↳ Capítulo 12 - 20 de abril de 2015

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~Passado~

Eu me afastei um pouco do Justin depois daquilo. Ok, não exatamente me afastei já que ainda dormíamos no mesmmo quarto, mas não consegui mais falar com ele do mesmo jeito que eu falei na manhã do meu aniversário. Respondia a tudo que ele falava com respostas curtas, minha expressão facial mudava quando ele aparecia e sempre ficava calado perto dele. Nossos outros amigos ou não perceberam ou simplesmente não se importavam, mas depois de duas semanas Justin começou a ficar bem incomodado. E veio falar comigo de maneira bem… direta.

— Chris, você tá com ciúmes? — Ele me perguntou no meio do refeitório enquanto estávamos indo pegar nossa comida, e eu quase deixei minha bandeja cair. Definitivamente não era uma pergunta que eu esperava, mas sabia que eu estava demonstrando bastante.

— De você? Por que eu teria? — Eu tentei disfarçar, por mais que eu soubesse que estava frustrado com aquela situação, não sabia ao certo com o que. Demorei muito pra repensar e analisar meus próprios sentimentos para tentar descobrir, mas naquele momento eu mal me dava esse trabalho.

— Ainda tô tentando descobrir também, se você pudesse me falar ia me ajudar bastante. — Ele passou na minha frente na fila e se virou para mim, andando de costas de maneira confiante. — Vamos lá, Chris, eu sei que tem alguma coisa a ver com as garotas que me chamaram na lanchonete. Mas existem duas possibilidades pra isso, e eu quero que você me fale qual é.

— Que? — As vozes dos outros estavam ficando um pouco mais altas e eu queria sair logo daquela conversa. A fila estava enorme e mal se mexia, mas não é como se Justin me desse a possibilidade de saber por quê. — Do que caralhos você tá falando?

Ele colocou a sua bandeja na bancada de comida e me puxou pelo braço, o que me fez sair da fila e deixar o meu prato do lado do dele. Dificilmente conseguiríamos pegar eles de novo, mas o que mais me preocupava era pra onde e porque eu estava sendo levado. Aquela conversa tinha me tirado um pouco a fome, então ter que entrar na fila quilométrica de novo não era, de certa maneira, o pior dos cenários.

Saímos do refeitório e Justin me levou até a sala de faxina que ele tinha a cópia da chave por algum motivo que eu nunca nem fiz questão de perguntar, mas não seria a pior das perguntas. Justin tinha uma expressão séria apesar daquela sua "áurea" sorridente, era como se sempre estivesse se divertindo um pouco com a situação mesmo que fosse a pior possível. Ele nos trancou dentro da salinha minúscula e respirou fundo.

— Okay, Chris. Desembucha.

— Desembuchar o que? Você me trouxe aqui sem mais nem menos, eu nem sei do que você tá falando.

— Olha, só tem eu e você aqui, ninguém mais vai ouvir e ninguém mais sabe. — E seus lábios formaram aquele "sorriso confidente" que eu estava começando a aprender a identificar e odiar, só a forma como a boca dele se mexia me deixava nervoso. — É pra manter entre a gente, sabe?

— Não vem com esse papo, só fala logo o que você quer.

— Okay, okay. — Ele ergueu as mãos fazendo um gesto defensivo e eu cruzei os braços. — Sabe, Chris… Você ficou estranho depois do que aconteceu naquele dia na lanchonete da cidade. Os outros garotos nem perceberam ou se importam, mas… Isso me dá nos nervos, Chris. Você está totalmente diferente comigo, e eu nem fiz nada pra isso…

— Bem, se você acha que não fez nada, por que veio falar comigo em particular?

— Chris, para de falar assim. Até parece que é uma dr, eu só quero entender você. Só fala logo, é ciúmes? Eu posso resolver isso, conheço várias garotas daqui muito mais bonitas que aquelas vagabundas da cidade-

— Por que caralhos você acha que eu tô com ciúmes de você?! — Eu aumentei o tom de voz, estava perdendo a paciência com ele e não estava mais aguentando aquilo.

— Porque você tá! Se não é de mim, então-!

Ele parou de parar por um tempo. Era como se engrenagens na sua cabeça que só ele entendesse finalmente estivessem girando e chegando em uma conclusão que, pra ele, era bem plausível, e ele suprimiu um sorriso. Justin voltou a se divertir "secretamente" com a situação, nunca soube exatamente como explicar isso mas era bem óbvio, eu conseguia ver nos seus olhos que ele achava aquilo muito engraçado, um olhar louco que me dava vontade de nunca ter percebido aquilo.

— Então?

— Você quer… que eu te beije, não quer? — Ele parecia hesitante, mas ao mesmo tempo certo daquilo, como se desse um tiro no escuro em um quarto que ele decorou a estrutura de cor.

— Não seja estúpido, eu não beijo garotos, e você não é a excessão.

— Vamos lá, Chris, você pode só pedir, eu sei que você quer isso. Vai ser o seu primeiro beijo, não é? É por isso que você tá nervosinho? — Ele começou a debochar da minha cara, e até hoje tenho raiva quando lembro o jeito que ele falava.

— Será que dá pra parar com essa merda de brincadeira sem graça?!

Eu tentei pegar a chave da mão dele, mas ele ergueu a mão. Fui me aproximando e ele se afastando de mim, até que eu o encurralei contra a estante de produtos de limpeza. Eu era um pouco mais baixo que ele, então só precisei me esticar mais que alcancei as chaves da porta. No momento em que segurei o que queria, Justin me olhou com um sorriso no rosto, puxou minha cintura pra mais perto e me beijou como se fosse a coisa mais casual que já tivéssemos feito.

Senti como se o mundo tivesse desacelerado só pra que eu pudesse sentir ainda mais daquele momento na pele. O aperto do garoto na minha cintura, os nossos lábios sendo esmagados um contra o outro, o calor que eu sentia no meu rosto e no corpo, os nossos olhos abertos como se desafiassem um ao outro a ver quem admitiria que estava gostando do beijo mais rápido. Mas eu não consegui aguentar por muito tempo, peguei logo as chaves e dei um pisão no pé dele.

— Caralho, Chris-

O cacete! — Interrompi sua reclamação. Realmente era o meu primeiro beijo, e só o jeito que essa experiência aconteceu me deixava furioso. — Eu falei que não tava com ciúmes de você nem de ninguém, mas você teve que inventar essa merda só pra poder se sentir melhor consigo mesmo, já que é incapaz conversar comigo que nem uma pessoa normal! Mas pelo menos, agora eu tenho um bom motivo pra te ignorar.

Eu destranquei a porta com as minhas mãos trêmulas e joguei a chave nele, que agarrou mas também puxou minha mão e eu acabei olhando pra trás por impulso. Justin colou nossos lábios de novo, me empurrando contra a porta, mas eu consegui o afastar e dei o tapa mais forte que consegui no rosto dele. Lembro que meus olhos estavam lacrimejando e que eu estava esfregando meu antebraço na boca.

— Na próxima vez… — Ele massageou levemente sua bochecha vermelha. — Eu só vou te beijar se você implorar.

— Você é doente, seu idiota do caralho!

E saí dali o mais rápido que eu conseguia.

mais saudável que esse capítulo só salada de urânio😜😜😜

ta parecendo yaoi fetichista, mas eu juro que vai fluir

❦ᴍᴇᴀɴ ᴀɴɢᴇʟꜱ❦ [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora