Urgência

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Entre o trabalho de uma comissão e outra, uma agenda e outra, Lindbergh Farias mandou mensagem perguntando onde Gleisi Hoffmann estava e descobriu que era no gabinete dela mesmo, sozinha, lendo alguns documentos importantes para a discussão de logo mais, no plenário da Câmara dos Deputados. Ele perguntou se poderia vê-la, ela estranhou um pouco, geralmente o deputado apenas apareceria ali. Ela respondeu que sim e voltou à leitura, tentando não pensar muito naquilo.

Não se passaram nem dez minutos e a porta da sala particular dela dentro do gabinete se abriu. Lindbergh entrou e trancou a porta.

- Lind, tá tudo bem? – ela deixou os papéis sobre a mesa, tirou os óculos de leitura e se levantou.

- Eu não tô aguentando mais, estrelinha... – o deputado respondeu e ela franziu o cenho, não esperava aquela resposta.

- Do que você tá falando?

- De saudade.

Os dois mal tinham se visto naquela terça-feira. Ele tinha chegado a Brasília na segunda-feira à noite, desde que assumiu o mandato de deputado federal, estava morando no mesmo apartamento funcional onde Gleisi já morava desde 2011. Ela aterrissou na capital federal somente no início da manhã seguinte e tinha a agenda cheia de reuniões, nem foi ao apartamento, seguiu do aeroporto direto para seu gabinete.

Em dois passos, Lindbergh abraçou o corpo pequeno de Gleisi, segurou com uma das mãos a cintura dela e a outra nuca. Sem dar tempo dela dizer mais nada, Farias beijou a namorada com tanto desejo que a deixou desnorteada num primeiro momento. E então a deputada beijou de volta o namorado na mesma intensidade, deixando-o saber que ela também estava sentindo falta dele por aqueles dias afastados.

Às vezes era difícil explicar, pôr em palavras a necessidade que os dois têm um do outro. Quando buscar o ar foi necessário, Lindbergh a segurou junto dele, encaixando o rosto no pescoço dela, mesmo que tivesse que se dobrar um pouco para alcançar aquele espaço com os dois de pé.

- Bem, aconteceu alguma coisa? – Gleisi perguntou baixinho, enquanto acariciava os cabelos matizados de cinza de Lindbergh.

Ele respirou fundo, inalando o perfume dela, apertou um pouco mais a cintura bem marcada da namorada, que usava uma calça mais alta naquele dia.

- Não, quer dizer... eu sei que a gente mora junto aqui, eu sei que a gente se despediu no início da tarde de sexta-feira, eu sei que a gente já ficou muito mais tempo sem se ver, mas, Gleisi, eu não sei se você entende a vontade que eu tenho de você. A vontade que eu tenho de tá com você, de... eu acho que não sei bem falar isso – Lindbergh a olhava intensamente, tentando transmitir mais nos olhares, na presença dele do que propriamente nas palavras o que queria que sua mulher entendesse.

A deputada e presidenta do PT sorriu. Um sorriso sem reservas, um sorriso que era dele, só dele. E Farias respirou fundo porque a beleza dela, não só física, o desorientava sobremaneira.

- Às vezes cê me deixa sem saber o que dizer – Gleisi segurou o rosto do namorado com as duas mãos, sem desviar o olhar dele.

- Deixo? – ele sorriu, porque sabia o quanto significava deixar Gleisi Helena Hoffmann sem resposta.

- Uhum... – ela se aproximou mais, se segurou com os dois braços ao redor do pescoço dele e ficou na ponta dos pés, puxando seu homem um pouco para que conseguisse deixar um beijo na ponta do nariz do deputado – Eu também sinto essa vontade de você, Lind – ela confessou bem perto do ouvido dele, fazendo Lindbergh se arrepiar inteiro.

- Meu amor... – ele fechou os olhos, abraçando Gleisi, voltando para o abrigo da curva do pescoço dela, que encarou o relógio de parede que havia ali.

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