Capítulo 14- Festa

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-Rosé, você anda meio disperso nas aulas de um tempo para cá... - Rosé franziu a testa já pronta para desculpar quando a professora continuou- Não meu bem, isso não é bronca. É apenas preocupação. Só queria saber se você está bem, como está ultimamente. E você sabe que você pode confiar em mim quando sentir confortável para compartilhar não é?

-Obrigada pro Paula. Eu sei sim, mas é nada não. Prometo que irei prestar mais atenção nas aulas.

-Mas saiba que estarei aqui sempre que precisar, para qualquer tipo de problema.- ela piscou os olhos para a loira quando disse- até para problemas de paixões platônicas.

Paixões? Rosé não sabia se isso era a palavra certo para medir a relação entre ela e Lisa. Mas será que realmente o que nutria por ela era paixão? Elas nem sequer se conheceram bem. Ou será que era repulsa em relação ao fato de que fora substituído tão facilmente por uma outra?

Em um instante, Rosé relacionou esse sentimento ao ciúmes, mas logo, descartou tal possibilidade. Este sentimento era algo íntimo demais, impossível de acontecer pelo menos neste momento. Era um sentimento que desejou sentir no passado, porém brutalmente reprimida por ela agora. Por isso aquelas inquietações quando ouviu a palavra "paixão" como justificativa para os desânimos que vinha sentindo, negou-se. Negou porque nenhuma vez alguém a ensinou como amar alguém, negou porque nenhuma vez foi amada sem sair de coração estilhaçado.

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Meados de março, o vento ainda tinha cheiro de verão. O tempo esquentava mas parece que algumas outras coisas se resfriaram.

Rosé estava no baile de aniversário da Seulgi, uma das melhores amigas da Jennie, razão pela qual também foi convidada.

O cenário deslumbrante com a luz irradiando por todos os cantos, os tapetes vermelhos que davam acesso ao salão principal e enfaticamente as comidas a excesso maravilhavam Rosé. Tudo estava tão bem organizado que Rosé se sentia uma atriz de Hollywood num evento histórico. Mas afinal, 18 anos só se fazia uma vez e toda aquela ostentação com certeza entraria como um momento inesquecível para Seulgi. Mas também para ela própria.

O tema era um baile de máscara.

Ela olhou de soslaio por toda a comida exposta nas bancadas e suspirou ao cruzar os olhos com o garoto com que estava dançando naquele momento. Tinham coisas melhores para se fazer em um pleno sábado, não?

-Está curtindo o baile?

-Sim...

-Você valsa muito bem sabia disso?

-Obrigada pelo elogio, você também.

-Ah não! Você valsa muito melhor! Já pisei em você umas quatro vezes.

"Ainda bem que você sabe."

-você é muito linda...

O garoto forçou mais a mão que estava apoiado na cintura do Rosé enquanto valsava.

-Não sou Hana.

Ele se aproximou do ouvido dela, fazendo Rosé sentir calafrios na barriga, mas não pela agitação causada por sentimentos incontroláveis, mas sim por uma repulsão natural que tinha por homem. Sussurrou:

-Eu queria dançar mais vezes com você. E se puder, até a eternidade.

Rosé não se sentiu agradável com tais declarações vindos subitamente de alguém que claramente lhe olhava mais com tesão do que paixão.

-Desculpe moço. Preciso me retirar.

-Ah, não vá. Fique. Só até essa musica acabar.

-Você disse isso uma musica atrás.

Ele o puxou para mais perto de si.

-Você é surdo cara?! Pedi para você me soltar! - Rosé tentou empurra-lo mas sem sucesso.

O garoto queria abrir a boca para retrucar mas a tapa que levou na mão que estava situado na cintura da Rosé fez lhe soltar um gemido.

Ele se virou quando seus olhos se cruzaram com um par de castanho escuro onde se via apenas uma fúria espelhado no seu reflexo. A pessoa sorriu para ele hostilmente:

-Ela disse para parar. Não ouviu?

O garoto se calou ao se colidir com a aura assustadora da pessoa que mesmo sorrindo exalava um certo terror.

-Des... des.. desculpa....

-Caia fora daqui.

A uma distância relevante, Rosé se virou para tal pessoa: olhos castanhos escuros que pareciam conhecer de algum lugar, o terno esfarrapado com o traje banal de jeans e camiseta por dentro. Parecia que ela improvisara o visual encima do tempo, e parecia muito mais que o terno que usava por fora não deu nem tempo para passar um ferro.

Apareceu um vulto de certo alguém na sua cabeça, principalmente pela semelhança na voz. Mas ela negou seu próprio pensamento, porque, primeiro não era possível ela estar ali já que era uma amiga da Jennie que estudava em um outro colégio, segundo porque ela já estava aceitando atos amorosos de um outro alguém.

-Obrigada! Obrigada mesmo!

-Como?

-Hã? Como o que?

-Como que você vai me agradecer?

Rosé xingou tal pessoa por dentro. Que azar é essa dela de se encontrar dois doentes num mesmo dia. Ela deveria mesmo ficar em casa, derramada no sofá e no seus gigantescos puffs, assistindo qualquer romance grotesco invés de ter que aturar com tanta gente estranha em apenas meia hora de baile.

-Eu a agradeci. Não?

A garota a puxou, e ela sobrecaiu sobre seu peito, colidindo com os ombros dela.

Ela poderia sentir o cheiro de perfumes de marcas luxuosas ou do cheiro de comidas esfriadas ou até do cheiro de verão e de orvalho. Mas não, Rosé apenas sentiu no ar que podia conter todos esses químicos olfativos, o cheiro de leite condensado único dela.

Until I found you - ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora