Capítulo 10

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 Nico e Ari pararam em frente a porta do apartamento 107, que tinha uma mandala ao redor do olho mágico, ouviram risadas alegres vindo de dentro e sentiram um cheiro de incenso de alecrim

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Nico e Ari pararam em frente a porta do apartamento 107, que tinha uma mandala ao redor do olho mágico, ouviram risadas alegres vindo de dentro e sentiram um cheiro de incenso de alecrim. Se entreolharam e ele apertou a campainha. A porta se abriu rapidamente e Lorena o recebeu sorrindo e convidando para entrar. Sentiram-se entrando em um mundo paralelo. Na vitrola um vinil girava tocando Mutantes, muitas plantas tomavam conta da sala, almofadas coloridas alegravam ainda mais o sofá amarelo e duas bandeiras decorativas com signos, sol e lua decoravam duas paredes opostas.

Aparentemente, a namorada de Lorena era um clichê da jovem mística que aparecia nas redes sociais, ou na feirinha do Largo da Ordem. Animada, Tati veio correndo do quarto com suas pulseiras tilintando enquanto prendia o cabelo em um coque. Usava um conjunto leve, com estampa de flores e uma maquiagem marcada nos olhos. Com um sorriso de orelha a orelha, abraçou Nico.

— Bem-vindo, Nico. Espero poder te ajudar — falou com uma voz angelical e depois se virou para Ari, abraçando-a também. — E bem-vinda, Ari. Que jornada terrível você entrou, hein? Venham, sentem-se!

Os dois ficaram estáticos por alguns segundos, sem entender como ela podia ter abraçado Ari. A seguiram e sentaram-se lado a lado no sofá amarelo, enquanto Tati sentou-se no colo de Lorena na poltrona.

— Bem, essa é a Tati, minha jovem mística — disse Lorena. — Como podem ver, ela é bem especial.

— É assim que você me chama na frente deles?

— E eu estou mentindo?

— Não, não está — riu dando um selinho em Lorena. — Fiquei sabendo que o show de ontem foi ótimo, fico feliz por vocês. Não pude ir, não estava bem para lidar com a energia de muita gente reunida.

— Ok... Tati. Você vê a Ari?

— Claro que sim.

— Como?! — perguntou Ari empolgada.

— Pra mim é fácil ver aqueles que foram tocados por uma divindade, ficam com uma aura azulada muito bonita. No caso, vocês dois.

— Divindade? — Nico suspirou, pensando que ia começar o papo de misticismo.

— Vamos tentar descobrir qual?

— Fácil assim?

— Claro, pra que complicar? Não basta a complicação de viver nesse mundão capitalista? — sorriu, levantando do colo de Lorena para pegar uma folha de papel e um lápis em uma escrivaninha antiga. Em seguida, sentou-se no chão em frente a mesinha de centro. — O mundo que não vemos fala comigo através da arte, no meu caso, do desenho. Se algum serzinho souber sobre vocês, vai me falar. Tenho um ótimo relacionamento com a maioria deles.

— Muita informação pra minha cabeça.

— Cala a boca e presta atenção, Nico — riu Lorena, jogando uma almofada nele.

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