Capítulo 51

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PRISCILA POV.

Com os olhos fechados, inspirei forte em um dos meus escapes favoritos dos últimos anos, sei que se tornou mais do que algo que se faz por diversão ou as vezes, se tornou algo que não vivo sem. Abri os olhos, sentindo os efeitos nublarem minha mente e me relaxarem, sinto que esse é o único jeito possível de me libertar de todos os pensamentos que me perseguem.

- Cause I can't lie, I love you still... for all my life, I always will. - Sussurrei as palavras que se amontoavam na minha cabeça e anotel rapidamente no meu caderno, um escape que criei o hábito de ter é escrever músicas, adotei esse caderno quando não conseguia mais suportar tudo que sentia e tinha que colocar para fora de alguma forma.

Tinha se passado setecentos e trinta dias desde que deixei minha vida para trás e foquei no meu futuro, indo para a faculdade dos meus sonhos e do meu lado uma das minhas melhores amigas, Bea sempre compartilhou esse sonho comigo e só tenho gratidão por ter tido ela me ajudando em todos os momentos. E não posso negar, cada dia ficava mais fácil, mais nublado na minha cabeça. Sempre pensei como reagiria à saudade, distância, e eu simplesmente acabo me conformando, eu amorteço meus sentimentos para não sofrer, esqueço do que eu sentia e isso acaba amenizando o quão destruída estou por dentro. Tenho medo de que ao final de tudo isso, eu esqueça tudo, os momentos, sentimentos, tudo que aconteceu.

Me assusto ao ouvir batidas na porta do meu quarto, coço a garganta e digo para entrar, provavelmente Bea vindo checar se acordei viva, ela vive preocupada comigo e não tiro a razão dela, muitas vezes eu só existo, é difícil assimilar ainda como minha vida mudou tão bruscamente, sinto falta de tudo da minha vida antiga.

- Nós estamos livres! - Ela deu um gritinho animado e entrou pulando no meu quarto, ri negando com a cabeça e larguei meu cigarro já apagado. - Nos chamaram pra uma festa, e é seu dever me acompanhar. - A linda se jogou na minha cama, me olhando esperançosa.

- Você interromper meu momento de paz é o cúmulo do desrespeito. - Fingi irritação e fechei meu caderno, que ela morria de curiosidade para saber o que eu tanto escrevia.

- Interrompi sua brisa de maconheira, já disse que não vai te levar a nada isso. - Ela bufou, falando pela milésima vez a mesma coisa.

- Que festa é essa? - Levantei-me da minha mesa de estudo e me estiquei, era final de tarde e passei quase o dia todo sentada escrevendo.

- Da Shay. - Sorriu maliciosa, gargalhei já entendendo, não tínhamos escolha de não ir. Shay era a crush dela há uns três meses já, até que está durando essa paixãozinha. - Eu soube que a Bibi vai... - Assobiou.

- Não começa. - Gemi frustrada, eu não aguentava mais ela tentando ser cupido. Bianca fazia o mesmo curso que o meu, consequentemente tínhamos quase todas as matérias juntas. Já fazia um tempo que ela sutilmente dava em cima de mim, nunca foi algo explícito mas nada que ela escondesse também. Não posso negar que ela é extremamente linda, um mulherão.

- Eu admiro você, a que não conseguia ficar sem sexo nem por um mês, já está aí no mínimo seis. - Ela fez uma careta querendo me irritar, respondi dando o dedo do meio para ela e saindo do quarto, já que tinha festa ia me arrumar logo.

Já fui em algumas festas da Shay, e realmente ela faz jus a fama dela. É o tipo de festa universitária, com mesa de beer pong, adolescentes por todas as partes bêbados e fumando, pegação e o tumulto que você mal conseguia respirar entre tanta gente em tão pouco espaço. A única coisa que me fazia relaxar nas festas era beber até ficar dormente e me jogar na pista de dança, esquecendo do resto do mundo. Bea tinha voltado aos 15 e estava agindo como uma adolescente apaixonada, era até engraçado de ver, faz tanto tempo que não me sinto assim.

Christmas - Capri Onde histórias criam vida. Descubra agora