CAPÍTULO 5

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⠀  ⠀⠀  ⠀𝐄𝐒𝐓𝐀𝐕𝐀 𝐒𝐄𝐍𝐓𝐈𝐍𝐃𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐓𝐈𝐍𝐇𝐀 𝐄𝐒𝐐𝐔𝐄𝐂𝐈𝐃𝐎 𝐀𝐋𝐆𝐎, e sim eu esqueci. Deixei meu celular na mesa do Scarpa, a pressa para sair fora tão grande que acabei por deixar-lá.
  Eu não podia ficar longe do celular, o Abel iria ligar a qualquer momento para mim e avisar se precisaria ficar afastado do campo após uma leve contusão no joelho. Com um lance perigoso do adversário, a chuteira de tal atingiu minha perna e acabei precisando ser substituído. Apenas três dias foram necessário para que eu me recuperasse e voltasse com tudo para os treinos, mas o meu técnico não permitiu, a menos que um fisioterapeuta desse ordem. Não aguentava mais de ansiedade.
 
Estava em frente ao condomínio onde Gustavo mora, mas acabei por esbarrar em alguém. Merda, acho que foi um celular que derrubei.

— Minha nossa, perdão! Eu não te vi, desculpa. Se tiver quebrado eu pago o concerto! — Estava tão desesperado que só notei que era a garota que havia visto mais cedo, após levantar meu rosto e encara-lá.

— Não tem problema, nem se preocupa! — Percebi sua confusão quando olhou para a capa do celular, e eu reconheci imediatamente. — Cacete, peguei o celular do Scarpa!

— Hadassa? É seu nome, né? Então, esse celular aí é meu, não do Scarpa! — Levei minha destra até minha nuca, coçando o lugar, afim de esconder o nervosismo.

— Como você sabe meu nome, garoto? E como vou saber se é seu mesmo esse celular? — Meu coração, por algum motivo, começou a bombear mais rápido que o normal quando a mesma cruzou os braços e sorriu com sacarmos, enquanto falava.

— Por que ouvi seu irmão te chamar pelo seu nome? — Um sorriso ladino se transformou em meus lábios quando vi sua expressão surpresa.

— Você era aquele cara que tava com o Scarpa lá em cima? Você e o outro lá, com o bigode de um senhor de setenta anos. — Não contive com seu comentário sobre Joaquín e precisei gargalhar de sua piada.

— O senhor do bigode é o Joaquin, e eu sou o Raphael. Vou avisar ao Piquerez sobre seu elogio ao bigode dele! — Precisei me controlar para continuar a falar com a garota. — Voltando a falar sobre o celular, ele é meu mesmo. Pode colocar até a senha, 2017!

Acompanhei todas movimentos e expressão que a morena fazia, quando sua feição mudou para convenção deduzi que a tal testou a senha e desbloqueou o smartphone. A mesma não se pronunciou mais e estendeu o objetivo em minha direção, olhando para todos os lugares menos meu rosto.

— Se você for falar com o Gustavo, melhor voltar por que ele está com visitas. — Pude ouvir Hadassa bufar ao terminar de ditar "visitas".

— Pelo visto você odeia visitas.

— Quando elas são indesejadas, sim. Mas não nego que odeio receber qualquer visita, sou antisocial demais para isso. — Estava mais relaxada que antes, seu jeito de falar era calmo.

— Nem tanto, você está conversando relaxadamente comigo. Então eu não acho que seja antisocial, Hadassa! — Sorri convencido quando observei suas bochechas avermelhadas e sua respiração ficar um pouco mais rápida.

— Nossa, você é bem intelectual né, senhor Veiga? — Não contive uma breve risada envergonhada.

— Senhor? Não sou tão velho, Hadassinha! — Vi sua indignação em seu olhar de reprovação pelo apelido que lhe chamei.

— Te conheci agora e já está me dando apelidos? Olha as ousadias, senhor. Suba se quiser, mas saiba que quando o Scarpa está com o melhor amigo ele está um pouco se fudendo para os outros! — A garota saiu com pressa e sem olhar para trás.

𝐔𝐌𝐀 𝐆𝐑𝐈𝐍𝐆𝐀 𝐌𝐄𝐓𝐈𝐃𝐀 - 𝖱𝖺𝗉𝗁𝖺𝖾𝗅 𝖵𝖾𝗂𝗀𝖺Onde histórias criam vida. Descubra agora