Restaurante: Aproximação

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Na medida em que eu ia melhorando o meu atendimento no salão do restaurante vi que os clientes começaram a se apegar a mim. Tinha gente que ia almoçar todos os dias no mesmo horário e por ter memória boa eu já sabia o padrão de cada respectivo cliente. Eu sempre fui muito tímido, mas quando conheço alguém, converso bastante e termino me mostrando alguém bem comunicativo.

A Marina, por sua vez, além de ser tímida nunca foi uma pessoa de muitas palavras, o que dificultava o quesito inicial de seus atendimentos. Ela sempre teve um sorriso muito lindo e cativante, por isso chamava um pouco mais a atenção dos caras, o que me irava, já que isso não era nada profissional. Mas fazer o quê né? Se ela sempre foi uma tremenda gostosa.

Ela estava fazendo de tudo nos primeiros dias para ganhar algum tipo de destaque, mas não tinha segredo e nós nunca sentimos muita dificuldade de exercer as funções que
baseavam-se em limpar as mesas, atender os clientes, servi-los, e fazer a limpeza geral, o que envolvia salão, a parte externa, a cozinha e os banheiros. Dentro tinham 8 mesas embutidas e 4 do lado de fora (que era o local mais ventilado).

O restaurante atendia em um longo período do horário comercial e por ter dois turnos existia uma rotação para pausas, mas era sempre nos horários que tinha menos movimento, o que facilitava um padrão de Break em duplas. A minha dupla era sempre o Samuel por motivos óbvios, já que além de me manter relaxado, ele sempre foi tão observador quanto eu e isso sempre ajudou nos nossos diálogos.

- Não sei - Disse ele. - Acho que a Jaddy te olha diferente.

Por não ser uma informação tão simples de digerir eu tossi forte na mesma hora já que eu tinha acabado de dar uma tragada.

- Tá louco? - Pergunto em um tom mais alto do que pretendia por ter ficado surpreso.

- Claro que não. - Ele responde calmamente enquanto pega o baseado que eu tinha passado para ele. - Eu pareço louco?

- Não. - Respondo ainda tossindo. - Mas é uma ideia absurda.

- Por que? Ela é bonita e você é bonito. As pessoas se atraem, Índio.

- Por que? E você ainda me pergunta o por quê. - Falo baixinho olhando para os lados.

- Sim. Eu vi como vocês se olharam no primeiro dia.

- Ela é casada, Samuel. E é esposa do nosso chefe!

- Ah sim. - Ele acende com deboche o baseado que apagou. - Tem isso... Mas isso nunca impediu ninguém de...

- Você tá se ouvindo? - Pergunto com temor. - Eu não quero nem mais falar sobre isso.

- OK. - Ele conclui. - Depois não diga que eu não avisei.

Depois de uns minutos pensativo eu percebo que estou completamente chapado e analiso maravilhado o lugar em que estávamos sentados. Nós sempre íamos de moto para essa sessão nas pausas. Era em um lugar alto e tinha pouco movimento. Tinha algumas árvores, o que nos presenteava com um clima ótimo e ventilado, então tive um devaneio.

- Eu acho que a Marina me encanta. - Digo ao lembrar de um vago sorriso.

- Quem tava criticando o adultério a dois minutos atrás? - Samuel pergunta em um tom sarcástico de vitória.

- Po... Não. Quer dizer... É diferente. - Tento me explicar.

- Por que? Porque ce nunca viu o esposo dela? - Ele me confronta.

- Poxa. - Penso um pouco. - Agora que você falou em voz alta, to começando a achar que é por isso mesmo.

- Breno. O Comedor de casadas! Quem diria, hein? - Ele começa a rir muito.

Breno: Sexo é ArteOnde histórias criam vida. Descubra agora