Meu Celular

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Abro os olhos com certa dificuldade...
Vou vasculhando cada centímetro da minha sala.
Minha sala?
É... Acho que é.
Pelo visto adormeci por aqui mais uma vez. Vejo que estou sem as calças e com a mesma blusa que estava ontem. 
Tudo está intacto.
Ontem, mesmo sem ter muita noção,
lembro-me de procurar meu celular
em vão
para saber se ela estava bem.
Ela! Sempre ela vindo à minha cabeça.
Será que ela está bem?
Lembrei-me disso e dei um pulo do sofá que serviria muito bem como uma cama.
Só ela pra me fazer tentar...
Vou andando pela casa que não tem fim e acho o maldito do celular na mesa de jantar. Também dou de cara com a Margareth. 
Por algum motivo está irritada com as roupas pra lavar.
Não se importou por eu estar de camisas e de cuecas, mas se importou quando disse que não queria conversar.
Peguei meu celular e fui para cama.
Tanto luxo...
Tanto dinheiro,
tanto sucesso...
E eu fui me apaixonar logo por ela.
Meu celular não tinha nenhuma mensagem dela.
Acho que seria muito esperar algo.
As horas vão passando...
Eu penso em ir para o trabalho.
Não tenho ressaca e nem nada.
É mais uma insatisfação que fica lá dentro querendo gritar.
Quero largar tudo!
Passo os dedos entre os cabelos e sinto algo diferente...
Minha testa está inchada,
meu rosto também dói.
Não me importo.
Tenho dores piores.
Algo é preciso ser feito e minha inteligência não ajuda em nada.
Não preciso de inteligência,
preciso de coragem.
Ontem eu me droguei...
Lembro que bati com a cabeça e depois de acordar no chão.
Nem sei quanto tempo fiquei ali.
Estou com um olho roxo e mais algumas outras partes machucadas.
Era pra ter sido o último dia e não foi.
Procurei o celular antes de dormir.
Lembro-me de ter procurado.
Vou para o chuveiro...
Fico lá tomando meu banho. 
Saio,
me seco,
faço um curativo e sigo em frente.
Margareth ainda está reclamando da roupa dizendo que tinha lavado tal calça minha ontem e que eu uso muita roupa.
Nem reparou que estou com um curativo.
Acho que ela não olha pra mim faz tempo.
Que ela fique reclamando sozinha!
Bato a porta e vou embora.
Meu celular!
Quase fui sem ele.
Tenho que ligar pra perguntar se ela está bem.

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