Quando entrou com Leti na Ritus, um bar e casa noturna na Trajano Reis em Curitiba, Ari procurou Luís com os olhos, mas não o encontrou. Estavam atrasadas com o horário combinado e resolveram pegar uma cerveja antes de continuar procurando. Não era um lugar muito grande e naquela quinta-feira não estava lotado. O frio curitibano da semana parecia assustar as pessoas e muitos preferiram se divertir em casa. Pela primeira vez iam na Ritus e comentaram entre elas sobre os pôsteres desgastados de bandas desconhecidas, que passaram por lá e que forravam uma parede inteira.
Ari conhecia Luís da faculdade, ficaram amigos e passavam a maior parte do tempo juntos durante as aulas. Era um ano mais velha que ele, logo após sair do ensino médio emendou cursos de artes durante dois anos antes de decidir estudar Artes Visuais na graduação. Luís a convidou tantas vezes nos últimos dois meses para vê-lo tocar, que estava quase desistindo quando ela prometeu que naquela semana iria. Mais que convidar, há muito tempo falava para ela sobre seu companheiro de banda, Nico. Acreditava no seu poder de cupido e queria fazer os dois se conhecerem.
— Tem falado muito dele, Lu — riu Ari, escrevendo sua parte do trabalho na biblioteca da faculdade.
— Ah, é que ele é legal mesmo. Um pouco impulsivo, mas divertido. E gato, viu, amiga? Gato pra caralho.
— Ih, está apaixonado, é?
— Não, infelizmente ele é hétero. Único defeito da criatura — riu Luís. — Ah, não, ele tem outros defeitos, óbvio, é homem. Também não vou pintá-lo como alguém perfeito. Mas as coisas boas equilibram tudo e é gato, já falei isso?
— É o que mais tem falado nos últimos dias.
— Vou te mostrar uma foto que tirei no ensaio, olha só — Luís pegou o celular e procurou uma na galeria, que tirou escondido, com Nico sem camisa sentado em um banco rindo de uma piada de Lorena enquanto segurava uma caneca com café.
Ari olhou e não podia negar, era realmente bonito.
— É, você tem razão, é gato.
— Não é?! Amo as tatuagens dele. Que tal me ver tocar e ainda poder admirar esse ser? Vai dizer que não é uma boa? A foto nem faz jus com o que ele é pessoalmente. E a voz também é incrível.
Ari podia sentir como Luís estava feliz, sempre contava como se divertia e o que faziam no final de semana. De coisas como jogar videogame a ir em shows pequenos para prestigiar as outras bandas da cidade. Ele parecia ter encontrado o seu lugar no mundo.
Na Ritus, ouviram uma movimentação e olharam para o pequeno palco, a banda entrou e começaram a ligar os instrumentos. Ari sorriu ao ver Luís e levantou a mão para cumprimentá-lo de longe. Ele a viu também e retribuiu o sorriso e o cumprimento, estava feliz de vê-la com Leti.
Luís foi o último a entrar na banda, convidado pelo seu primo Ricardo, e estava realmente empolgado de fazer parte. Costumavam se apresentar às quintas-feiras com covers famosos enquanto emendavam algumas músicas autorais. Ari e Leti se aproximaram um pouco mais, dividindo o lugar com outras pessoas no salão. Tinha espaço suficiente para dançar e cantar naquela noite, o que a deixava mais tranquila, lugares cheios demais a incomodavam.
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Escute Antes de Partir [Completa!]
Romance🏅 Finalista do Prêmio Watts 2023, let's rock! 🏅 Nico tem talento para a música e para tomar decisões ruins. A pior de todas foi terminar com Ari em Curitiba antes de ir para São Paulo com a sua banda de indie rock. Tentou reverter a situação, mas...