OITO: A primeira onda

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Agosto de 1876
Winchester, Inglaterra

A mansão Hampshire estava silenciosa e a noite alta, contudo Srt. Greenwich sabia que as meninas não estavam dormindo, e isso estava acontecendo com frequência.
Porém quando ela entrou no quarto das moças segurando o candeeiro, elas travessamente se esconderam em suas cobertas.

- Eu vi vocês! Não precisam mas fingir, hum. - A Srt. Greenwich as olhou estreitando os olhos.

Ambas mostraram os olhos por sobre as cobertas.

- Estávamos esperando a sua história. - Elisa a de cabelos loiros e longos disse esperançosa.

- Quem lhes disse que contarei alguma história hoje? - Srt. Greenwich rebateu.

- Ah! Por favor... Só uma... - Mary, pediu com olhos lambidos. Ela tinha cabelos escuros presos em longas tranças e olhos azuis como o céu. - Elisa está com aquelas dores no pé da barriga novamente, Lua. Se contar-nos uma história podemos dormir mais rápido.

Lua Greenwich era apenas uma serviçal na mansão Hampshire. E com o tempo por saber latin e grego e outras 7 línguas virou tutora das meninas. Era um trabalho mais digno que limpar o chão de mármore todos os dias de sua vida e esfregar a prataria até os dedos esfolarem.
Ela não tinha muita escolha, seus pais morreram com a peste quando ainda era uma criança. E então fora morar no convento desde então mas, quando ficou de maior, as freiras tiveram que a deixar ir. Elas foram boas para ela de qualquer forma, como verdadeiras mães e conseguiram um emprego para ela na mansão Hampshire.
Aquilo era um pouco diferente do que costumava fazer no evento, ao longo da infância aprendeu sozinha várias línguas apenas lendo os livros religiosos da biblioteca do mosteiro, mas era melhor que ser uma mulher desamparada nas ruas de Londres. Apenas Deus sabe o que poderia acontecer com ela.
Quando se foi do convento, se perguntou por que não poderia tentar seguir o voto e se tornar uma freira. Não porque possuía vocação mas, porque assim, pelo menos teria um teto sobre sua cabeça, comida para seu corpo e vestimentas para se cobrir dignamente. Porém, como ouviu da boca da Madre Superiora.

- Há uma sombra que te persegue, Lua Greenwich. A igreja não é o seu lugar, eu sinto muito, filha.

Aquilo foi duro de escutar mas, pelo menos tinha um lugar para ir e um trabalho que a manteria viva. Não era uma moça de posses, não possuía família, sua força de trabalho era tudo que tinha. E com o passar dos anos, acabou se apegando a Elisa e Mary. Elas eram uma amizade, um pouco de afeto em sua dura vida.
Por que apesar de tudo Lua Greenwich era apenas uma jovem mulher de 26 anos. Que amava conversar e escutar histórias, assim como as contar. E se perguntarem como ela sabe de tantas, bem... Sempre fugia do convento quando mas nova e visitava as escondidas os teatros e as feiras, as vezes até roubava um ou dois livretos e os escondia em sua longa e volumosa saia. As histórias e lendas que ouvia das mais velhas, eram uma fuga de sua realidade. Um escape. Uma fantasia.

Srt.Greenwich se aproximou de Elisa e pôs a mão suavemente em sua barriga.

- Está sangrando? - Ela perguntou afetuosamente.

- Não... Ainda não... - Elisa a respondeu.

- Ok. Irei buscar umas ervas e lhe farei uma infusão, assim dormirá melhor. - Srt. Greenwich falou e se virou.

Entretando Mary a impediu puxando o tecido de sua saia.

- Nós conte a história primeiro. Por favor, depois você faz aquele chá ruim pra Elisa.

Elisa riu com a fala da irmã.

- Nós estávamos ansiosas e eu, consigo aguentar. Já sou uma mulher crescida. - Elisa comentou.

O Gosto Da Escuridão (Kim Taehyung)Onde histórias criam vida. Descubra agora