Após o almoço, a tarde anunciava passar bem arrastada naqueles apartamentos do décimo terceiro andar. Elizabeth estava fazendo algumas anotações em sua caderneta, e Joui, após se ajeitar, colocar seus materiais de quarta-feira na mochila, fazer desenhos, fingir ser o Homem Aranha e plantar bananeira no quarto, foi até a sala, em busca da companhia da mais velha.
— Eu to entediado... — Joui comentou sincero.
— Bom, eu preciso trabalhar ainda e não posso ficar com você agora, pequeno... Mas você pode ler algo, talvez brincar? Não sei... — Elizabeth tentou, olhando o relógio da cozinha, vendo que eram exatamente 17:39.
— Brincar sozinho é chato... — Joui fez um bico descontente.
— Você pode chamar os meninos e brincar no corredor, o que acha? — sugeriu.
— Essa é uma ótima ideia! A senhora poderia ir comigo? — Joui pediu e já começou a procurar os chinelos.
— Posso sim, vamos lá. — A mulher de cabelos pretos prendeu os cabelos com uma presilha grande e foi já em direção a porta, sem se importar muito com o fato de estar apenas de pijama, coberto por um roupão felpudo e pantufas nos pés.
Elizabeth deixou a porta encostada, na pretensão de rapidamente voltar e continuar seu trabalho. O menino saiu animado e foi logo tocando a campainha do apartamento ao lado e colocou as mãos para trás, esperando a porta ser aberta. Assim que Elizabeth chegou, a porta se abriu um pouco, mostrando Thiago que estava sem camisa e com um rosto levemente sonolento. Não parecia entender aquelas duas figuras ali. Liz deu um pequeno aceno educado, acompanhado de um sorriso fechado.
— Oi senhor pai do César e do Arthur! Eu queria saber se os meninos poderiam brincar comigo aqui no corredor. — Joui falou educado.
— Ah, eu acho que eles estão no quarto deles, vou perguntar se eles querem, ok? — Thiago sorriu pequeno e deixou aquele pequeno espacinho da porta aberto, permitindo que a mulher de cabelos pretos e seu sobrinho vissem o homem coçando os olhos enquanto caminhava até uma porta fechada, abrindo ela e perguntando algo. Alguns segundos se passaram e o homem voltou, abrindo a porta melhor, apenas com sua calça cinza de moletom. Elizabeth se constrangeu de maneira abrupta, sentindo as bochechas serem tomadas por uma grande vermelhidão. — Você pode entrar se quiser! Eles tem vários brinquedos lá dentro... Prometo que é seguro, posso até deixar a porta aberta se preferirem!
— Ah... Acho que não tem nenhum problema, mas eu gostaria sim que a porta ficasse aberta. Só pra garantir. — Elizabeth concordou com a ideia. Qualquer coisa me grita, tá bom, Jô?
— Tá bom. Obrigado por vir comigo, tia Liz! — O menino a abraçou com força e a soltou, fazendo uma pequena reverência corporal em sinal de respeito a Thiago, e foi entrando na casa do homem caminhando até o quarto que viu Thiago abrir a porta e deu alguns toquinhos, entrando logo em seguida.
Thiago e Elizabeth se encararam por alguns segundos constrangedores e então, com um sorriso sem jeito, a mulher caminhou até seu apartamento.
Alguns dias são mais difíceis que os outros, e Elizabeth sabia disso. Quando voltou para seu apartamento, sentiu o vazio consumindo-a por dentro, vendo o local vazio como era antes da morte de sua irmã. Joui não era uma criança barulhenta nem fazia muita bagunça, mas sua presença ali já tornava as coisas mais vívidas, e só notou a diferença ao perceber que o menino não estava ali. Entrou no quarto do menino e viu alguns papéis desenhados sobre sua mesa de tamanho infantil, e se permitiu olhar alguns deles.
Não eram desenhos profissionais, mas eram bem desenhados para uma criança de sete anos. Um dos desenhos era de algumas flores de cor roxa, alguns tinham um menino com uma roupa colorida, em outra tinha os filhos do homem ao lado e Joui, todos fazendo um "joinha" e em outra, um desenho que tinha uma mulher abraçando Joui, e a seta dizia "Tia Liz" com sua letra infantil, porém bem desenhada. No topo da folha uma mulher com "roupa de anjo" e uma seta que dizia "mamãe". Elizabeth sorriu com aquilo.
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Vizinhos da Má Sorte [Lizago]
FanfictionEm que Elizabeth é uma cientista forense que tenta lidar com o luto da irmã e aprende a conviver com seu sobrinho. ou Em que Thiago é um jornalista recém chegado em São Paulo com seus dois filhos e tem que se adaptar com sua nova vida.