Amor Proibido: Sangue Escuro

Capítulo 11

Quando chegamos, tudo parecia normal, prédios ornamentais e casas tradicionais se erguiam imponentes diante de nós, e diversos ferreiros que transitavam pelas ruas vieram nos cumprimentar. Uma vila inteira escondia por detrás de montanhas e barrancos.

O chefe da vila, Tecchin, saudou e guiou-nos até o local onde ficaríamos hospedados. Era um hotel simples em relação ao resto da vila, mas seus cômodos eram aconchegantes e limpos, o que me agradava bastante.

Após guardar meus pertences devidamente, voltei para a entrada do recinto, onde Tecchin nos esperava pacientemente ao lado de dois outros ferreiros mais jovens.

Pelo que ele explicou, aparentemente, alguns ferreiros haviam sumido durante a calada da noite, e alguns locais afirmavam escutar sons aterrorizantes, se perturbando com gritos abafados à distância, que ressoavam pela madrugada.

Mas Tanjiro, mesmo ouvindo com muita atenção, estava animado com toda a grandeza do lugar, e seguiu em direção à floresta sem hesitar, afirmando que sentia o cheiro de fontes termais nas proximidades.

Logo fui atrás dele, que me surpreendeu com sua velocidade. Estávamos praticamente igualados, e só superei-o por conta do meu vigor aprimorado decorrente de intensas sessões de treino.

A brisa suave que soprava contra minha pele me lembrava dos bons momentos da minha infância, quando eu e Senjuro brincávamos juntos no jardim, e mamãe apenas nos observava com um sorriso terno no rosto enquanto preparava o almoço.

Depois de alguns minutos caminhando pela trilha, avistamos uma pequena lagoa circundada por diversas rochas de tamanhos variados, a água aquecida borbulhava e o vapor volátil umidecia o ambiente.

Uma aura reconfortante encobriu o meu corpo, percebi meus músculos relaxarem, e a tentadora ideia de me banhar nas águas logo instaurou-se em minha mente, mas, mesmo sentido uma pontada de arrependimento, tive que recusar, visto que não havia tempo para me divertir.

Enquanto observava as folhas dançando ao véu do vento, notei Tanjiro fitando fixamente as bolhas na superfície d'água, ele teve o mesmo pensamento que eu tive, com certeza.

Rapidamente repousei minha mão em seu ombro, afim de evitar qualquer intriga desnecessária, incentivando-o a entrar na fonte. Ele precisava de uma pausa.

Havíamos treinado intensamente por vários meses, e durante nossas sessões de treino, percebi que algo o atormentava, deixava-o infeliz. Mesmo que ele não demonstrasse diretamente pra mim ou para seus companheiros.

E isso me deixava angustiado, pois diferente dos outros dois, eu me sentia mal por todo o trauma pelo qual Tanjiro passava.

- Pode ir, Tanjiro. Você se esforçou muito durante o tempo em que treinamos, você merece um tempo apenas para si. Disse, olhando de forma afetuosa em seus olhos, eu conseguia ver através das íris bordô deles, vi a culpa se esvaindo e dando espaço para a alegria, por um breve período, ao menos.

- Obrigado, Senhor Rengoku! Obrigado mesmo! Respondeu Tanjiro com brilho satisfatório no olhar e com um sorriso agradecido no rosto.

Satisfeito e contente por livrar Tanjiro de suas mágoas, sorri amigavelmente e virei-me para retornar à vila.

- Por que não entra também, Senhor Rengoku? Perguntou Tanjiro antes que eu pudesse sequer dar um passo adiante.

Novamente, a ideia sedutora de entrar nas águas relaxantes da fonte vieram a mente, mas dessa vez algo além de um simples pensamento começou a faiscar em meu subconsciente.