Íris

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Um olhar nunca foi tão importante pra mim.
Passei horas olhando nos seus olhos,
contando as pintinhas marrons
da sua íris verde.
Eu olhava e pensava nos segredos que eu ainda deveria decifrar para entrar mais na sua alma.
Seus olhos tinham clareza.
Brilhavam.
Tiravam um sorriso dos meus lábios – neste exato momento estou com um sorriso nos meus lábios que são seus.
E esses olhos tão grandes
que se estreitavam com o seu sorriso
e me sugavam para dentro de você...
E eu vagava sem me preocupar com o rumo. Era lá que eu queria estar.
Esses olhos eram os mesmos que davam para perceber o receio,
o medo,
a dor,
a alegria
e que me fazia querer abraçar você
e falar que tudo passa
e o que não fosse pra passar,
eu faria qualquer coisa pra você ter.
Sua íris era verde e,
embora eu não visse sempre sua alma,
poderia dizer que ela era bem transparente.
Mas teve um dia que eu vi ausência.
Não vi as pintas,
não vi sua íris nem verde e nem transparente.
Vi somente aqueles olhos que qualquer pessoa olharia e pensaria:
"que lindo par de olhos".
E eu tive raiva.
Você era mais que isso.
Dizem que os olhos são a janela para alma.
Ali, naquele dia,
o pouco da janela da sua alma
que já estava exposta para mim,
tinha se fechado.
A ausência de você doeu.
Nunca vi seu corpo,
via você pelo olhar...
Via pela alma.
Quando percebi que aquele olhar não estava mais ali,
fiquei sem reação.
Eu havia perdido a porta para sua alma.
Nunca imaginei que depois de tudo,
a falta do seu olhar seria o que mais me faria falta...
O que mais me faz falta.

As portas se fecharam.
Aquele olhar nunca mais se dirigiu a mim.

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