Christmas - Capri

Capítulo 58

PRISCILA POV.

É tão estranho se sentir adolescente novamente, porque quando você passa dos vinte cada ano você sente que sua infância e adolescência é algo que vai ficando cada vez mais distante. Ainda mais para mim, que ao escolher seguir a profissão em medicina, sabia que ter uma vida seria uma piada, até porque seus primeiros sete anos quando se forma são completamente focados em se especificar e doar tudo que você tem. Por isso parecia tão estranho eu estar focando em algo além da minha carreira, eu estava me arrumando para um encontro com Carolyna.

Era impossível minha mente não viajar para o nosso primeiro encontro, acho que foi um dos dias mais felizes da minha vida, eu estava tão apaixonada e feliz por estar com Carol, e foi algo tão simples mas que tem uma importância gigantesca para mim. Fomos ao píer em uma feira de comidas e comemos a tarde toda, com o pôr do sol aos se manifestando e tudo se juntou para ser um dos dias mais perfeitos. Me da uma sensação tão boa no coração quando me lembro de todos os nossos momentos e tantas coisas que vivemos, porque nada pode apagar isso, e fico me perguntando como vai ser daqui para frente.

Quando comecei a me arrumar, surgiu um pânico porque tudo o que eu tinha no guarda-roupa automaticamente parecia errado, isso era algo que eu não sentia a muito tempo. Cavei todas minhas roupas até achar uma coisa que não lembrava a anos, e sabia que nada superaria. A jaqueta college cinza que usei no nosso primeiro encontro, e que não saiu do meu corpo por meses estava escondida no fundo do meu armário, não tive dúvidas de usar ela por trazer tantas memórias, sabia que Carolyna iria lembrar no momento que colocasse os olhos em mim. Por baixo coloquei apenas um cropped branco, uma calça jeans escura com rasgos por toda a coxa e um coturno com salto, quando me olhei no espelho tive que rir com a ironia das minhas roupas, eu não me vestia assim a tanto tempo que parecia até estranho.

- É como eu digo sempre, o fogo no rabo une, não tem escapatória. - Malu filosofou através da tela do meu celular.

- Você é ridícula, e ainda estou com raiva por não ter me contado. - Resmunguei, mesmo sendo tudo mentira e eu estar morrendo de saudades dela.

- Agora falando sério, o que você acha que vai acontecer? - Ela perguntou curiosa, eu me arrumei com a presença dela via FaceTime e agora que terminei estava começando a surtar levemente.

- Eu não tenho a menor ideia, ontem quando íamos nos beijar o hospital me ligou pedindo que eu fosse cobrir um interno que ficou doente, eu quis me jogar daquela sacada. - Grunhi me jogando de costas na cama, levando o celular para ficar no meu rosto.

- Eu aposto dez dólares que vocês vão transar tanto hoje que não vai sobrar uma gota de gozo no corpo. - Gargalhei alto, eu odiava como Malu falava tudo que vinha na cabeça.

- Malu, cala a boca! - Respondi ainda rindo, revirando os olhos. - Eu não quero apressar nada, e eu não sou mais aquela Priscila que quase chorava porque precisava dar. - Sorri inocente, vendo Malu revirar os olhos e rir irônica.

- Só eu sei o que passei com esse teu cio. - Fiz um bico magoado e ela gargalhou. - Eu vou ver série, cansei de falar com você. Vai dar tudo certo nesse encontro, eu sei que meu capri vai voltar. - Ela juntou as mãos fingindo orar.

- Eu falo com você depois vadia, te amo! - Mandei um beijo para a câmera e sorri ao terminar a ligação, Malu conseguia me acalmar mesmo sendo essa porra louca, eu sentia tanta falta dela.

Parecendo até ensaiado, apareceu uma notificação em seguida da Carol dizendo que havia acabado de chegar. Levantei correndo da cama e fui até ao espelho mais uma vez arrumar o cabelo que ficou bagunçado, retoquei o batom e suspirei nervosa dando uma última olhada em mim, era agora.