Capítulo 27: Abraços que salvam

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Pela manhã, Ana foi acordada quando cochilava sentada na cela.

- Vamos, você está liberada! - disse a policial, em tom firme, sem olhar muito para Ana.

- Liberada? Hã? - o sorriso e o choro tomaram conta do rosto dela.

- Vamos!

Após algumas assinaturas, a entrega dos pertences e a troca de roupas, Ana se dirigiu até a saída da delegacia.

Com a abertura do portão, a melhor visão do mundo: Mariana.

O abraço mais aguardado do mundo aconteceu. Ana desabou de chorar, seu corpo não suportou o peso e ela foi ao chão, em meio aos braços da amada.

- Acabou, meu amor - Mariana tentava consolá-la com carinho, beijos e fortes abraços. Suas mãos circulavam pelas costas dela no intuito de passar segurança.

- Não conseguia respirar lá dentro, foi uma noite horrível! Senti que meu coração ia se destroçar em mil pedaços - revelou entre soluços.

- Eu vou te levar para casa, vou cuidar de você e tudo vai ficar bem!

Mariana ajudou Ana a erguer-se novamente e a levou até o carro.

As duas permaneceram abraçadas por todo o caminho, até a entrada da casa.

No mesmo instante que o carro adentrou o jardim, Regina gritava agitada, ela sabia que a mãe estava de volta.

Ana ouviu os gritos e se emocionou, seu coração transbordou.

Ao descer do carro, mais abraços, mais amor.

Voltar para casa não é sobre a mansão, e sim, sobre a família, o verdade lar.

- Te amo tanto, Regina! - tantos beijos e tantos abraços. - Onde está sua irmã, meu amor?

Em questão de instantes, a babá se aproximou com a Valentina.

O coração de Ana parou por instantes para ouvir as batidas de suas pequenas.

Com as duas no colo, ela olhou para Mariana, e em silêncio pronunciou "te amo". A morena apenas sorriu de canto e se aproximou da família. O grande abraço de reencontro.

Após comer todo o café preparado por sua família, Ana subiu ao seu quarto sozinha.

Sentada na cama, ela chorou incansavelmente, mas em silêncio, sem alarde.

Sua amada rapidamente adentrou o local e a contemplou com um abraço gentil e muito amoroso.

Com a leve pressão do ato, Ana descarregou a tristeza emocional que carregava consigo.

- Minha mãe está presa? - finalmente perguntou.

- Está, mas já estamos cuidando disso, vai ficar tudo bem. O importante é que você está aqui.

- Eu ouvi tantas coisas horríveis ontem. Disseram que meus filhos não iriam mais querer me ver, que você teria outra... quase fiquei louca pensando nessas coisas, minha mente foi a milhão.

- Mas no fim você está aqui, vida. Está com quem mais te ama porque é uma mulher justa, limpa e completamente merecedora de uma vida feliz. Acabou! Nós vamos recomeçar e vai ser incrível!

Ana sorriu de canto.

- Eu não suportaria uma vida sem os seus abraços.

- Vem... - Mariana riu fraco enquanto puxava Ana pelo braço até o banheiro. - Você precisa de um banho gostoso com muita massagem!

- Alguns beijos também... - revelou discretamente, enquanto tirava sua blusa.

- Pensei em encher a banheira, mas acho que o ideal é um bom banho de chuveiro.

- Com você do meu lado.

- Claro!

Na água, Mariana deslizou os dedos pelo corpo de Ana em movimentos circulares e fortes, para aliviar toda a tensão guardada nos ombros dela.

Nua, a loira relaxou seu corpo sob o da amada, e encostou suas costas sob o peito dela, entrelaçando as mãos em meio a água.

- Sabe, eu me desesperei tantas vezes sem você aqui nessa casa. Percebi que a sua presença é o meu pilar principal. Eu preciso de você por perto. Quero que saiba que vou estar do seu lado sempre, em todo e qualquer momento. Vou estar aqui para nossa família. Vou fazer de tudo pra te acolher.

- Eu sei disso. Está fazendo isso agora, meu amor.

Ana virou-se frente a frente para a morena, deslizando seus dedos pelo rosto molhado dela, enquanto sentia a água quente cair sobre o seu corpo.

Mariana acariciou os cabelos sedosos de Ana, descendo sua mão pela nuca dela, causando leves arrepios.

Como um encontro de almas genuinamente feitas para viver juntas, as bocas das duas se encontraram e se sentiram em cada toque.

E após uma noite sombria e triste, Ana sentiu-se inebriada de amor e prazer. O beijo traduziu as palavras que as duas nem sempre conseguem dizer.

- Vem! - Mariana afastou-se de Ana lentamente, desligou o chuveiro e pegou uma das toalhas brancas penduradas, entregando nas mãos da amada, enquanto ajudava ela a vestir o roupão - Agora vou te dar a massagem que prometi!

- Te amo - disse ao deitar sua cabeça sobre o braço da mais nova e sorrir de canto, finalmente leve.

Ana estava extremamente cansada, destruída do dia anterior, da noite mal dormida, dos pensamentos aterrorizantes e de tudo que passou, então em meio às mãos de Mariana, ela dormiu tranquila.

Juntas, abraçadas, de conchinha, elas passaram a tarde e a noite.

Porém, a manhã seguinte trouxe a imprensa e suas incansáveis perguntas.

Cansada de tantos julgamentos, Ana Servín vestiu sua capa de grande executiva imbatível, abriu a porta, e decidiu falar, dar um basta no assunto.

Uma grande mudança está por vir.

Me Salvaste - MaryanaOnde histórias criam vida. Descubra agora