𝐴 𝐸𝑆𝑇𝐴𝐶̧𝐴̂𝑂

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Os trilhos rangeram alto enquanto o trem se forçava a parar. Seu coração bateu enlouquecidamente dentro do peito e Gwyn sentiu que todo o seu sangue tinha evaporado de suas veias. Mesmo depois que o impacto inicial passou, ela continuou sem sentir direito o próprio corpo.

Foi só quando Azriel se levantou, a levando junto, que notou os outros passageiros agitados e uma criancinha chorando. O cara a sua frente a analisou e perguntou:

— Tudo bem?

Ela assentiu algumas vezes e tentou clarear a mente outra vez.

— É... tá, eu só...

Foi interrompida pelo ruído dos rádios e voz de quem deveria ser o responsável pela direção do trem:

"Senhores e senhoras, sentimos muito pela perturbação, mas acabou de nos ser informado que o túnel pelo qual iríamos passar foi interditado por conta de um deslizamento de neve. Por isso, a mudança abrupta de rota, iremos parar na próxima estação para que não haja risco de acidentes. Aos passageiros que serão impedidos de chegar ao seu devido destino, a equipe já está redirecionando suas passagens. Informações de gastos adicionais e reembolso serão dadas na próxima estação. Agradecemos a compreensão e pedimos desculpas pelo incidente."

— Merda... — os dois murmuraram ao mesmo tempo.

Ambos se olharam, perceberam que ainda se seguravam e deram passos meio sem graça para se afastarem.

A meia hora seguinte foi de um vai e vem de membros meio nervosos respondendo às mesmas perguntas nervosas e irritadas dos passageiros. Ela se manteve calada, observando toda a confusão e pensando no que iria fazer. Azriel fez o mesmo.

Mas, por mais estranho que fosse, os dois permaneceram próximos, quando o trem parou, Azriel, com um leve sorriso, a ajudou com a mala. E seguiram juntos para uma cabine de atendimento da estação que estava lotada de pessoas.

— Acho que isso vai demorar... — murmurou, batendo os pés no chão.

— Com pressa?

Ia dizer que sim, mas não era verdade.

— Não exatamente, mas... Eu não tinha planos de descer daquele trem tão cedo. E você? Não parece preocupado.

— Não estou com pressa — ele deu de ombros — Um dia a mais ou a menos não vai fazer muita diferença para mim.

Para ela também não iria, mas odiava não saber onde estava.

— O que vai fazer se não conseguir pegar outro trem hoje?

Mais um dar de ombros.

— Não sei... Andar sem rumo pela cidade até chegar a hora de seguir viagem.

Gwyn olhou para as ruas cobertas por uma fina camada de neve para além das janelas grandes da estação e falou:

— Pelo menos parece um lugar lindo para ficar sem rumo.

— É... Parece — ficaram em silêncio por uns dois segundos — O que você vai fazer se não conseguir pegar outro trem?

— Não sei, ficar aqui na estação talvez.

— Hum.

Ela encarou os olhos castanhos, ele a encarou de volta... E, nesse momento, alguém chamou o nome dele, Gwyn não tinha ouvido, para ser sincera, mas Azriel desviou o olhar procurando de onde vinha a voz, murmurou um com licença e seguiu para uma das cabines.

A ruiva ficou ali, parada e sozinha por uns três minutos antes de ouvir alguém a chamar também, seguiu para uma cabine e o viu de pé, em frente a uma a alguns metros de distância. A moça do outro lado do vidro falou:

𝐴𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑆𝑜𝑙 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑒𝑟Onde histórias criam vida. Descubra agora