bem vindo a sua vida

539 65 17
                                    

POV Marília

-Pronto, pequeno? - Pergunto, assim que Gabs se senta no banco da frente comigo e ele abaixa a cabeça, negando. - Hey, olha pra mim. - Ele levanta a cabeça e eu vejo seus olhos marejados. - Vai ficar tudo bem. Não vou deixar mais ninguém te machucar. Acredita em mim! - Ele acena fracamente, retorcendo sua boca. - Agora, vamos acabar logo com isso.

Configuro o GPS com o endereço que o Gabs forneceu e logo estou na frente da casabem cuidada e com um quintal bem aparado na frente, cheio de flores coloridas... Mas, ao olhar para Gabs, seus olhos só expressam dois únicos sentimentos: Tristeza e medo.

Sem ter muito o que dizer, apenas saímos do carro e vamos em direção à porta branca e bem cuidada. Enquanto toco a campainha, Gabs fica ligeiramente atrás de mim.

Em instantes uma moça com aparência jovem e séria aparece na porta com um olhar desconfiado para mim, até ver Gabs. Então seu olhar vira uma coisa que medonha, como se ele estivesse imundo. Não me perguntem como não voei no pescoço dela naquele momento.

-Meu nome é marilia. Posso falar com a senhora? - Digo formalmente.

-Quem tá aí, Liza? - Uma voz masculina pergunta, se aproximando, até que aparece um moço relativamente jovem. - Quem é você? - Ele pergunta olhando desconfiado para mim, fazendo Gabriel se esconder ainda mais atrás de mim e afundar seu rosto em minhas costas.

-Ora, ora, ora! - Ela dá um sorriso psicopata. - A aberração se arrependeu? - ela diz arqueando uma sobrancelha.

-Desculpa, não conheço nenhuma aberração... A menos que estejam falando de si mesma. - Ela puxa a respiração com força, me encarando com ódio.

-Olha aqui sua... - A mulher começa, mas o homem coloca uma mão em seu braço, num gesto apaziguador e me analisar de cima a baixo, como se eu fosse um pedaço de carne.

-O que uma menina linda como você faz com uma coisa dessas aí? - Diz, apontando para o pequeno escondido atrás de mim.

-Era só o que me faltava! - Digo bufando. - Vou ser direta, já que eu não sou de enrolar. Eu vim aqui para falar com vocês sobre o filho de vocês que foi espancado ontem a noite. Aparentemente, vocês não se importam, já que vocês expulsaram ele de casa. Então, eu só vim buscar as coisas dele, pois ele vai morar comigo a partir de hoje.

-Você tem muita sorte de ficar com uma gostosa dessas, aberração! - O homem diz baixo, olhando para Gabriel.

-Senhor... Tanto Faz o nome... Eu realmente não preciso dos seus comentários desnecessários, ainda mais comentários tão nojentos em frente à sua esposa. Será que vocês podem deixar a gente pegar as coisas dele logo para podermos nunca mais precisar olhar pra vocês? - A mulher dá um passo para o lado.

-Primeira porta do corredor. - Dou um sorriso forçado para a mulher e entro na casa, sentindo Gabriel se agarrar em
minha blusa.

-É aqui, pequeno? - Pergunto ao chegar na porta e ele acena timidamente. - Pega tudo que você vai precisar, o que não for usar, deixa pra trás. - Digo pegando uma mochila no chão do quarto ridiculamente rosa e colocando sobre a cama. Logo ele se aproxima com algumas coisas e começamos a guardar da melhor forma possível nas bolsas que encontramos, mas há tão poucas coisas que ele quer levar, que em instantes já estamos guardando as últimas coisas.

-Mom... Ahn... Che...malilia va... Vamô embola. Pufavô. - Gabriel fala baixo pra mim e eu sorrio com o modo como ele pronunciou meu nome e como ele quase me chamou de Mommy.

-Sim, pequeno. Vamos tirar você daqui!

Enquanto estamos descendo com as bolsas, Gabriel se solta rapidamente para pegar uma pelúcia de uma girafinha que caiu, mas seu pai o puxa e o joga no chão, chutando-o algumas vezes, enquanto o pequeno abraçava a pelúcia com força.

littleSpaceOnde histórias criam vida. Descubra agora