𝑂 𝐽𝑂𝐺𝑂

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Os dois saíram da estação juntos, ambos com sorrisos contidos nos rostos, sem ter nenhuma ideia de para onde iriam.

Estavam na segunda rua além da ferrovia quando o silêncio começou a pesar e Azriel falou:

— Isso é meio esquisito né?

Ela mordeu o lábio inferior, enquanto observava a camada de neve sobre as calçadas.

— É — admitiu — É, sim, mas... Já estamos aqui então...

Sua frase foi interrompida pela voz de um homem, que disse:

— Olá, belo casal!

Gwyn e Azriel se entreolharam, mas nem tiveram tempo de negar, porque ele já se colocou entre os dois, colocou um braço sobre os ombros de Az e continuou:

— O que acham de um convite especial para uma peça no Grand Teatro Aberto de Winterfeil?

O moreno pareceu não ter resposta, parecendo meio incomodado com o contato, então ela perguntou:

— E onde seria esse Grand Teatro?

— Na praça há dois quarteirões.

Gwyn não conseguiu evitar o sorriso, Azriel virou o rosto de maneira sutil para esconder a própria expressão.

— Ah, e sobre o que é a peça?

— Sobre uma das primeiras famílias dos tempos medievais da cidade e o Urso conselheiro e guardião dessas terras — entregou o panfleto — O Uso é o personagem principal.

Dessa vez, Gwyn teve que se manter calada, porque talvez o senhor achasse desrespeitoso ela rir. Azriel quem questionou fazendo um trabalho melhor que ela em esconder o riso:

— O urso?

— Sim, sim. Claro que não é um urso de verdade, mas Jean faz um trabalho bem convincente... — ele fez um gesto elaborado com as mãos, dando alguns passos à frente — Enfim, é o nosso maior sucesso! E será uma honra ter o casal na plateia, irão, não é?

Azriel olhou para ela e era óbvio que estava procurando uma desculpa, mas o senhor parecia tão confiante que Gwyn não conseguiu dizer que não.

— É claro! Parece ser incrível, não perderíamos por nada — fitou o moreno — Certo?

Ele lhe lançou um olhar meio torto, mas fez que sim com a cabeça. O homem já estava dizendo:

— Magnífico! — começou a se afastar — Por favor, não esqueçam de levar alguns trocados, fazemos tudo pela arte, mas ainda precisamos nos alimentar.

As últimas palavras já soavam distantes e os dois o viram abordar um pequeno grupo.

— Por que disse que iríamos?

Gwyn voltou a sua atenção para o homem ao seu lado quando voltaram a caminhar.

— Ah, ele parecia tão animado e confiante, não consegui dizer que não.

— Sabe, eu acho que você deveria trabalhar isso. O cara surgiu do nada, se jogou em cima da gente, também do nada, mas parece confiante e animado e você diz sim para um convite completamente aleatório?

— Está falando de você ou dele?

Azriel parou por um instante, como se analisasse o que tinha dito e comparasse as situações, quando voltou a falar foi:

— Isso só prova que é algo que tem que melhorar, sair com um estranho e dizer para o convite de outro pode ser um sinal de que tem algo errado.

Ela ergueu uma sobrancelha.

𝐴𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑆𝑜𝑙 𝑁𝑎𝑠𝑐𝑒𝑟Onde histórias criam vida. Descubra agora