Sr. & Sra. Lindos

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Que fique registrado que isso daqui é culpa de dona Gleisi Helena, ninguém mandou afirmar em entrevista por aí que é casada! Inclusive, conte mais, senhora casada com político, por favor, das coisinhas de vocês dois. Principalmente das divergências! 😶‍🌫️

O Ministério do Amor é lindo! 

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Estava em seu gabinete, em Brasília, iniciando a maratona de agendas da tarde daquela quarta-feira. Encarava sua quinta reunião seguida, com uma pequena pausa para o almoço, após levar sua mulher, a deputada federal Gleisi Hoffmann, logo cedo, ao aeroporto. Ela passaria o dia em Porto Alegre, nas atividades da candidata a prefeita Maria do Rosário. Após a dedicação a diversas campanhas no primeiro turno das eleições municipais, as demandas se acumulavam para o também membro da Câmara dos Deputados Lindbergh Farias.

Eram quase 14 horas quando uma enxurrada de notificações começou em seu celular. As mensagens se multiplicavam em grupos e contatos individuais, tanto que o parlamentar precisou virar a tela do aparelho para baixo, para que pudesse concluir o encontro com um grupo de vereadores do PT recém-eleitos em municípios da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, estado que representava enquanto deputado federal. Após se despedir de companheiros e companheiras, teria cerca de meia hora antes de se apresentar à reunião da Comissão de Constituição e Justiça, da qual era membro. Serviu-se de um café e destravou o telefone.

Atordoado com a quantidade de ligações perdidas e mensagens, tentava entender o que tinha acontecido e buscou seus óculos de leitura. A equipe que trabalhava com ele estava conversando e rindo do outro lado da porta, o que entendeu como um bom sinal. Quando começou a passar as conversas, viu que as palavras "Gleisi" e "casamento" se repetiam absurdamente.

- O que foi que você fez, estrelinha? – o parlamentar começou a rir com as figurinhas e cobranças feitas a ele sobre aquele enlace.

Clicou no primeiro link que apareceu no grupo da bancada do PT no Congresso, era da entrevista de Hoffmann ao programa "Reconversa", com o jornalista Reinaldo Azevedo e o advogado Walfrido Warde, que tinha ido ao ar por volta do meio-dia, no Youtube. É claro que se lembrava daquele compromisso, Gleisi tinha gravado o programa em São Paulo, entre uma e outra agenda referente às campanhas de Guilherme Boulos e Marta Suplicy e outros nomes do partido ou aliados que ainda disputavam o segundo turno em cidades paulistas.

Sorriu ao vê-la leve, com o semblante iluminado, respondendo uma pergunta sobre seu jeito de rezar. Sua companheira nunca negou a origem cristã e católica de sua militância política, iniciada ainda no movimento estudantil e influenciada pela teologia da libertação, corrente de pensamento nascida dentro do catolicismo na década de 1960, na América Latina. Lindbergh prendeu a respiração quando o jornalista abordou outro tema, a relação dos dois, algo que Gleisi não costumava falar em entrevistas ou expor na imprensa. Buscava preservar a privacidade de sua vida pessoal, que já tinha sido tão exposta depois da ascensão dela ao Ministério da Casa Civil, ainda em 2011, e cujo ápice foi o período marcado pela perseguição política ao PT a partir da Operação Lava Jato.

Lindbergh Farias tinha um sorriso grande no rosto e um brilho bonito nos olhos acompanhando a conversa.

- A senhora é casada com político – afirmou Reinaldo Azevedo para Gleisi.

- Uhum – ela apenas concordou, com um pequeno sorriso, e o café que o deputado bebia acabou respingando na mesa e em sua camisa branca.

- Merda! – resmungou tentando limpar o tecido com papel toalha e apenas espalhando ainda mais as pequenas manchas marrons. Certamente, teria que mandar aquela peça de roupa para uma lavanderia.

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