Capítulo 16 - Um pesadelo do passado

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"Os homens temem a morte, como as crianças temem a escuridão."
(ᶠʳᵃⁿᶜiˢ ᵇᵃᶜᵒⁿ).

Assim que finalmente convenci Park a deixar Jae do lado de fora nós entramos, estou com mal pressentimento, não sei o por que, mas sinto que o meu filho está mais seguro lá fora do que todos nós, então empurrei o portão pesado, ouvindo-o ranger e caminho em passos curtos, adentrando no ambiente, logo avisto uma fonte com a estatueta rachada de pedra, dum anjo, que ainda não tinha percebido, não a água alguma. Acabo me deparando com o corpo de uma freira dentro da estrutura, ela tem uma enorme perfuração no estômago e o pescoço está por um fio para se separar do corpo, eu sei que deveria sentir pavor ao me deparar com isso, mas já vivenciamos tanto até aqui, que se tornou algo "normal".

Mas eu posso sentir que Park não parece muito confortável, até por que ele apertou fortemente os meus braços e seu corpo me parece trêmulo, mas mesmo assim eu prossegui em direção ao casarão, a porta já está aberta, me parece pesada e rígida, sua cor é preta. Enfim entramos definitivamente na instituição, o piso é um branco desgastado comum, as paredes são cinzas e marrom escuro fúnebre e opaco, há alguns quadros de pessoas que jamais conheci ou ouvi falar, jarros grandes com flores ou plantas que desconheço os nomes e não havia ninguém, pelo menos neste andar, pois logo avisto a escadaria velha de madeira escura a alguns passos de nós e rapidamente me dirigi até ela.

- Você... acha que eles passaram por aqui?

- Eu não queria dizer que sim, mas é possível. Aquela mulher lá fora não morreu por acidente. - Suspirou com pesar, como se estivesse fazendo esforço para puxar o ar até os pulmões, enquanto sobe aqueles degraus barulhentos e apodrecidos.

- Será que o Sammy tá bem? Ou conseguiu chegar até o tal posto? - Falou em meio ao olhar disperso, parecendo estar distante dali, perdido em seus pensamentos mais profundos e vazios.

- Não sei, Ele sabe se cuidar. Afinal ele é um policial, não é? - Disse de forma grosseira, quase neutro, impulsionando o Park para o meio de seus braços, que estava quase caindo. - Merda... esse lugar só tem gente morta.

- Não fala isso de forma tão leviana. Essa porra é perturbadora Jeon, olha pra todos essas pessoas inocentes. - Park observou o arredor do corredor que acabaram de chegar, olhando os corpos espalhados, alguns sentados, outros pendurados e já uns... retalhados, seus olhos vivenciam tudo isso apavorado e gerando ainda mais ansiedade, sem saber o que virá depois.

- E você quer que eu faça oque? Já estão mortos. Precisamos pensar em nós agora. - Jeon tornou a caminhar, um passo atrás do outro, se sentindo pressionado e atordoado com o som do silêncio, que ressoa em seus ouvidos "perturbados".

Mesmo receoso eu prossegui em meio aquele corredor repleto de cadáveres frescos, que por enquanto não exala um odor totalmente pútrido, a alguns passos da escada há uma porta aberta, um salão parcialmente escuro, assim que entramos avistei uma vela robusta, enrolada num rosário, posta por cima dum livro aberto ao meio, que se encontra em uma mesa pequena. Há também estantes com medicamentos, curativos e pastas coloridas, mas pude enxergar um par de muletas novas, postas por cima do colchão duro e borrachudo da maca mais ao canto do quarto, outra vez algo muito conveniente nessas circunstâncias em que estamos, ou será apenas coincidência?

- Você acha que consegue andar de muletas? Eu posso continuar a te carregar. Não tem problema pra mim.

- Não... tá tudo bem, eu consigo. Não quero que você se esforce demais. - Com um certo esforço e ajuda de Jeon, Park pisou os pés sobre o chão e caminhou arfando de dor, apoiando-se no marido até a maca, pegou ambas as muletas e segurou em seus suportes de apoio.

Horror Em Northville (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora