DOIS

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31 de Dezembro de 2023
Daegu, Coreia do Sul

31 de Dezembro de 2023Daegu, Coreia do Sul

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—Ela é estranha, não queremos ela lá. —Mooni disse olhando para S/N Cipriano que comia seu almoço sozinha perto da janela e longe deles.

—Você não tá falando isso pelo fato dela ser estrangeira né? — Kai perguntou comendo seu próprio macarrão.

— E se for por isso também? Qual o problema? Mas... Eu fiquei sabendo de umas coisas, fiquei sabendo que ela é louca. Que tem alguns probleminhas na cabeça. — Mooni falou baixinho para Kai.

— É só dizer que não gosta dela Mooni, não precisa exagerar ou inventar histórias.

— Eu não estou inventando. Ela é bizarra, quando a Joa disse eu não acreditei mas, olha... — Mooni pegou o celular e começou a procurar por algo. — Até saiu no jornal. —Ela mostrou a tela para Kai, com o enunciado de uma antiga notícia.

    O rapaz pega o celular e olha bem a notícia.

—Ela queimou o próprio quarto da república na época da faculdade. Queimou de propósito. Dizem que estava tentando se matar....

Kai tirou os olhos do celular e encarou Mooni.

— Isso não diz respeito a gente, Mooni. —Ele falou sério.

—Diz respeito quando todo mundo quer parecer bonzinho e convidar essa esquisita pra festa. —Ela falou decidida. —Olha pra ela, vai me dizer que ela não parece bizarra?

    Os dois a olharam de longe.

     Esse era um pedido pequeno do iceberg que era a vida de S/N Cipriano. 

A garota estranha, bizarra, esquisita e louca.

     Nunca normal, nunca boa.
     Desde muito cedo, sua família identificou que havia algo fora do lugar.
     E quando os medicos disseram que era na cabeça dela, foi tratada por psiquiatras e psicólogos para tentar se normalizar.

     Esquizofrênica? Depressiva? Transtornada? Traumática? Fleumática?
    
    Ah, ele já teve todos esses nomes.
E alguns outros que ela preferiu esquecer.

    E você pode se perguntar, como que começou?
    E a resposta pode ser sanada de maneira bem direta.
     S/N Cipriano, quando tinha 6 anos, alegou ver uma sombra, um aspectro, vulto ou fantasma, se preferir.

     Ela alegou que conseguir ver e que sentia que era observada por seja lá o que seria. E isso poderia ser ser facilmente explicado como fruto da imaginação de uma criança, um medo bobo de dormir, ou a criação de um ser/amigo imaginário. Contudo,  essas explicações não podem ser dadas quando anos se passam e persiste a mesma afirmativa.
    E isso resultou em uma vida terrivelmente problemática. Durante a adolescência, problemas e mais problemas, visitas constantes à psiquiatras, remédios e internações de verão.
     Não havia sido fácil. Porém após seu aniversário de 18 anos decidiu parar de demostrar perturbação a aquilo, principalmente porque não queria mais ser a estranha ou a "doente", a garota que vê coisas...
    Continuava sentindo aquela presença estranha próximo a ela, sentia olhos sobre si, por muitas vezes ouvia passos, e via a silhueta alta e masculina no canto do seu quarto.
    Mas decidiu esconder isso de seus pais, e de todos que conhecia. Para tentar enfim viver uma vida normal, ser uma pessoa normal.
    E ao longo de dois anos após sair da casa de seus pais, conseguiu viver minimamente. Com a ajuda dos inúmeros remédios que tomava para não ver suas ilusões ou alucinações, como sua psiquiátrica chamava, principalmente durante a noite.

O Gosto Da Escuridão (Kim Taehyung)Onde histórias criam vida. Descubra agora