Capítulo 12 - Eu Não Quero Viver Sem Você

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— Bea, o que você está fazendo aqui? O que vocês três estão fazendo aqui? — Ava espantou-se ao ver que Camila e Yasmine apareciam correndo logo atrás de Beatrice.

— Ava, por favor... você não precisa fazer isso. — Beatrice falou com a voz embargada pelo choro que subia por sua garganta.

Ava olhou de Beatrice para Yasmine.

— Você contou para ela? — O tom de Ava era muito mais de lamento do que uma acusação.

— Olhe para mim, Ava! — Beatrice reivindicou a atenção de Ava. — Não importa como eu soube, o importante é que conseguimos chegar aqui antes de você fazer essa besteira! Você não pode estar realmente pensando em fazer isso.

— É o único jeito, Bea...

— Mesmo que fosse! Você não pode acabar com sua vida assim!

O tom desesperado de Beatrice quebrou Ava. A dor tomou conta dela, inundando seu peito.

— Eu quase morri ontem quando vi você deitada no chão, desacordada, com aquela tarasca a ponto de te matar. E não é exagero, Bea... eu não suporto nem pensar na ideia. Não iria aguentar ver você morrer... não iria. E é por você que eu estou fazendo isso. Para você poder viver uma vida plena, uma vida longa... e em segurança. Eu não posso suportar viver em um mundo em que você corra risco por minha causa.

— E você acha que eu suportaria viver em um mundo onde você não existisse mais?

As palavras de Beatrice pegaram Ava de surpresa. Já estava fragilizada e ouvir aquilo de sua amada Bea a quebrou de vez. As lágrimas romperam por seus olhos, acompanhando as que já escorriam pelo rosto de Beatrice desde que ela entrara naquele lugar.

Ava aproximou-se de Bea e tocou seu rosto.

— Eu quero que você viva uma vida linda, Bea... e eu te coloco em risco só de estar perto de você.

— Eu não me importo, Ava! Eu quero ficar com você, perto de você... não me deixe aqui sozinha.

— Você não está sozinha... tenho certeza que todas as irmãs te amam e vão cuidar de você... por mim. Talvez seja difícil no início, mas eu preciso que você viva... que seja feliz... que se apaixone várias vezes... que aproveite tudo o que a vida pode te dar... Minha linda Beatrice. — Ava acariciava o rosto de Bea, enxugando as lágrimas dela com o polegar.

— Eu não quero viver sem você, Ava! Não quero me apaixonar por ninguém! Eu amo você! Você está me ouvindo? Eu amo só você!!

— Por favor, Bea... não torne isso tão mais difícil para mim... Eu te amo mais do que você pode imaginar e deixar você é a coisa mais difícil que eu já tive que fazer nessa vida.

A dor podia ser vista nos olhos chorosos de Ava. Estava claro para quem visse que ela não queria ir, mas sentia que precisava fazer aquilo, que aquela era a única maneira de acabar com aquele problema de uma vez por todas.

Beatrice então respirou fundo e declarou.

— Então eu vou com você.

— O que? Não! Não... você não pode. Você vai morrer se passar pelo Arco, Bea... não! De jeito nenhum!

— Eu vou, Ava. Não me importo com o que vá acontecer. Eu prefiro perecer ao seu lado do que viver uma vida miserável aqui deste lado sem você.

Ava rompeu num choro incontrolável ao ouvir a declaração de Beatrice.

— Eu vou, Ava. Eu vou com você.

— Bea...

— Não! Não tente mudar minha cabeça. Eu não vou ficar aqui sem você. Não vou!

— E eu não quero ir, Bea... não quero ir. Eu quero ficar com você... eu não quero ir. Mas-

— Então não vá! Fique comigo.

Beatrice pegou o rosto de Ava entre as mãos e levou seus lábios para junto dos lábios de Ava. Mais uma vez parecia um beijo de adeus, mas Bea não deixaria que fosse assim desta vez. Ava entregou-se àquele beijo tão carregado com a dor de estar tendo que deixar tudo o que mais queria, o amor que ela não poderia viver.

Em meio ao beijo, entre as lágrimas das duas que se misturavam em seus rostos, Ava começou a sentir-se estranha, com falta de ar. Seu coração acelerou-se e Beatrice percebeu que algo estava errado com Ava.

— Bea... tem alguma coisa errada...

Beatrice levantou seus olhos e viu que o portal começava a ter uma pequena atividade, como o início de uma tempestade que se formava. Segurou Ava em seus braços com a intenção de protegê-la com sua própria vida se fosse necessário, e sentiu que todo o corpo de Ava estava quente. Muito mais quente do que jamais estivera. Ninguém conseguia entender o que estava acontecendo.

Então Ava puxou o ar com força, como quem sai da água depois de quase se afogar, sentindo como se algo estivesse sugando a vida de seu corpo. Houve um segundo em que tudo ficou no mais absoluto silêncio. E em seguida uma onda de energia saiu novamente do corpo de Ava, assemelhando-se ao que acontecera na noite anterior. Aquela onda de energia empurrava a todas para longe de Ava, fazendo com que Bea não conseguisse mais segurá-la. Era como uma onda de ar muito forte, contínua, e mesmo que Bea tentasse chegar perto de Ava novamente, não conseguia. Era empurrada para trás com a força daquela onda que se assemelhava a ventos de um furacão.

— Ava!! AVA!!!

Ava foi levantada do chão por aquela onda, e flutuava enquanto um fio dourado saía de suas costas entrando pela pequena abertura do Arco.

— Lilith, pelo amor de Deus!! FAÇA ALGUMA COISA!!! — Beatrice gritava em desespero.

Lilith, como todas as outras que apenas conseguiam observar com espanto o que acontecia, ainda tentou aproximar-se de Ava, mas quanto mais perto, maior era a onda que a repelia. Ninguém conseguia alcançar Ava.

O fio dourado continuava saindo do corpo de Ava em direção ao portal, sem que ninguém conseguisse fazer nada. O brilho ao redor do corpo de Ava diminuía a cada segundo. O Arco fazia mais barulho a cada instante, à medida que consumia a energia de Ava. E aquele barulho era idêntico ao que pensaram ser o que se experimentaria dentro de um tornado: ensurdecedor. Beatrice gritava sem parar, tentava se aproximar de Ava e não conseguia, o desespero aumentando dentro de seu peito.

Então o último brilho daquele fio passou pelo Arco. Imediatamente o silêncio sepulcral voltou e o Arco implodiu-se, tornando-se um monte de cacos, com partes faltantes que haviam sido sugadas pelo vácuo da implosão do portal. O corpo de Ava, ainda há pouco suspenso no ar, caiu no chão, inerte, para o completo desespero de Beatrice.

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