Capítulo 8 - Pecados

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Angel

 Passo dia assimilando o que havia ocorrido, após o detetive Ethan me mandar ficar no meu quarto e aguardar caminho constantemente de um lado para outro vendo o nervosismo tomar conta de mim, não queria que nada acontecesse aquele homem, seu olhos pousado em meus lábios não saiam da minha cabeça, somente de pensar que se aquele momento durasse mais alguns segundos eu seria beijada pela primeira vez fazia meu coração acelerar. 

 Ouço barulhos de passos apressados me fazendo sair do meu transe, abro uma fresta da porta para ver inúmeros agentes e enfermeiros indo em direção ao corredor, não contendo todo meu anseio por achar que Ethan estava machucado me esgueirei silenciosamente no corredor para que ninguém notasse minha presença, quando vi a madre no ressinto e olhei em direção ao lençol que estava sendo posto em cima de um corpo pálido reconheci de imediato o triste semblante de Monique, tento alcança-la mais dois agentes me seguram rudemente impedindo minha passagem, me debato e grito afim de me soltar, assim o detetive se aproxima dando ordem para que os homens me liberassem, a única coisa que queria no momento era abraçar a menina até que aquele pesadelo chegasse ao fim, o que ela teria feito de tão ruim para merecer este triste final? Antes que atingisse meu objetivo sinto os braços fortes do homem a minha frente me segurando fazendo com que meus pés saíssem do chão, eu o abraço como se minha vida dependesse daquilo, minhas pernas traiçoeiras fraquejaram com o peso da perda e assim nós dois caímos ajoelhados.

 -Por que fizeram isso com ela Ethan? - Pergunto soltando o ar de meus pulmões. - Ela não tinha pecado algum, ela nunca teve uma família.

-Não tente encontrar um porque, anjo. - Fala enquanto acaricia meus cabelos suavemente - As pessoas são más e é apenas isso, sem mais nenhum porque.

 Ficamos assim até minhas pernas novamente corresponderem aos estímulos do meu cérebro, assim que levantei Ethan me carrega pela mão até meu quarto, me deito na cama e ele se senta ao meu lado, permito-me aninhar-me com minha cabeça em seu colo procurando por abrigo, ele novamente repete o ato de mais cedo e volta a fazer carinho.

-Estou com medo, detetive Willians. - Choro baixinho enquanto ele me olhava pacientemente.

-Angel, apenas Ethan. -Frisa. - Não deixarei ninguém lhe fazer mau algum, isso é uma promessa. - Com sua promessa adormeço. 

  O dia estava nublado e chuvoso, evito de sair da cama pois não gostaria de enfrentar outro funeral, muito menos outro interrogatório, mas para a minha infelicidade Luna entra no meu quarto com seu olhar desprezível.

-Não me diga que ficara ai o dia todo. - Diz ela debochadamente. - Foram apenas duas de suas amigas Angel, a próxima pode ser você. - Sorri diabolicamente. - Mas é claro, você não pode ser a próxima, você é como uma ceifadora, todos que de ti se aproximam morrem. - Diz dando as costas, mas antes que saísse totalmente do meu quarto se vira pela ultima vez. - O detetive quer falar com todos.

 Me sentia cansada, aguentar a culpa que minha mãe colocava em cima de mim era uma coisa, porém aguentar injustiça de quem estava pecando na cozinha já era demais. Sigo para o banheiro e tomo um banho rápido, penteio meus cabelos e coloco meu hábito, ajoelho-me ao pés da cama e faço minha oração, assim que termino desço calmamente a escada para ver todos novamente naquele saguão, os olhos rancorosos do agente Philipes me seguiam, sento afastada de todos, não queria conversar antes da hora. 

 O agente chamava um por um e assim todos entravam na sala da Madre que agora havia virado uma sala de interrogatório, alguns saem cabisbaixos, outros revoltados com a situação, tudo aquilo era novo para nós.

-Agel! - A voz rouca que me  causava arrepios me chama, Ethan estava sentado atrás da mesa com seu semblante cansado, a noite devia ter sido difícil.- Tranque a porta, por favor. - Concordei e assim fiz, caminho lentamente e me sento a sua frente.

-Ela provocou um aborto antes de entrar para o convento. -Diz de uma vez só. -Esse foi seu pecado. - Seus olhos azuis continham dor. -Não conseguirei proteger a todos se vocês esconderem de mim o passado. Tem algo que eu precise saber? - Era a hora da verdade.

-Eu estudei em um colégio interno a vida toda, sou uma traição do meu pai, mas minhas mãe resolveu me criar. - Não gostava de recordar os fatos. -Três anos atrás quando me formei, pedi para que meu irmão me buscasse, sofremos um acidente e ele venho a falecer.

-Isso não é pecado. - Seus olhos me observam e caem sobre a minha boca, o meu passado poderia não ser pecado, mas o que quero provar com este homem com toda a certeza era. -Mais alguma coisa? - gora entendia o significado da frase "entre a cruz e a espada", sabia que era errado imaginar seus lábios nos meus, mas não havia cometido o ato, deveria ou não contar a ele? - Por que escolheu ser noviça? - Pergunta se aproximando perigosamente de mim, observo seus passos sem reação alguma.

-Meu irmão era seminarista, devia isso a ele. - Respondo quando ele senta  minha frente com seus braços cruzados sobre o peito dando uma visão perfeita de seus músculos, seu cabelo bagunçado e a barba por fazer esbanjavam luxuria. 

-É isso que quer para o resto da sua vida, Angel? - Próximo demais. - Não sei porque te conto detalhes sobre o caso e nem porque desejo te fazer mudar de ideia sobre o seu futuro, apenas sei que você é uma tortura para mim. - Sua boca a poucos centímetros da maninha enquanto ele segura o braço da cadeira, eu não poderia fugir e também não queria, minha respiração descompassada e rápida denunciam o meu desejo, ele retira o hábito deixando meus cabelos a mostra, seu olhar não desvia um segundo do meu. - Tens cabelos lindos. - E assim ele está pronto para me beijar. O beijo é lento, torturante, no começo desajeitado por nunca ter feito isso antes, mas aos poucos toda forma, não é nada necessitado ou vulgar, é doce e carinhoso, antes que me de por conta me levanto aproximando-me mais de Ethan, meus braços circulam o seu pescoço e o cheiro amadeirado de seu perfume me invadem a narina, quebramos o elo quando nos faltou o ar. 

-Desculpe! - Digo sentindo o peso dos meus atos, eu havia quebrado o voto de castidade, havia provado do pecado e por mais que fosse errado eu não queria parar, coloco novamente o hábito e me preparo para sair da sala, mas sou interrompida quando ele segura levemente meu braço.

-Não me peça desculpa, eu queria isso desde o dia que eu cheguei aqui. - Confessa. - Quando essa droga toda acabar, se quiseres viver fora daqui, não vou me incomodar de leva-la para sair. - Aquele maldito sorriso que me fazia suspirar, por impulso selo nossos lábios novamente e saiu para que o próximo seja chamado. Sigo com o rosto voltado para baixo, precisava esconder o sorriso bobo que insistia em aparecer.

O Beijo das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora