Capítulo 5 - Uma Experiência Inesperada

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Camila já aguardava as duas na plataforma, como Beatrice havia previsto. Estava ansiosa, pois Ava havia aparecido primeiro no convento, depois de meses, e afirmou à Madre Superiora que precisava da ajuda de toda a Ordem, como nunca precisou antes. Sentiu a falta de Bea e perguntou por ela, ao que Camila respondeu que Beatrice havia decidido deixar a Ordem e ir embora, não sabia ao certo para onde, mas fazia alguma ideia.

Camila não chegou a ter a oportunidade de conversar com Ava. Ela estava tão diferente para ter estado apenas alguns meses longe delas... O que poderia ter acontecido? Ava prometeu que contaria tudo, mas só quando Bea estivesse junto também.

Ao ver as duas descendo do trem, Camila foi ao encontro delas com um largo sorriso no rosto e braços abertos para recebê-las num abraço.

— Bea! Que bom te ver novamente! E Ava... estou realmente impressionada como você a encontrou tão rápido. Como fez isso?

— Eu sabia, no fundo do peito, exatamente onde procurar. — Olhou para Bea e a fez corar, fato que não passou despercebido aos olhos sempre curiosos de Camila.

— Mas vamos, estão todas esperando por vocês no convento. As irmãs conseguem ser bastante curiosas, vocês não fazem ideia.

— Só elas? — Brincou Beatrice, passando a mão pelos ombros de Camila enquanto caminhavam até o carro.

Camila não pôde deixar de perceber como Beatrice estava leve, sorrindo... tão diferente da Beatrice que decidiu ir embora, com o coração pesado. Definitivamente Ava fazia bem a ela.

No carro, Beatrice contava como passou os últimos 3 meses na Suíça, como estava tentando levar a vida e entender se ela deveria permanecer na Ordem... e se conseguiria viver sem Ava, mas essa última parte ela guardou apenas para si. Ava sentou-se atrás de Bea e a observava pelo espelho externo do carro. Beatrice não fazia ideia, mas foi a razão de Ava manter-se lutando para voltar.

A recepção foi calorosa e Ava sentiu-se em casa novamente. Como era estranho constatar isso, que ela nunca se sentiu realmente em casa desde o acidente que a colocou na cama aos 7 anos. E agora, depois de voltar de uma experiência tão difícil, finalmente percebeu que aquela era mesmo sua família, sua casa. E sabia que poderia contar sempre com elas. E mesmo cercada pelas irmãs e pela Madre Superiora, os olhos de Ava sempre buscavam por Beatrice. Ela era seu porto seguro, sua rocha.

— Meninas, vamos nos acalmar e escutar o que Ava tem a dizer. — Madre Superiora fez-se escutar e acalmou os ânimos das irmãs. — Acho que ela tem bastante a nos dizer.

***

— Bom... eu tenho bastante a dizer mesmo, mas ao mesmo tempo não sei nem por onde começar. — Ava iniciou.

— Comece pelo princípio, comece pela sua passagem pelo portal até o outro reino. — Madre Superiora tentou ajudar Ava a iniciar sua narrativa.

— Está certo... bem, quando eu atravessei o portal, estava muito ferida. Me senti apenas sendo sugada para dentro dele, não tinha forças para me levantar naquele momento. Confesso que achei que aquele era o meu fim. Quando cheguei ao outro lado... é difícil descrever. Não é o Paraíso, mas também não é o inferno. É uma dimensão paralela, um enorme vazio, diferente de tudo o que a gente pode pensar. O céu (se é que podemos chamar aquilo de céu) lembra muito o que podemos ver aqui na Terra numa tempestade de areia. De uma cor avermelhada, quente, uma atmosfera abafada... e aqueles silvos no ar. Um barulho como de gritos, urros e barulhos estranhos que se intercalavam com momentos de silêncio absoluto. Assim que fiz a travessia, estava deitada nesse chão poeirento e frio, que contrastava completamente com a atmosfera tão quente, e então senti o Halo queimar nas minhas costas. O Halo funciona de uma forma diferente do lado de lá. A cura que ele me proporcionava aqui na Terra era infinitamente mais rápida do outro lado. O Halo lá é muito mais poderoso, tem muito mais energia.

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