Capítulo 2 Caçada ao Lobo Mau

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Depois de levantar e carregar sacos de fertilizante pra cima e pra baixo, Pina estava de saco cheio de levantar e carregar peso. Pelo menos, para a felicidade das garotas do clube de jardinagem, elas puderam ver o garotão ovelha dilatando as veias dos braços musculosos toda vez que erguia tudo aquilo no alto do ombro e caminhava como se nada fosse.

Uma bela visão.

Já em outro prédio do campus, Pina caminhava aquela maratona que já equivalia todo o treino físico que ele fez hoje na academia. Ele rumava para o clube de teatro agora, que era o último lugar, onde ele gostaria de pisar hoje por causa de um certo cervo vermelho chamado Louis. Acontece que no ano passado Louis era considerado e até meio que entronado como o garoto mais lindo da escola inteira e todo mundo babava por ele. Garotas e até alguns garotos...

Porém, quando Pina se matriculou na Escola Cherryton e foi apresentado à todos justamente no clube de teatro, onde é território de Louis, decididamente garotas e garotos sem exceção nenhuma começaram a babar e quase que entrar no cio por ele. Ninguém tinha visto coisa mais linda do que aquela. Os grandes chifres sinuosos em cor de ouro, os lindos, doces e inocentes olhos azulões graciosa e charmosamente ornados pelos cílios loiros claros e pela franja branca ondulada, o corpo twunk de garoto atlético incrivelmente vaidoso que não sai da academia.

Fatores perfeitos para acender a maior caldeira na escola inteira.

É claro que no dia em que isso aconteceu, Louis e Pina vêm travando uma guerra silenciosa e indireta desde então. Por um lado, Louis é sempre muito educado e elegante, e não entraria em brigas por motivo tão besta e fútil quanto ter sido destronado do seu posto de garoto mais lindo da escola. Por outro lado, Pina pouco se fodia pra isso, rachava de rir dos olhares críticos de Louis e teria sempre uma resposta perfeita pra qualquer indireta.

Todo mundo contava nos dedos o tempo que faltava até Pina e Louis travarem uma verdadeira guerra de machos-alfas no meio do pátio principal com direito a meter os chifres uns nos outros, mas para a felicidade e reputação desta escola de elite isso jamais aconteceu.

Ainda assim, mesmo Pina sendo muito debochado e provocante, ele não ia com a cara de Louis de jeito maneira. Porque Louis apostava em modéstia pra não dizer explicitamente que é perfeito e modéstia para Pina é o mesmo que falsidade, pois no caso dele o garoto não tinha vergonha nenhuma na cara de dizer que é, que sabe, que tem toda a consciência de que é perfeito pra cacete.

E isso meio que era um ponto a mais pra ele contra Louis porque todo mundo achava engraçado e se divertia com essa sua descarada autoadmiração.

O longo corredor até o clube de teatro parecia se estender a cada passo de Pina. Até agora com a bolsa de malhação no ombro, ele arrastava o pacote de Legoshi pela parede, o pacote já ficando todo amassado de tanto segurar na mão. A mente de Pina divagava em mil pensamentos agora. As andanças atrás de Legoshi estavam sendo tantas que ele não sabia se sentia ódio, se sentia tédio, se sentia cansaço.

Era irritante não saber nem o que sentir.

-Just dance... it’s gonna be okay... da-da-doot-n... Just dance.-Pina cantarolava distraidamente, os olhos azuis perdidos nas profundezas do corredor ensolarado sem fim.-Spin that record babe... da-da-doot-n... Just dance, it’s gonna be okay... duh-duh-duh... dance, dance, dance... just jus-jus-just dance...

Por pouco ele quase passa das portas de entrada do clube de teatro. Pina para e espia lá dentro. Lá, Louis estava de pé no centro do seu Universo como de praxe. Como são férias de primavera, ele não usava aquele seu uniforme extremamente caro e elegante que fazia o focinho dele ficar ainda mais lá no topo. Era apenas um colete de moletom verde escuro que deixava a mostra os braços musculosos avermelhados, calça de lycra preta com faixas vermelhas abaixo e coturnos marrons.

Os Quietinhos São Os Mais Terríveis...Onde histórias criam vida. Descubra agora