

- Acho que essa é a primeira vez que eu não te odeio de verdade. - Luana comentou, ao Tirar de dentro da sacola um grand big tasty, que Leandra tinha dito que era o mais novo lanche preferido da mulher a minha frente.

por trás das cenasOnde histórias criam vida. Descubra agora