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MADU

saí atrás de Luana, recolhendo a bolsa que ela tinha esquecido em cima de sua cadeira. Estava engraçado ver o quão mal humorada e manhosa ela ficava quando com sono. Segui passo a passo do que Leandra tinha me dito para fazer. Me desculpei, conversei com ela, tratei-a bem quanto qualquer outra pessoa da equipe, e me surpreendi ao notar que ela não era tão ruim quanto eu costumava achar. Claro que continuava exigente, gostava nas coisas na mão e agia como se o mundo não fosse nada a seus pés, mas ao prestar atenção, realmente percebi que todos estavam muito habituados a ela. Então tudo ficou mais fácil. O desempenho que Luana teve no dia de hoje não foi tão bom quanto o de costume, ela estava visivelmente cansada e errava as suas falas a todo momento, o que parecia deixar o humor da estrelinha pior. Então resolvi me fazer presente no dia dela, correndo para lá e para cá entre as cenas, só para tentar dar um ânimo ou não deixar ela dormir. E não foi nem um pouco difícil fazer isso. Luana era inteligente, tinha comentários sarcásticos e gostava bastante de fazer piadas ruins. Suas opiniões eram bastante formadas sobre algumas coisas, mas sobre outras ela se recusava a ser parcial, nos momentos de conversa que tivemos pude perceber que, a parte mimada que ela tinha era algo de criação, mas que não parecia ter feito um estrago tão grande na adulta que ela era hoje.

Quando alcancei Luana, que ainda estava com um bico enorme, segurei em seu ombro a fim de guiá-la para meu carro. Ela simplesmente suspirou, e me deixou levá-la. Assim que entrou no carro, encostou a cabeça no vidro e começou a ressonar. Foi tão rápido que a princípio achei que estava fingindo. Mas quando disse a ela para pôr o cinto, e Luana nem reagiu, fiquei espantada com a capacidade de apagar tão rápido, então eu mesma tive que pôr o cinto na dondoca. Escutei resmungos e reclamações por movê-la para conseguir puxar o cinto de segurança, e mais um pouco com o quão mal humorada ela estava. Será que com fome ela também se transformava em um pinscher raivoso? Imaginar a cena me fez rir.

Aproveitei que passaria muito tempo dentro do carro, já que a casa de Luana era do outro lado da cidade, para começar a pensar em como trabalharia no atual livro que estava escrevendo. A história estava encaminhada, mas eu estava sentindo falta de um pouco de drama, e um pouco de emoção. Assim, o tempo todo em que passei dirigindo, criei vários caminhos para minhas personagens seguirem. Agora só faltava escolher um e por no papel. O tempo passava sempre muito rápido quando eu pensava nas coisas que eu tinha para escrever, e quando percebi já estava na rua do apartamento de Luana. Estiquei a mão para o braço dela e chacoalhei de leve.

- Luana. - Falei suavemente, mas a mulher nem reagiu. - Luana. - Dessa vez chacoalhei seu ombro um pouco mais forte, e ela resmungou.

- Me deixa dormir. - Foi baixinho e muito enrolado, mas como eu estava ao lado dela consegui entender. Voltei a chacoalhar seu ombro, e sem brincadeira nenhuma, Luana começou uma espécie de choro birrento, me fazendo encará-la, incrédula.

- Você só precisa subir para sua casa. - Falei rindo, mas Luana só continua onde estava, e eu tinha a leve impressão de que ela não estava me escutando de verdade.

- Não acredito que você vai me obrigar a fazer isso. - Reclamei, sabendo que estava falando sozinha. Tomando coragem, desliguei o carro e dei a volta para abrir a porta dela. Com muita falta de colaboração da parte de Luana, soltei seu cinto e com dificuldade passei um braço embaixo de suas pernas e o outro atrás de seu tronco, erguendo-a em meus braços. Eu definitivamente precisava voltar a treinar. Luana imediatamente encostou a cabeça entre meu pescoço e ombro, segurando minha blusa com a mão. Até parecia uma criança. Depois de ter certeza que não derrubaria nós duas, empurrei a porta com o quadril e parti para seu prédio.

O porteiro me deu um sorriso simpático assim que me avistou, e veio correndo em meu auxílio. Se ofereceu para carregá-la mas Luana estava tão agarrada a mim que achei que seria mais difícil do que eu mesma continuar o fazendo. Só pedi para que ele apertasse o botão do andar dela que eu faria o resto. E por mais que estivéssemos falando em voz alta, sem dar a mínima para o sono dela, Luana não pareceu se importar. Dormia tão bem que faltava babar a minha blusa toda. Quando finalmente adentrei o apartamento, passei direto para o quarto. Por mais que ela estivesse em forma, o peso já estava fazendo meus braços doerem. Coloquei-a na cama com cuidado, primeiro soltando meu braço de suas pernas, depois do tronco, estava a caminho de soltar o aperto da mão dela da minha blusa, quando Luana me puxou.

por trás das cenasOnde histórias criam vida. Descubra agora