𝑬𝑺𝑪𝑼𝑹𝑶

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— Nós vamos mesmo fazer isso?

Ela estava claramente meio nervosa.

Depois de terem saído da exposição e de alguns minutos de uma caminhada em um silêncio constrangido, os dois voltaram a dinâmica normal, de conversas e brincadeiras. Haviam matado horas passando por lojas abertas e vendo milhares de coisas sem de fato comprar nada. Agora, estavam num bar subterrâneo, que tinha uma iluminação avermelhada e música alta e várias pessoas que pareciam usar aquele lugar como ponto de partida para uma noite de vários arrependimentos no local.

Azriel arrumou melhor o casaco.

— É, eu acho que sim. Escute, o vinho está lá, ninguém vai beber, não é...

Roubar? — ofereceu a palavra.

O moreno riu.

— É, não é roubar é... Não deixar uma boa bebida ser desperdiçada.

— Ai, meu Deuses, você é uma péssima influência. Eu sabia que você era um criminoso.

Azriel só abriu um sorrisinho e se aproximou mais dela, murmurando:

— É o seguinte, só aja naturalmente e abra um sorriso quando ele olhar para cá.

Gwyn ficou o encarando meio pasma ainda.

— Eu acho que vai ter que melhorar essa expressão.

Ela acabou rindo e suspirou.

— Certo, tudo bem — abriu um sorriso — Assim está bom?

Os olhos castanhos a analisaram e ele assentiu, antes de se levantar, lhe lançar um olhar de cúmplice e seguir para o balcão, passando pela mesa e pegando a garrafa de vinho como se não estivesse fazendo nada de errado. Azriel caminhava tão com tanta segurança que até Gwyn se perguntou se aquilo era errado mesmo.

Afinal, ele tinha razão, ninguém iria beber...

O moreno chegou ao balcão, onde um barman estava e o cumprimentou, falou alguma coisa que fez o homem do outro lado parecer agradecer e depois ergueu levemente a garrafa e olhou para trás, para onde ela estava, o outro seguiu seu olhar e ela abriu mais o sorriso, acenando com a cabeça. Azriel escutou algo que ele disse e depois retrucou alguma coisa, o barman ficou calado por alguns instantes e depois fez um gesto com a cabeça, Azriel pareceu agradecer e, logo depois, se virou vindo em sua direção com o vinho na mão.

Ela conteve uma risada e se levantou, indo na direção dele. Ia falar que não acreditava que aquilo realmente estava funcionando. Mas, ele passou um braço por seus ombros e começou a guiá-la para fora, fazendo um último aceno para o moço do outro lado do balcão.

Só quando estava fora do bar, a ruiva riu e perguntou:

Como?

— Além de certa prática com meus irmãos — Azriel falou — Eu disse que você queria ir embora, mas que adoraria levar o vinho, pelo o qual, é claro, nós pagamos.

Não conseguiu conter a gargalhada de incredulidade.

— Simples assim?

— Sobre o argumento de não decepcionar uma mulher como você foi ainda mais fácil do que pensei que seria.

Gwyn desviou o olhar, tentando fingir que aquilo não a tinha feito corar.

Naquele instante, os dois se encontravam sentados no escuro sobre o casaco de Azriel, dentro do caramanchão cercado de sempre verdes, flores de inverno e pisca-piscas dourados de um parque. Rindo sem motivo nenhum e com vinho os esquentando e a garrafa quase no fim.

𝐴𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑆𝑜𝑙 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑒𝑟Onde histórias criam vida. Descubra agora