Espelho, espelho nosso!

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Lindbergh percebeu, no meio da manhã, quando ainda nem tinham saído de casa, que Gleisi estava estressada, incomodada e chateada com situações e cobranças que fugiam de seu controle. Estava também um pouco cansada de lutar com tão pouco apoio, como sempre.

Por isso, encerrou as reuniões em seu dia de trabalho dentro do tempo que sabia conseguir chegar à sede do PT se não no final, pouco depois do fim da última agenda dela. Estava na antessala do gabinete da Presidência do partido quando a última comitiva de políticos saiu ainda trocando sorrisos e dizendo amenidades a ela. Percebeu de imediato o brilho no olhar de sua mulher ao vê-lo ali. Lindbergh cumprimentou os companheiros em tom festivo e sorriu quando Hoffmann dispensou a secretária, dizendo que ainda ficaria mais um tempo ali, mas que ela poderia encerrar o expediente, pois já tinha passado do horário.

O deputado esperou que Gleisi entrasse outra vez na sala ampla e admirou de novo a combinação da calça social preta, de cintura alta, com a camisa branca de botões. Ele era suspeito, pois desde sempre se viu atraído para a órbita de sua estrela, mas percebia ao redor os tantos olhares que a deputada atraía quando se vestia daquela forma. Quando verificou que o corredor estava livre, fechou a porta e passou a chave. Antes que ela pudesse se sentar em uma das poltronas, ele a alcançou, com as duas mãos na cintura bem marcada, colando os corpos dos dois. Sentiu o suspiro longo, as costas se recostando em seu peito, as mãos pequenas encontrando as dele.

- Como cê passou o dia, meu amor? – beijou os cabelos dela, que virou um pouco mais a cabeça, mostrando o pescoço.

Farias sorriu, descendo o rosto, arrastando o nariz na pele cheirosa, ouvindo o risinho baixo dela ao receber aquele carinho. Afastou a gola polo da camisa e beijou a junção entre o ombro e o pescoço com direito a mordidas e brincadeiras com a língua, sentindo o corpo menor estremecer e o gemido entrecortado, baixinho, reverberar nele. Finalmente, depois do dia longo e extenuante, ela podia se permitir relaxar um pouco, pois estava em casa nos braços de seu homem.

- Lind... – o apelido saiu manhoso, no tom de voz que só ele ouvia.

- O que você quer, estrelinha? – sussurrou no ouvido dela – Vamos pra casa? Ou cê quer ir pra algum lugar, um café, um bar?

- Me faz esquecer tudo, por favor! – disparou e sentiu os braços fortes dele a envolvendo.

- Aqui? – passeou os olhos rapidamente pelo gabinete, vendo as cortinas devidamente fechadas. Já era noite do lado de fora.

- Aqui!

Lindbergh subiu uma das mãos pelas costas dela, segurando firme pelos cabelos, como sabia que Gleisi gostava, e virou o rosto bonito, beijando sua mulher com o desejo sem fim que sentia por ela.

- Vem cá... – manteve um braço protetor ao redor dela enquanto levava os dois para junto do espelho que tinha passado a fazer parte da decoração do gabinete depois da pequena reforma feita ali.

- O que você...

- Vou fazer o que cê pediu, meu amor, mas do meu jeito – sorriu, encontrando os olhos dela no espelho. A diferença de altura dos dois estava um pouco menor devido ao salto médio que ela usava naquele dia.

- Lind?!

- Prometo que cê vai gostar, Gleisi Helena – disse bem perto do ouvido dela, ainda a olhando, e ela sorriu, adorava ouvir seu nome no sotaque gostoso dele, meio paraibano, meio carioca – Tem noção do tanto de gente que te olhou hoje? – puxou a camisa dela para fora da calça.

- Do que você tá falando? – a deputada foi com as mãos para desabotoar a roupa, mas ele a impediu, segurando as duas e deixando um beijo em cada, antes de posicioná-las em seu corpo. Lindbergh fazia questão de abrir cada casa daqueles botões.

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