Noite de Amor

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Ah, menino...
Em seu quarto se arrependia
de ter tido uma noite de amor.
Amor?
Sim, era amor.
Pelo menos pra ele.
Será que era por isso que andava tão choroso?
Não tinha feito
sexo por sexo.
Tinha feito amor
depois de um longo tempo
sem saber o que era isso.
Depois que ela se foi,
tudo virou um borrão.
Drogou-se como o mimado que sempre fora.
Ah... Ela o chamava de mimado.
Ele achava graça.
Agora não vê nada de bom nisso.
Misturou um pouco de álcool.
Parecia que nada fazia efeito.
Queria que a lucidez fosse embora.
Não queria chorar.
Não tinha idade pra isso.
Era um homem,
não um menino.
Um menino mimado.
Mas acabou chorando
antes de conseguir
conter as lágrimas.
Sentiu dor.
Sentiu esse tipo de dor
depois de muitos anos.
O cheiro dela
estava nele...
No seu sexo,
em sua pele.
A saliva dela estava pelo seu corpo.
Não quis tomar banho...
Quis sentir tudo aquilo
por mais tempo.
Ela se fora.
Nada fazia efeito,
nada fazia sentido.
Apagou depois de um tempo
com as janelas abertas.
Quando acordou,
a chuva caía,
a televisão chuviscava junto
já era quase dia.
Tentou levantar
para ver o nascer do Sol.
Foi se arrastando.
Deprimente.
Deprimido.
Não tinha Sol.
Estava tudo cinza lá fora.
Lá dentro também não estava?
Deixou que a chuva continuasse caindo e voltou se arrastando para cama.
Seu cachorro,
encolhido num canto da cama,
vigiava tudo com seus olhos atentos.
Tinha ficado ao lado dele
durante todo esse tempo.
Passou pela cabeça dele
a fome que aquele serzinho estava sentindo.
Mas o cão não queria sair do seu lado.
Se encolheu na sua barriga
como uma espécie de consolo para o seu dono
e ficou lá.
O homem agradeceu.
Apagou de novo...
Com fome,
sede,
sono,
dor e amor.
Ah, menino...

Punhos de GessoOnde histórias criam vida. Descubra agora