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Pov Marília

"- Vingança não vale nada se a gente morre... - ela disse encarando meus olhos..."

Eu tinha enterrado minha mãe a 5 anos atrás e a 1 mês eu enterrei meu irmão e como clichê deixei uma parte minha naquele caixão, uma parte que eu pouco conhecia, uma parte que eu nunca verei de novo.

É difícil não odiar pessoas, coisas, instituições, quando quebram seu espírito e têm prazer em te ver sangrar, ódio é o único sentimento que faz sentido. Mas eu sei o que o ódio faz com uma pessoa ele o despedaça, o afasta, o transforma em algo que não é, algo que prometeu a si mesmo que nunca seria.

Me olhei no espelho não reconhecendo minha própria imagem, eu tinha mudado de muitas formas, não fisicamente mas por dentro, tudo que eu conseguia pensar era no meu treinamento e em me enfiar em um avião e ir para o Iraque, antes eu nem me imaginava nisso, agora é só no que eu penso.

Vesti meu uniforme me preparando para o treinamento que começava daqui a 2 horas mas agora eu levantava antes do sol nascer, sai do banheiro vendo a maraisa ainda dormindo na cama, eu tinha passado mais uma noite no quarto dela aqui na base de Santa Monica, faltava apenas mais dois meses para me formar depois que mudou o tempo de treinamento.

Nesses últimos dias a maraisa era a única coisa que me fazia pensar mesmo que fosse por algumas horas em outra coisa que não fosse ir para o Iraque ela era minha única salvação no meio de todo ódio que eu sentia dentro de mim e que eu queria explanar para o mundo me vingando da morte do meu irmão.

Me aproximei da cama beijando seu rosto de leve pra não acorda-la, maraisa as vezes tinha pesadelos com as mortes dos seus amigos, antes era quase sempre que dormíamos juntas mas de um tempo para cá vi que ela estava melhor, sonhava menos e isso era bom, era sinal que ela estava se curando de algum modo.

Sai do seu quarto indo para fora onde eu podia correr, eu gostava de fazer isso antes dos treinamentos para o meu novo robe, agora estávamos com tempo mais livre na base fora os treinos então isso me ajudava a pensar, estávamos no inverno e hoje especialmente estava extremamente frio mas correr me ajudava a esquentar, comecei a correr em uma das quadras que tinha na base onde eu estava correndo a mais de 2 semanas, ainda estava escuro, vi alguns soldados fazendo a ronda que eles sempre faziam e eles me cumprimentavam, eles já tinham se acostumado comigo correndo ali também.

Parecia coisa da minha cabeça mas de longe eu vi a Dinah saindo do prédio onde a maraisa estava, eu fiquei confusa com aquilo eu precisava saber o que ela estava escondendo de mim, parei de correr e comecei a seguir a Dinah que estava indo para o nosso prédio, no corredor dos dormitórios que agora era separado cada um tinha seu quarto ela virou para trás e colocou a mão no peito.

- Nossa você parece um fantasma, nem te ouvi andar - ela disse e eu estreitei os olhos.

- Sou boa nisso e eu tenho perguntas - falei pra ela que revirou os olhos.

- O que você quer? - perguntou e eu acabei sorrindo.

- O que fazia no prédio dos oficiais? - perguntei pra ela e foi a vez dela de sorrir para mim.

- A mesma coisa que você faz lá quase todas as noites - ela disse me acusando, estreitei os olhos.

- Como assim? - perguntei baixo.

Dinah olhou para os lados antes de segurar minha mão e me puxar para dentro do seu quarto, ela fechou a porta e abriu um largo sorriso.

- Não vamos fingir que você não sabe do que eu estou falando e eu vou fazer a mesma coisa tá - ela disse mordi meus lábios.

- Eu... não sei...

- Sabe Marília, sabe a muito tempo mas eu nunca quis invadir seu espaço - ela disse me interrompendo - Acha que eu sou cega ou o que? Pensa que eu não te via saindo de madrugada, você é silenciosa de fato mas eu vou ao banheiro de madrugada e eu também dou algumas saídas - ela disse.

batalhão 27 /Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora