Depois da faculdade eu não voltei para casa. Fui direto para o cemitério, acompanhado do meu melhor amigo.
Antes de irmos, eu passei em uma floricultura e comprei rosas brancas.
As preferidas do papai.
Taehyung e eu então fomos até o cemitério, e passamos pelo portão que sempre ficava aberto.
Caminhamos por alguns corredores até chegar ao túmulo do meu pai.
Me ajoelhei e coloquei as rosas em cima de sua lápide. Madre me contou que rosas brancas eram suas favoritas. Eu fiquei muito feliz, porque são as que eu mais gosto também.
Eu nunca venho o visitar na semana de sua morte, sempre espero chegar a outra semana.
Eu não conseguiria, seria demais para mim.
ㅡ Oi pai, eu trouxe o Tae comigo hoje ㅡ Falei, observando Taehyung se ajoelhar ao meu lado.
ㅡ Olá senhor Hyu ㅡ Tae juntou as mãos e se curvou.
ㅡ Não precisa ser formal, é meu pai ㅡ Eu ri pela sua formalidade raramente usada.
ㅡ Tenho que causar uma boa impressão, o que ele pensaria do amigo do filho dele? ㅡ Me olhou incrédulo.
Sorri e neguei com a cabeça.
Encarei o túmulo a minha frente e suspirei.
Eu fico imaginando se tudo fosse diferente, se meu pai não tivesse morrido no parto.
Eu teria crescido com uma família? O meu outro pai, Seojun, não teria me abandonado e hoje seríamos uma família feliz?
Quando meu pai entrou em trabalho de parto, ele estava no convento. Madre conta que Seojun estava no trabalho e não tinham um carro para levar meu pai para o hospital. Na época não tinha casas ali, então não tinhamos vizinhos. Madre diz que estavam todos desesperados por não saberem o que fazer. Haviam pedido uma ambulância e nada dela chegar.
Pelo convento ser afastado do centro, iria demorar. Madre sabia que teriam que fazer o parto do meu pai.
Se esperassem muito tempo eu morreria sufocado.
Meu pai teve que dar a luz ali mesmo, sem médicos, parteiras, ou um guia. A moda antiga.
Eu nem consigo imaginar o quanto ele sofreu sem nenhum tipo de anestesia.
Eu soube que para um homem ômega o parto é bem mais complicado e difícil.
Na época em que eu nasci era comum ômegas morrerem no parto, hoje até que não, mas ainda sim acontece de vez em quando.
Madre diz que meu pai falava que iria morrer, pedia que me tirassem dele logo porque ele não iria aguentar.
Meu pai devia estar tão assustado... ele lutou até não aguentar mais para que eu não morresse. E eu não pude retribuir nem metade do seu amor.
ㅡ Meu pai não voltou ㅡ O contei ㅡ Lembro que dá última vez eu tinha dito que tinha esperanças do pai voltar. É, ele não voltou. Madre disso que ele voltaria, mas ele nunca voltou. E eu nem quero que volte, eu não sei se poderia olhar em seus olhos sem sentir raiva ㅡ Respirei fundo ㅡ E eu não quero sentir raiva do meu pai, porque Deus não se agrada disso. Não quero manter ódio no meu coração, porque não é certo. Temos que aprender a perdoar, mas eu não consigo pai... ㅡ Fechei os olhos sentindo as primeiras lágrimas escorrerem pelo meu rosto ㅡ Quando penso em Seojun, tudo que eu consigo pensar é: por que? Eu só queria olhar em seus olhos e perguntar por que? Por que me abandonou? Só queria que ele dissesse qualquer coisa, ou até mesmo inventasse uma desculpa. Eu só precisava que ele dissesse que se arrepende ㅡ Coloquei a mão em meus olhos, deixando o primeiro soluço sair ㅡ Me sinto sozinho, pai. Eu tenho me sentido sozinho por todos esses anos. É um vazio que nunca é preenchido. Eu preciso tanto de você...
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Em suas mãos
FanfictionPark Jimin vive em um convento desde que se entende por gente. Cresceu e viveu toda sua vida junto com as freiras, que o criaram e o educaram com todo o amor e carinho. Jimin era muito feliz com a vida que tinha. Uma vida simples, mas que para ele j...