Era sábado, a praça de alimentação do shopping estava muito lotada, só que isso não tiraria o enorme sorriso do rosto de Finney.
Ele estava nervoso, pois era seu primeiro 'encontro' com um garoto. Ele ficou enchendo o saco da sua irmã sobre que roupa usar. Acabou indo com um visual bem básico.
Era 1:15, o filme só começaria as 2:00. Ele acabou chegando cedo demais. Ele não parava de checar as mensagens no seu celular de minuto em minuto. O tempo parecia não passar.
-Tampinha?
Ao ouvir aquele apelido o garoto olha para cima assustado.
-Vance? O que faz aqui?- pergunta o menor.
-Não posso vir até o shopping?- retruca loiro.
Vance estava bem vestido. Camisa de banda e calças novinhas. Ele se senta ao lado de Finney.
-O encontro de vocês dois é aqui?- pergunta Vance.
-Sim, eu te falei,mas você nem visualizou minha mensagem.
Ele coça a cabeça.
-Você ia me pedir conselho para o encontro. Tava afim não.
Ele analisa Finney de cima a baixo.
-Muleke, para que voce vai explodir. Se acalma.
-Tenho medo que ele perceba que eu gosto dele- disse Finney com a voz tremula.
-Mas não é isso que você quer?
Ele estava com um olhar triste.
-Sim, mas...
-Mas...?
O menor encara Vance com olhos intensos. Ele precisava falar sobre aquilo...
-Você sabe que eu fui rejeitado no passado, não é?
-Sim.
-Preciso te falar.Desde criança, sempre foi muito tímido e introvertido. Não conseguia fazer amigos, pois sempre abria a boca falava algo sem sentido e acabava gaguejando. Era um medroso em todos os sentidos.
Então, aos seus dez anos, um garoto novo veio estudar em sua sala. O nome dele era Bruce Yamada.
Assim que chegou, todos passaram a idolatrar ele.
Era o melhor nós estudos, sempre tira A+ em todas as provas; era o melhor nós esportes, rapidamente se tornou capitão do time de Baseball; era bonito também, por ser alto e de pele lisa e arredondada chamou a atenção das meninas da escola.
Acabou por ganhar o apelido de Garoto de Ouro, por que ele era a definição de perfeição.
Finney o admirava. Bruce era tudo o que ele desejava ser. Ou ao mínimo, ser um pouco parecido com ele.
Ele sabia a realidade. Um medroso como ele não conseguiria nem ser amigo dele, que dirá ser parecido.
Então em um dia qualquer, todas as crianças resolveram brincar de esconde esconde, convidaram Finney por educação. O garoto correu para dentro da escola e se escondeu dentro do armário de brinquedos velhos.
Não muito tempo depois ele escutou os passos de alguém, achava que era o pega, só que quem entrou foi Bruce.
Finney estava atrás de uma estante então ele ainda não o tinha visto.
Ele pega o celular do bolso e digita alguma coisa, depois volta a coloca-lo no bolso. O cacheado já está pronto para sair da estante para falar com ele até que viu algo estranho.
Os olhos do garoto estava marejados, cheio de lágrimas, pronto para transbordar, seu rosto estava igualmente triste. O garoto se ajoelha no chão, com as mãos no rosto e finalmente o choro começa.
Por que ele estava fazendo aquilo?pensou Finney, ele sempre o virá como uma pessoa forte. Aquela pessoa ajoelhada não parecia o Bruce que conhecia. Qual seria o motivo para ele estar assim?
Seja o que for, por impulso, Finney sai de onde estava escondido.
-Oi- diz ele sem jeito.
Bruce se levanta em um solavanco.
-Eu... não é o que você pensa...- explica Bruce entre as lágrimas.
-Não se preocupe eu não vou contar pra ninguem.
Finney sorri de forma tímida.
-Não tem... o que contar- ele ainda estava entre os soluços.
O cacheado se agacha na altura de Bruce.
-Não é vergonha nenhuma estar triste. Minha mãe sempre diz isso.
A mãe de Finney sempre estava chorando pelo cantos, mesmo assim ele nunca pensou nela como fraca.
Ele aproximou as mangas da sua camisa para enxugar as lágrimas de Bruce. O asiático se levantou e abraçou o cacheado.
