Capítulo 25: Uma noite na prisão

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Em pouco tempo, o policial já estava dentro da casa.

Naquele instante, o mundo ficou silencioso. Ana e Mariana estavam em choque, e em meio àquela grande sala, apenas se enxergaram. 

Assustada, Ana entregou Valentina nos braços de Altagracia, que também estava paralisada com a situação.

O momento gerou uma mistura de sentimentos, no qual Ana sentiu medo e se entristeceu ao mesmo tempo. 

Mergulhada nos seus próprios pensamentos, Ana olhou nos olhos da sua amada já chorosa.

— Vai ficar tudo bem, tá bom?

— Como assim vocês chegam a nossa casa e dizem que vão prendê-la? Tenho absoluta certeza que a Ana não fez nada! — Mariana se desesperou, alterando o tom de voz com o policial.

— Amor, por favor, se acalme! — Ana se aproximou da loira, segurando no rosto dela com as duas mãos. — Preciso que cuide da nossa família e que mantenha a calma, ok? Preciso muito de você.

De repente, um carro parou do lado de fora de casa, bem na porta. Naquele instante, a empresária sentiu seu coração disparar. No último momento, ela cerrou os dentes e apertou as mãos que estavam trêmulas, então, tentou lembrar dos exercícios ensinados pela psicóloga para conter a ansiedade, tentando manter a calma. 

— Este é o pedido de prisão. — disse o policial, ao entregar os papéis.

Enquanto ele se aproximava, o coração de Ana bateu mais rápido e sua respiração parecia que estava saindo em rajadas curtas. 

Ela não podia acreditar em cada palavra daquele documento que a responsabilizava por todos os crimes cometidos por Juan Carlos.

— Eu não fiz essas coisas.

— Precisamos ir. — alertou o policial.

— Preciso dar um beijo nas minhas filhas, por favor. — Ana desabou no choro.

Ana se aproximou das pequenas e de sua noiva, deixando um beijo na testa de cada uma.

— Se cuidem muito, por favor! Eu amo muito vocês.

— Vou resolver isso, você não vai ficar nem uma só noite presa. Tá me ouvindo?

Mariana nem teve tempo de se declarar ou expressar todo o sentimento de impotência que estava sentindo.

Ana virou de costas e foi algemada. Pouco depois recebeu orientações e foi levada para o carro.

Da janela do veículo, Ana olhou para Mariana com seus olhos frios e aflitos. Naquele momento, a primeira coisa que passou por sua mente foi abaixar a cabeça e evitar olhar diretamente para ela, mas ela forcei seu queixo para cima. E quando o fez, viu seu reflexo nos olhos escuros dela.

Mariana pegou o carro mesmo com as mãos trêmulas e o coração apertado. Do caminho, ligou para Cynthia e pediu ajuda com os advogados, e também ligou para Elena, para que a amiga a ajudasse com as meninas, que haviam ficado em casa.

Na delegacia, depois de horas de espera, Ana foi chamada por um inspetor que o informou sobre um mandado de prisão. 

Mandaram a loira tirar o salto, a roupa, e a levaram para a cela. Durante o dia, ela não pôde falar com nenhum conhecido. 

Da cela só saiu para um interrogatório, quando perguntaram se ela tinha conhecimento de todo o desvio de dinheiro que foi feito a partir das contas da empresa.

No relatório da Polícia Civil, dados números e assinaturas que confirmam a ciência de Ana diante de todas as transações ilegais.

O maior pesadelo da vida da mãe de Regina e Valentina começou quando ela colocou os pés lá dentro. 

Um agente penitenciário a levou até uma cela coletiva onde se espremiam 5 mulheres. 

Na hora que ela ouviu o tlec!, aquele som da jaula sendo trancada, desabou e chorou, sendo julgada por todas as outras presas, que a tocavam, zombavam, e apontavam qual possível crime Ana teria cometido.

Estava um calor infernal e a loira sentia um cheiro insuportável de suor, que revirou seu frágil estômago. 

Ninguém parecia se importar com a presença de Ana a ponto de perguntar como ela se sentia. Até que uma encarcerada mal encarada foi em direção dela e disse, olhando em seu olho: “Bem-vinda ao inferno”.

Durante as longas horas, Ana tentou muito não se desesperar. Pensava consigo mesma que tudo ia se resolver rapidamente, que ia provar que não era para estar ali. 

Ana ficava no seu canto, sem falar muito com ninguém por medo de sofrer alguma represália.

Do outro lado, Mariana discutia com os policiais e tentava incansavelmente convencê-los a soltar a amada, mas ela nem sequer conseguia vê-la.

As horas seguiram passando, a noite chegou e o maior pesadelo de Ana se concretizou: dormir na cadeia.

Elena foi até o local buscar Mariana. A morena estava irredutível, não queria deixar o local sem a noiva, mas não havia outra opção.

— Mari, eu sei que você está fazendo o impossível pela Ana. Isso é o que fazemos por amor. Mas presta atenção, estar aqui não vai fazê-la ser solta. Precisa ir pra casa, ficar com as meninas e recarregar a energia para estar aqui amanhã. 

Elena segurava nos dois braços da amiga, tentando se fazer ouvida.

Mariana chorava inconsolável. A maquiagem borrada e o cabelo bagunçado denunciavam seu cansaço.

— E se ela estiver achando que eu não estou lutando por ela? Não me deixaram vê-la. De manhã fará 24h que ela está aqui e não me deixam vê-la de forma alguma. 

— Há uma coisa no amor que transcende o contato físico. Com certeza ela precisa de você e do seu abraço, mas mesmo sem ter isso agora, ela deve saber que você está com ela.

Mariana respondeu balançando a cabeça negativamente e abraçando a amiga.

Já na mansão, o choro tomou conta do ambiente. Herrera viu as pequenas e não pôde evitar o sentimento de medo e saudade.

As meninas estavam enjoadinhas também. Saudosas, elas queriam atenção da mãe, que naquele momento, não tinha forças para nada.

Elena preparou a mamadeira das meninas e ligou para Teresa pedindo ajuda com o banho delas. Em pouco tempo toda a família Herrera estava reunida e se ajudando. 

Enquanto isso, Elena pôde ajudar a amiga, cuidando da alimentação dela e preparando um banho quente.

Antes de dormir, Mariana recebeu uma ligação inesperada da advogada. As notícias não eram boas.

Me Salvaste - MaryanaOnde histórias criam vida. Descubra agora