Capítulo 8: Ajude quem puder

677 62 215
                                    

Finalmente a tão aguardada quarta-feira chegou, e era hora de voltar novamente para a escola. Joui estava, de certo modo, até animado. É claro que preferiria ficar em casa mais uma vez, com os vizinhos, para uma tarde na praia, tomando sorvete, mas gostava bastante de estudar.

No apartamento ao lado, Arthur e César lidavam como se fossem ovelhinhas indo para o abate, arrastando-se com a mínima esperança de que se talvez enrolassem, poderiam faltar à escola. Provavelmente não, mas a esperança é a única que morre, ou alguma coisa assim, de acordo com o pequeno Arthur.

O encontro no corredor foi engraçado. Elizabeth e Thiago trocaram saudações e alguns olhares sem jeito, enquanto os menores se cumprimentavam com um toquinho de mãos que inventaram no dia interior.

Já no térreo, ali na porta do prédio, os cinco esperavam pacientemente pelo ônibus escolar, junto com as outras crianças e adolescentes do prédio.

Thiago e Elizabeth queriam mas não conseguiam conversar, nada passava de conversas banais sobre o tempo estar bonito, e que o ônibus estava demorando um pouco.

— Ali, o ônibus está vindo. Por favor, nada de arrumar mais brigas, mesmo que seja "o certo". Chamem um professor, ou qualquer responsável por perto, se alguma coisa acontecer. — Thiago se abaixou um pouco e falou para seus filhos, mas também levou seus olhos para Joui, vendo que o menino estava dando valor ao que falava. — Estamos entendidos? Isso também serve pra você, ok, Joui?

— Sim, senhor. — Os três responderam juntos.

O mais velho se levantou novamente e viu as três crianças caminhando lado a lado até o ônibus que acabava de parar. Olhou para Elizabeth e ali viram o espaço para uma despedida.

— Ah... Bom trabalho! — Elizabeth sorriu educada.

— Pra você também, minha querida. — Thiago coçou a nuca dando um sorriso sem jeito.

Davam um abraço? Um aperto de mãos? Ambos estavam perdidos naquela pequena relação. No final, apenas se afastaram e cada um entrou em seu próprio carro. Sem qualquer despedida.

[...]

A parte mais legal da escola é sempre o recreio. Alguns minutos de pura correria, brincadeiras e lanches gostosos preparados pelos responsáveis.

Assim que Arthur foi liberado, enfiou sua lancheirinha no corpo e pegou a mão de seu coleguinha, Dante, que também estava com sua lancheira, o puxando para fora da sala.

Quando estavam prestes a sair do corredor, se depararam com um homem alto, muito elegante, segurando o ombro de Gal, que estava usando uma faixa preta sobre os olhos.

— Vai todo mundo me zoar. — O menininho mais velho disse.

— Tenho certeza que não. Vocês, rapazinhos, podem me dizer onde é a sala do terceiro ano? — O homem perguntou aos dois menininhos que seguravam as mãos com força, temendo que Gal fizesse algo.

Sentindo seu corpo inteiro tremer, Arthur respirou fundo e acenou positivamente com a cabeça. Dante não estava entendendo, mas decidiu ficar em silêncio.

Foram voltando o corredor com o homem em seu encalço, e chegaram até a sala. O homem seguiu o direcionamento de Gal sobre qual era sua carteira, e o deixou sentado lá. Arthur observou ali na porta, e sussurrou para Dante toda a situação.

— Qualquer coisa pode pedir para que me liguem, está bem? Eu mesmo virei o buscar no fim da aula. Por favor, não se envolva em brigas, Gal. — O homem pediu e saiu da sala, deixando o menino vendado ali. Arthur e Dante fingiram estar conversando outra coisa quando o homem passou.

Vizinhos da Má Sorte [Lizago]Onde histórias criam vida. Descubra agora