Capítulo 9 A Vingança do Veado

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Nirvana.

O que é Nirvana?

Seria a libertação do Samsara? Seria um lugar, um plano dimensional além de tudo que conhecemos, onde a paz zen é eterna e imperturbável? Ou seria apenas um estado de espírito vindo após o estado meditativo mais profundo?

Fosse o que fosse.

Mas para Gouhin Nirvana define-se como tempo. E o tempo é... hora do almoço!

Depois de passar metade do dia no seu consultório recebendo uma horda de pacientes malucos, complexados, alucinados, paranoicos, com TOCs esquisitos, fobias extraordinárias e sabe-se lá o quê mais, Gouhin finalmente tem todo o prazer e a graça de almoçar em paz total. Ele nunca ligou de sair pra comer em algum lugar. Ele gosta quando seu consultório de terapia fica vazio e silencioso, e ele pode desfrutar de um bom chá de bambu e o bentou que preparou hoje de manhã.

Sentado em sua grande escrivaninha em forma de magatama preto, Gouhin admirou por mais alguns momentos o belo céu azul de primavera que tem nas grandes janelas de sua sala antes de virar-se na sua cadeira giratória, colocar o copo de chá na escrivaninha e abrir seu bentou.

Para o almoço de hoje, comida de panda! Que não parece tão diferente do termo “comida de coelho”. Nasu dengaku acompanhado de brócolis, cenoura e broto de bambu assados e deliciosas almôndegas veganas de toufu ao molho curry com coentro e cebolinha. E como é primavera, Gouhin estava com uma pá de docinhos com tema das flores de cerejeira estrategicamente metidos numa gaveta de sua escrivaninha, o que costumava ser o lugar de sua perdição quando não está malhando pesado.

Tão sereno e tranquilo, Gouhin pega seus hashi, murmura um “itadakimasu”, e pega o primeiro pedaço de nasu dengaku deliciosa pra meter tudinho na boca.

A porta da sala quase explode com tudo e Legoshi invade o território todo sorridente e desenfreado.

-Gouhinsan!-Legoshi grita todo eufórico e sorridente.

Resultado: Gouhin se engasga com a berinjela e começa a passa mal em cima da escrivaninha.

-Aconteceu com uma coisa fantástica comigo!-Legoshi chega todo sorridente e abanando o rabinho pra cima da escrivaninha.

-Comigo também!-Gouhin consegue dizer, todo ofegante e vermelho, ao conseguir cuspir no guardanapo o pedaço de berinjela.-Toda a minha vida passou diante dos meus olhos agora.

-Eu comi o Jack ontem!-Legoshi exclama num sorrisinho todo fofo e feliz, e a cauda inquieta de animação.

E pra quê?

Gouhin melhora instantaneamente, esquece que viu sua vida toda diante dos olhos e abre um sorriso todo safado ao enrolar seu guardanapo na mão.

-Ahh, é...?-diz ele com um sorriso que deixaria qualquer um vermelho.-E como é que foi?

-Foi ótimo!-Legoshi ri e desaba sentado na cadeira à frente de Gouhin.-Ontem logo que cheguei no dormitório, o Jack apareceu naquele roupãozinho lindo e sexy que sempre me deixou louco toda vez que ele saía do banho vestido nele. Ele se sentou do meu lado, começou a me alisar, começou a relembrar os tempos de infância em que dormíamos de conchinha na casa um do outro e tomávamos banho juntos.

-Hmmm, que safadeza...-Gouhin ri, mais tranquilo ao finalmente começar a comer seu bentou.

-Daí ele me perguntou se eu não queria brincar com ele.-Legoshi sorri como um completo Lobo Mau insanamente pervertido e deleitoso.-Eu disse que não ia conseguir foder o meu melhor amigo de infância, mas então o Jack me ajudou nisso quando tirou o roupãozinho lindo dele e ficou peladinho na minha frente. E puta que pariu!

Os Quietinhos São Os Mais Terríveis...Onde histórias criam vida. Descubra agora