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Era seis e meia da manhã e eu estava parado em frente ao espelho do banheiro pensando se deveria realmente encontrar Harry ou não.

Terminei de ajeitar os cabelos e agora observava meu rosto pelo reflexo. Os olhos fundos, as bochechas magras e sem vida, além dos lábios finos e menos rosados que o normal.

Droga, como isso me incomoda.

Na noite passada eu enviei para Harry o endereço que poderíamos nos encontrar. Apenas isso e nada mais.

"Oi, é o Louis. Podemos nos encontrar na pequena cafeteria que tem três quarteirões antes do colégio."

E ele me respondeu com:

"Eu sei que é você"
"Ah, e foi uma ótima escolha, Louis. Nos vemos amanhã"
"Boa noite.
H"

Agora eu me perguntava se realmente valia a pena fazer isso e o que passou pela minha cabeça para aceitar escutar seja lá o que ele tivesse para me dizer.

Na verdade, eu temia por Harry. Ele não sabia com quem estava se metendo. Jake era maluco, louco, completamente pirado. Ele seria capaz de qualquer coisa para ter tudo do jeito dele, como Jones sempre quis. Tenho certeza que se Styles descobrisse a pessoa que Jake é de verdade, fugiria.

Então, me mostrar relutante era a única maneira de manter-lo longe de todo esse caos.

Ajeitei meu suéter e respirei mais algumas vezes, tomando coragem para sair do banheiro, praticamente arrastado.

Meu telefone vibrou em cima da cama, indicando que havia recebido alguma mensagem.

Ignorei.

Troquei alguns cadernos, deixando uma boa parte em casa para conseguir estudar durante a semana e apenas os da aula de hoje retornariam para a escola comigo.

Vibrou mais uma vez.

Peguei uma embalagem de bala, aberta até a metade, jogando-a na parte da frente da bolsa. Um casaco reserva, fones de ouvido e m-

O toque do celular, agora mostrando que estavam me ligando, ecoou pelo quarto, fazendo-me dar um pulinho assustado. Me sentia distraído demais e quando a música repetitiva começou a batucar na minha mente, puxando-me para a realidade novamente, eu notei que já havia perdido uma ligação anterior à esta de agora.

Corri até a cama e senti meu dia piorar um pouco mais ao ver que o número de Jones estava no ecrã. Respirei fundo umas cinco vezes antes de deslizar o dedo para o lado e atender sua ligação.

— Alô. – Minha voz saiu quase inaudível.

Louis, vou passar na sua casa para busca-lo em cinco minutos, mais ou menos. – A voz de Jake fez meu corpo tremer. — Apronte-se.

Como?

— O que? – Arregalei os olhos, assustado. Imediatamente coloquei meu cérebro para pensar uma daquelas boas desculpas de sempre, mas esse
horário da manhã eu era uma completa tragédia. — Não precisa. — Passei as mãos pelo os cabelos umas três vezes e mordisquei meus lábios a cada palavra que saia da minha boca.

Eu quero buscar você. – Ele ficou alguns minutos em silêncio. — As pessoas precisam saber que estamos bem. – Sua voz parecia um pouco distante, provavelmente devia estar dirigindo. — Esteja pronto.

— Jake e-

Ele desligou.

Eu vou cometer um crime de ódio.

Sete horas da manhã e o dia já começa errado.

Não. Não. Não.

Joguei o telefone com raiva na cama ainda desarrumada. Que merda! Quando vai chegar o momento em que Deus vai sentir pena de mim e me livrar milagrosamente dessa situação?

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