XIII

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   Em um calabouço escuro por possuir poucos cristais de iluminação, o choro de algumas crianças era ouvido, alguns chamavam por suas mães, outros pelos seus pais ou apenas pediam por comida, perdidos e assustados por não saberem se haveria um amanhã ou não. Haviam adultos também, as celas apertadas ultrapassaram o limite de prisioneiros a muito tempo, muitos corpos juntos e espremidos sem uma ventilação correta deixava um mal cheiro no ar, mas pelo visto o responsável não se importava nem um pouco com a falta de humanidade diante a tamanho maus tratos. Mulheres ficavam em um espaço mais acomodado, já que muitas eram usadas pelos bandidos ou até mesmo vendidas como escravas sexuais, comida e roupas boas eram focadas totalmente ali, o que restava era dado para as crianças e só então davam as migalhas para a cela dos homens. Muitos naquele cubículo costumavam ser guerreiros honrosos e habilidosos em suas específicas artes, mas só de olhar para eles dava para perceber que a luz em seus olhos havia sumido, a vontade de lutar sucumbiu diante as perdas e as derrotas. Seus inimigos faziam questão de eliminar todos os familiares diante deles, não antes de abusarem de suas esposas e filhas até se saciarem para enfim passar a gélida lâmina afiada em seus pescoços inocentes covardemente. Aqueles homens já perderam tudo, de que adiantava continuar lutando? De que adiantava erguer uma espada, tentar escapar e se vingar? Era um método bem doentio para acabar com o espírito de um homem. Mas bem ao fundo do espaço, acorrentado da cabeça aos pés, um par de olhos cinza não perderam seu brilho, todos daquela cela, até mesmo os guardas que rondavam o local, evitavam se aproximar deles. Os cabelos mesmo mal cuidados e bagunçados ainda possuíam sua cor dourada num corte samurai desgrenhado, um corpo alto com músculos definidos eram suprimidos pelos grilhões de aço. Aquele homem não havia desistido, mesmo tendo visto sua esposa e filha terem sido estupradas e assassinadas na sua frente, ele ainda queria continuar em frente, queria destruir cada um que participou daquilo, sua raiva era tão grande que alimentava seu corpo o impedindo de cair, o impedindo de ser fraco e o impedindo de desistir...

"Um dia... um dia eu vou sair daqui e vou matar todos vocês. Os deuses estão ouvindo minhas preces e tenho certeza que eles não irão me abandonar." Pensava incansavelmente enquanto assistia mais uma mulher sendo levada aos prantos por um grupo de homens, os gritos alimentavam ainda mais o seu ódio e tudo aquilo acumulado um dia iria explodir, um dia Björn iria erguer sua espada mais uma vez.

   Na capital real uma agitação entre alguns nobres nojentos estava muito intensa, uma sala de reunião perfeitamente luxuosa com pedras brilhantes e móveis de ouro era preenchida pouco a pouco por homens de alto escalão na sociedade. Um total de oito nobres se reuniu ali para enfim começar a tão falada reunião.

- Irmãos, vamos dar início a essa reunião. - o anfitrião sentado à ponta da mesa se mostrava como líder no local visto que todos obedeceram se mantendo em silêncio. Os olhos vermelhos assim como seus cabelos eram uma clara identificação de ser o patriarca da família Nakaius, a família de magos braço direito da coroa, Ellom Nakaius. - Este ano teremos bons lucros com a venda de escravos, a escória gosta de se multiplicar. - Ri apontando para os registros nos papéis distribuídos a mesa, os membros ali presentes arregalam seus olhos devido aos valores exorbitantes, imaginavam o que mais o líder deve ter feito para subir os lucros daquela forma, mas esqueciam das ações logo em seguida por saberem que estavam cada vez mais ricos, mesmo que aquele dinheiro fosse sujo.

- Fico contente de ver tamanha prosperidade nos nossos negócios. Mas temo que tenhamos problemas no futuro. - um dos nobres comenta chamando a atenção de todos.

- Também estou preocupado. As famílias Levians e Martínez mandaram seus prodígios para a academia de MW (guerreiros mágicos = magic warriors). Se eles se meterem nos nossos assuntos... - o baque da palma da mão de Ellom na mesa assusta a todos ali presente, sua presença sempre foi e sempre será intimidadora, ele não era o patriarca atoa, um digno grão mestre nas artes mágicas capaz de dizimar um reino sozinho com seus poderes treinados e polidos ao extremo, o faziam ter total respeito dos nobres presentes.

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