Solitário

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Hoje ele quis ir pra casa.
Ilusão.
Doce ilusão.
Era aquele tipo de sentimentozinho
que ficava ali
indo e vindo.
Às vezes ele se olhava
e se sentia bem
por viver meio assim
meio
sem canto.
Sem ter que dar satisfação das suas vontades, dos seus vexames,
das suas brincadeiras estúpidas,
das suas insatisfações.
Ele era livre.
Por outras vezes,
olhava pros lados
e se via
desamparado.
E não adiantava deitar no colo
de outras
pessoas,
dormir em camas
desconhecidas
com afagos desprovidos de carinho,
almoços sem o amor
pra dar gosto
à comida.
Ele era solitário.
Nesses momentos
se sentia
mais vazio
do que quando estava sozinho.
Ele era livre,
mas preso na solidão.
Às vezes era bom,
às vezes ruim.
O sentimento nunca era pleno.
Antes,
ele se sentia
como um vulcão em erupção,
mas era lá,
naquele canto
que ele se sentia completo.
Sentia-se fazendo parte
de algum lugar.
Só que ele não podia mais
ligar
e pedir pra voltar.
Também nunca pediu
pra ir embora.
E aquele lugar
que ele se sentia completo,
não existia mais.
O que restava era ter que se contentar
em ter um canto,
mesmo sem ser o seu lar
e sonhar com aquele lugar
em que tanto amava ficar.

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