Assim que fiquei sozinha no cômodo, comecei a chorar desesperadamente. Parece que tudo o que eu fazia para fugir dos problemas, só desencadeava mais situações ruins. Achei que esse passeio resultaria em algo bom, mas estava sendo o contrário. Agora eu me encontro perdida em todos os sentidos da palavra. Aquela mulher já não me prendia mais aqui dentro, mas como eu poderia me virar sozinha na floresta?
Cheguei até mesmo a levantar do chão e seguir até a saída, porém, a escuridão tratava de preencher todo o ambiente. Voltei a fechar a porta daquela cabana e tomei a liberdade de me deitar no sofá, sem dar importância a punição que provavelmente eu teria pela manhã.
Com o cansaço me rodeando, não demorou até que eu pegasse no sono.
[...]
Dia seguinte.
— Mas é folgada!
Seu tom de insatisfação foi capaz de me despertar. Abri os olhos e me deparei com a dona da cabana me observando.
— Eu avisei que não iria embora.
— É, você é bem persistente. — Apoiou as mãos na cintura. — Mas então levanta, eu vou te levar até os seus amigos.
— Jura?! — Levantei em um pulo, me desequilibrando com a dor forte que senti no meu pé. Assim que me dei por mim, estava me segurando na mulher da cabana. — Me desculpa. — Pedi em um tom quase inaudível, olhando para a sua expressão de surpresa. Me afastei aos poucos voltando a sentar no sofá.
Ela se agachou na minha frente.
— Apoia seu pé aqui no meu colo. — Assenti fazendo conforme o seu pedido.
Reclamei apenas com um toque de suas mãos.
— Isso não para de doer.
— Imagino, seu pé está muito inchado.
— E agora? Eu preciso ir embora daqui! — Senti meus olhos marejarem. — Meus amigos vão embora...
— Se eles são seus amigos mesmo, então farão qualquer coisa para te encontrar. — Me olhou com pesar. — Não precisa chorar, mocinha. — Segurou meu rosto entre as mãos por alguns segundos. Estreitei os olhos com aquele ato. — Espera um pouco, eu já volto!
— Onde você vai?! — Questionei ao vê-la se afastando. A mulher saiu da cabana sem olhar para trás. — Que merda! — Espalmei as mãos no sofá.
Parece que eu não posso contar com ninguém pra absolutamente nada! Não restava outra alternativa há não ser me virar sozinha. Aproveitando que amanheceu, meus amigos já devem estar pela floresta me procurando, seria só uma questão de tempo para me encontrarem. Tentava pensar positivo.
Levantei do sofá e fui andando de um pé só, me apoiando nas paredes ou qualquer outra coisa.
Já do lado de fora encontrei uma árvore com um galho grande e quase solto, arranquei com certa dificuldade, felizmente isso serviu como uma muleta.
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Cabana
RomanceMelinda Kingston é uma universitária com um sonho "quase" falido de ser escritora. Com as aulas se encerrando, seus livros sendo rejeitados por todas as editoras e sem nenhuma outra perspectiva para o que vem depois, a garota resolve tirar uma seman...