Aisha

Troca de comando.

De todas as reações possíveis que Zayn poderia ter quando ela mencionou uma separação, (Sn) jamais imaginou que gargalhar seria a opção escolhida.

-Ora, (Sn), não tenho tempo para essas besteiras- encarou-a com a desdém quando terminou de rir - não vamos nos separar.

-Acho que você não entendeu direito, mas vou tentar explicar, isso não é um pedido, é um aviso- respirou fundo para aguentar a incredulidade do marido na atitude desejada. Ele sequer a levava a sério- vamos nos separar, você querendo ou não. Nosso casamento acabou no momento que você trouxe essa menina para dentro de casa sem sequer conversar comigo em um momento que eu estava fragilizada e precisando de atenção, não consigo mais sequer olhar para sua cara sem me sentir completamente revoltada com isso, então é melhor que nos separemos, você cria a garotinha, sua filha que você sempre quis, e eu sigo com a minha vida.

-Você já parou para pensar que em todo o seu discurso proferido você, em nenhum momento, citou o quanto eu sofri ou em Aisha? É sempre o quanto você sofreu, o quanto você está fragilizada, o quanto a menina, que no caso tem nome, não é bem vinda, o quanto você me repudia, o quanto você isso, você aquilo, você você você.... E eu (Sn)? Você já parou em algum momento nessa sua dramática vida para pensar em mim? No quanto EU sofri? Eu desejava ter um filho também. Mais que tudo. A sua infertilidade também ME afetou, mas eu esqueci qualquer porra de dor, magoa ou qualquer coisa do tipo para ficar com você, para te ajudar, para te fazer voltar a ser a pessoa pela qual eu me apaixonei. E você vem me dizer que quer simplesmente jogar tudo fora por causa de uma criança que precisa de você? Não sei como ainda consigo me surpreender com o tamanho do seu egoísmo.

-Você sempre me culpou por não poder ter um filho- ela sussurrou a certeza que obteve quando ele a encarou com ódio ao descobrir o resultado dos exames, meses atrás.

-Não seja ridícula.

-Essa é a verdade. Você me culpa por não te dar um filho e, independente desse desejo de ser pai ou da menina precisar de um lar estável ou sei lá mais o que, o fato de você ter adotado a menina foi uma afronta à mim e você sabe disso, inconscientemente, você quis me punir por não ser capaz, por ser infértil. Você quer me fazer engolir a garota goela a baixo, você não parou pra pensar na minha reação em nenhum momento, você não leva em consideração os meus sentimentos e pelo amor de Deus não venha com esse papinho que cuidou de mim e blá blá, porque você só fez isso porque acha que é sua obrigação, e mesmo assim, foi o primeiro a piorar tudo trazendo uma desconhecida para cá.- respirou fundo pedindo forças para quem quer que estivesse observando tudo- posso até ser egoísta por só pensar em mim e no meu sofrimento, mas você foi baixo ao me punir dessa maneira. E quer saber de mais uma coisa? Não quero voltar a ser a mulher pela qual você se apaixonou, quero distância de você.

-Eu não vou ficar aqui discutindo como dois adolescentes, você estava completamente descontrolada- virou-se em direção às escadas com os punhos cerrados mas se deteve ao escutar a voz da sua futura ex-esposa.

-Seja homem uma vez na vida e assuma os seus próprios sentimentos.

E aquele foi o estopim para uma onda de fúria que se apossou do corpo do moreno e prometia derrubar qualquer esperança existente.