Dolly Suite, Op. 56: I Berceuse

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                Narrador Onisciente

Foi quase depois de duas semanas que em fim Scaramouche havia acordado. De um lado Buer e Tighnari o enchiam de mimos e queriam saber se o ômega estava bem a todo instante e de outra estava Ei, o encarando completamente quieta e perdida em seus pensamentos, na briga pela guarda do garoto ela havia perdido mesmo sendo a ômega da relação, e agora seu filho já era um adulto e certamente não iria querer deixar a casa da alfa sob hipótese alguma — Scaramouche — A ômega chamou a atenção dos três. Buer não escondeu sua irritação enquanto o fenecos apenas ficava apreensivo — Quero que venha morar comigo.

— Ele não vai — Buer determinou indo buscar a comida deixada pela enfermeira deixando sob as pernas de seu filho.

— Não é você quem pode determinar isso Buer.

— Sou eu sim. Por que se não fosse graças a você nosso filho não estaria nessa situação.

— Mãe... — Scaramouche murmurou segurando a mão da alfa — Não se preocupe, não vou ir morar com ela, vou ficar com você.

Ei suspirou dando-se por vencida, já havia perdido para Buer a muitos anos e sabia muito bem que Scaramouche já na fase adulta não iria gostar de ser tratado como uma criancinha indefesa — É o que realmente deseja? — Ela ainda perguntou olhando para seu filho, Tighnari havia percebido que em nenhum momento Scaramouche olhava ou falava diretamente com ela, o que deixava muito claro para si que a relação dos dois não era das melhores.

— Posso ficar a sós com o Tighnari?

As duas assentiram saindo logo em seguida, deixando o feneco bastante apreensivo antes de sentar encarando seu amigo — Moche...

— Não. Me deixe falar primeiro, eu não queria chamar atenção. Já sabia que o Cyno tinha proibido você de ir me ver então... Eu só... Já estava certo que ia fazer aquilo.

— Mas... Moche. Por que você faria isso?

— Estou cansado, Tighnari. Cansado de verdade, de fazer tudo isso... De tentar ser um bom filho quando não sou, de tentar ser um bom irmão ou um bom aluno na universidade, cansei de tentar ser um bom amigo... Eu só cansei de tudo a muito tempo — Scaramouche suspirou deixando a comida de lado, não sentia fome alguma — A uns anos... Eu estava com minha mãe ômega passando as férias com ela e durante uma festa da empresa da Miko, minha madrasta, eu fui estuprado. A minha mãe abafou tudo, não denunciou o agressor por que ele era um grande investidor e nunca deixou a Miko saber disso. Me fez ficar calado e quando descobrimos que eu estava grávido, com apenas treze anos ela me levou até outro estado para abortar. Eu não queria o filhote, só não sabia o que estava acontecendo, eu não sabia o que tinha acontecido, eu não sabia que estava sendo assendiado novamente pelo médico que me me atendeu e novamente ela abafou e não me deixou falar para ninguém. Eu não podia falar nada... Eu odeio minha mãe, mas preciso fingir que não por causa da Miko.

— Moche...

— Não precisa falar nada Nari. Você e o Kazuha fizeram o que acharam certo e eu... Eu só quero morrer...

Scaramouche desatou a chorar como nunca havia feito antes, sendo amparado por Tighnari — Eu tô aqui pra você Moche... Nossa amizade foi tão improvável e eu não consigo imaginar como é viver sem você.

***

— Certo, certo — Gorou murmurou olhando uma última vez para a decoração feita no jardim de sua casa, já faziam dois meses desde o último incidente com Scaramouche e lá estava o ômega de cabelos azulados criticando cada minima coisinha que Gorou fazia para Tighnari.

— Eu já disse que ele não vai gostar. Você quem está insistindo nisso...

— Deixa de ser tão negativo. Você disse que já falou com o vendedor da casa e ele ia facilitar a venda para o Cyno, deu certo? — Scaramouche assentou com um sorriso malicioso, Gorou sempre batalhava para enteder o que se passava na cabeça daquele maníaco mas era impossível.

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