Capítulo 3 - Fica Aqui Comigo?

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O apartamento de Beatrice era um pequeno loft que, apesar de pequeno, era bastante acolhedor. Bea não passava mesmo muito tempo ali, pois cada momento em que estava sozinha, seus pensamentos voavam irremediavelmente até Ava, onde quer que estivesse. E aquilo doía muito, por isso evitava dar espaço a momentos ociosos. Chegava em casa apenas para tomar banho e dormir, muitas das vezes praticamente desmaiando de cansaço em sua cama.

— Desculpe se houver algo fora do lugar... aqui é pequeno e eu quase não fico em casa.

— Bea, não se preocupe tanto... está tudo perfeito. Como tudo o que você faz, aliás. Eu não poderia estar num lugar melhor e mais aconchegante que este.

— Vou preparar alguma coisa para você comer e em seguida arrumo sua cama. Você pode tomar um banho para te ajudar a relaxar, você está com uma cara realmente cansada... vou separar uma roupa para você ficar confortável.

Ava não podia estar mais agradecida. Sentia-se bem cuidada, protegida... amada. Aproximou-se de Beatrice e lhe deu um beijo no rosto um pouco mais demorado que o usual. Ficou ali tão próxima dela que ambas podiam sentir a respiração uma da outra em seus rostos. Ava estava ardendo de vontade de beijar aqueles lábios de novo, depois de tantos anos (pelo menos para ela), mas não sabia se aquilo seria estranho ou desconfortável para Bea. Apenas se afastou alguns centímetros, olhou nos grandes e belos olhos de Beatrice e se encaminhou para o chuveiro.

Beatrice lembrou-se que deveria voltar a respirar. Recostou-se na bancada da cozinha e fechou os olhos. Como ela queria que Ava a tivesse beijado de novo. Mas por que ela mesma não tomou a iniciativa? Por que ficou esperando? "Eu sou uma idiota, sempre atrasada", pensou. Atrasada para dizer a Ava que também a amava, atrasada para tomar a iniciativa estando a centímetros de seus belos lábios rosados... mas o que ela poderia fazer se Ava a paralisava? Deixava-a sem lembrar até mesmo como se respira?

E falando em parar de respirar, lá estava a falta de ar de novo minutos depois. Ava estava saindo do banheiro, ainda secando os cabelos na toalha, vestida apenas com uma larga camisa de mangas longas de Beatrice. As belas pernas à mostra atraíram os olhos de Beatrice imediatamente. Ironias do destino à parte, Bea pensou que Ava poderia muito bem ser um anjo de verdade vindo direto do Paraíso. Era tão linda...

Engolindo em seco e voltando a si (à força), sentou-se à pequena mesa com Ava e dividiu com ela um jantar simples mas muito saboroso: massa e alguns polpetines.

— Geralmente não como em casa, não tinha muitas opções para te oferecer hoje, perdoe-me por isso.

— Está maravilhoso, Bea. De verdade.

— Pelo menos eu tenho um vinho para acompanhar.

— Quem diria, Beatrice tem vinho em casa? Só acredito porque estou vendo com meus próprios olhos. Se me contassem, eu não iria acreditar.

Beatrice riu.

— Pequenos goles, lembra?

— Sim... Eu lembro de tudo que diz respeito a você, Bea. — Ava estava se emprenhando em deixar Beatrice com as bochechas coradas, ou assim pensou Bea.

Após o jantar, Beatrice preparou a cama e abriu o sofá, cobrindo-o com lençóis, mantas e travesseiros. Ava sorriu agradecida e dirigiu-se para o sofá enquanto Bea ainda terminava de ajeitá-lo.

— Ava, você hoje dorme na cama.

— Não, de jeito nenhum vou te tirar da sua cama, do seu conforto.

— Por favor, eu faço questão. Quero que você fique o mais confortável possível, e a cama é mais macia que o sofá. Você sabe que eu não ligo para isso, as camas do convento sempre foram bastante espartanas e nunca me incomodei.

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