𝐔𝐌𝐀 𝐆𝐑𝐈𝐍𝐆𝐀 𝐌𝐄𝐓𝐈𝐃𝐀 - 𝖱𝖺𝗉𝗁𝖺𝖾𝗅 𝖵𝖾𝗂𝗀𝖺

CAPÍTULO 14

   CERTO, FIZ BESTEIRA E NÃO FOI DAS PEQUENAS. Foram cerca de dois dias evitando falar com o Scarpa, todas as vezes que saia do trabalho e via que o horário seria o mesmo que o Gustavo estava em casa, demorava mais um pouco até que ele cansasse e desistisse de me ver. E deu certo, apenas por dois dias.

22 de julho de 2023, 21:50 PM | São Paulo

  — Graças a Deus, não aguentava mais esse sapato! — Falei em alívio por retirar os sapatos apertados, trabalhar o dia inteiro apenas com pausa de 20 minutos é terrível.

  — Que bom que chegou, vai sentar e vai me explicar que porra de novo affair é esse. — Senti todo meu corpo gelar em total surpresa por ouvir Scarpa.

  — Tá fazendo o que aí? Não deveria estar na caso do Rony? — Tentei mudar de assunto mas parecia que Scarpa não estava para brincadeiras.

  — Não mude de assunto, senta e me conte do começo ao fim. Quando? Como? Por que? E, qual a parte do "não se aproxime de jogadores de futebol" você não entendeu? — Então minha ficha caiu, ele realmente estava irritado e decepcionado comigo.

  — Desculpa. Mas eu não me envolvi com seu colega de equipe e muito menos sou affair, seja lá o que for isso. Eu não suporto o Rapha, e não pretendo me envolver com ele. Pode ficar tranquilo! — Confortei-o para ficar mais tranquilo, mas aparentemente ele ficou ainda mais estressado.

  — Rapha? Já está dando apelidos para o Veiga? Quer mesmo mentir na minha cara, Hadassa? — O mesmo se levantou rindo incrédulo no que tinha acabado de ouvir. — Eu achei que poderia confiar seriamente em você, mas pelo visto você prefere mentir e me enganar tudo aos mesmo tempo. Não sei mais o que esperar de você!

  — Para com isso Gustavo, eu não menti! Tudo que eu falei é verdade, você que está totalmente estressado e quer apenas descontar sua raiva em mim! — Nunca tinha visto Scarpa naquele estado.

  — Você é infantil! Chega, pra mim chega! Você não é mais uma criança, é uma adulta com atitudes totalmente mesquinhas e sem vergonha, precisa crescer e refletir no que faz, está sempre querendo ter razão mas a única coisa que faz é ser uma garota ridícula que só pensa em si mesma e que está foda-se para os outros, o que os outros iram sentir em relação as suas atitudes que se refere à eles. E eu estou cansado disso, aprenda que tudo de ruim que faremos irá voltar e olhe bem o que está fazendo, está voltando da pior forma possível. — Todo seu discurso sincero me fez cair na real e perceber que todo esse tempo eu estava sendo a pior irmã, sempre me rebelando contra meu pai, fazendo de tudo para chamar a atenção de todos e apenas estava sendo uma egotista soberba. Todas suas palavras foram como um banho de água fria, um tapa na cara para acordar. — Espero mesmo que repense no que faz e mude, pois eu cheguei no meu limite. — Scarpa saiu de casa apenas levando seu casaco nas mãos, assim que deixou a residência e o silêncio se instalou, meu rosto molhou-se diante as lágrimas pesadas que caíram de meus olhos.

  — QUE INFERNO! — Joguei minha bolsa longe e me direcionei até um pequeno criado-mudo que tinha ali na sala, derrubando tudo que estava ali, era do que precisava para aliviar a raiva e dor que sentia. Eu não conseguia acreditar que Gustavo havia agido daquela forma comigo após anos de irmandade, nós tínhamos muita confiança um no outro e por minha causa quebrei ela.

  — Scarpa? A porta estava aberta, você...Hadassa? Você está bem? — Me surpreendi ao ver Piquerez na porta com uma expressão assustada e a única coisa que consegui fazer foi chorar, o rapaz se aproximou rapidamente tentando me ajudar a levantar mas o impedi rodeando meus braços ao redor do seu pescoço, tudo que precisava era de um abraço e ele me concebeu aquilo. Mas quem eu queria enganar, Piquerez não era ele, não era o Raphael.