Estava surpreso com a atitude do outro, então apenas deixou ser abraçado.
Depois de muitas lágrimas ele finalmente se acalmou e o pega achou os dois meninos. Eles se separaram naquele momento, para nunca mais ficarem longe um do outro pelos próximos três anos.
Bruce começou a incluir Finney em tudo. O chamava para jogar baseball, o chamava para um trabalho escolar e para se sentar ao seu lado no intervalo. O menino antissocial passou a fazer amigos, agora ele não estava mais tão sozinho. Ele era grato a Bruce pelo que ele fazia por ele.
Eles viraram melhores amigos.
Amigos...
Por que essa palavra o encondava tanto?
Um dia, estavam sentado sozinho no playground, tinha 12 anos.
-Finney, você gosta de alguém?- perguntou Bruce.
Ele ficou desconcertado com aquela pergunata, o rosto do menino ficou vermelho como tomate.
-Claro que não, é nojento- responde Finney.
-Uma menina disse que gostava de mim- disse Bruce com olhar distante.
Seu coração se apertou e ele não sabia o por que.
-E você, gosta dela?
Bruce nega com a cabeça. Finney ficou mais calmo ao saber daquilo.
-Se uma garota se declarar para você você namoraria ela?- pergunta Bruce.
O menor não gostava de responder essas perguntas.
-Eu acho...- ele começou, mas foi interrodo por Bruce.
O asiático aproximou dele, seus narizes estavam tão próximos que estavam tocando.
-...que sim- completa Finney- Bruce, algum problema?
-Não, Blake.
O outro recua.
-Bruce, como saber que gostamos de alguém?- perguntam Finney sem jeito.
O outro demorou para responder.
-Meu pai sempre diz que, quando estamos apaixonado, nosso coração palpitando involuntariamente... toda vez vemos a pessoa que amamos. Como se ele quisesse sair do nosso peito de tão forte que é.
As mãos dos dois estavam se tocando. O asiático pareceu sair de um trase, acabou se levanta e indo embora.
Um outro dia, quando Finney tinha treze anos, Bruce anunciou a sala que ia se mudar naquele fim de semana para o estado de Washington.
Os olhos de Finney se dilataram, seu coração começou a pesar. Ele não tinha falado nada.
Bruce evitou falar com ele naquela aula, na saída da escola, ambos tiveram que voltar para casa juntos, já que moravam no mesmo bairro.
Quando finalmente estavam sozinho Finney finamente esbravejou contra ele.
-Por que você não me disse?
Bruce desviava o olhar.
-Se eu falasse nós não íamos aproveitar até o último dia- explica o outro.
-Isso é tão egoísta.
As lágrimas começaram a escorrer nos olhos do cacheado.
-Não, por favor, não chore Finney! Vamos nos ver de novo, algum dia.
-Eu sei que não é verdade- disse o cacheado aos soluços.
-Oh Finn...
Bruce abraça ele.
-Quer me falar algo antes de ir?
O asiático se separa do outro garoto.
-Não- responde Bruce
-Pois eu tenho. Estou apaixonado por você, Bruce- o rosto do outro garoto ficou vermelho do nada- Sabe quando você disse que seu coração bate quando está perto da pessoa que ama? Ele está dizendo: Bruce, Bruce, Bruce...
-Finney para...- pede o outro.
-Por quê, eu sei que você também gosta de mim ou estou errado.
-Não é isso.
O menor se aproxima de Bruce e seus lábios se encontram. O primeiro beijo de ambos. Ele se separam.
-Eu também te amo Finney Blake- diz Bruce- Mas não podemos fazer isso, é errado. Meu pai me disse.
-Você sabe que não é errado.
-Desculpe Finney, não posso me apaixonar por você- diz Bruce dando meia volta- Adeus.
Essa foi a última vez que se viram
![](https://img.wattpad.com/cover/338239057-288-k218748.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Finney Em Questão
Teen FictionA vida do tímido Finney Blake está uma desastre. Ele está completamente apaixonado por seu colega de sala, Robin Arellano, a qual, o cacheado não consegue falar meia palavra por perto. Ao mesmo tempo, descobre que seu misterioso amigo virtual era n...