Capítulo 55

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CAROLYNA POV.

A despedida na Inglaterra me deixou muito abalada, já não tinha boas memórias e saber que eu não veria tão cedo minhas melhores amigas que iriam seguir seus caminhos de agora em diante me machucava bastante, mas a alegria era que eu não estaria indo sozinha para meu próximo destino. Eu e Kauana como estávamos na mesma área tentamos estágios nos mesmos lugares e cidades, e só nós sabemos a felicidade que tivemos quando as duas tiveram oferta de estágio na mesma cidade, então nós duas juntas partimos em direção à Denver, Colorado.

Foi difícil nos primeiros meses para eu me adaptar nessa nova cidade, nunca pensei que acabaria indo para um lugar tão aleatório na minha vida, mas não posso negar que Denver é uma cidade maravilhosa, a arquitetura, os parques, museus e monumentos, tudo fazia eu me sentir cada dia mais confortável e em casa. Sou muito agradecida por ter escolhido tão bem, nunca pensei que iria gostar tanto de seguir minha carreira e aprender na pele mesmo como era ser uma assistente social, eu por ser ainda uma estagiária seguia minha supervisora para todo canto e aprendia demais com ela.

Kau não trabalhava comigo, mas morávamos juntas em um apartamento perto do centro, eu estava muito feliz que tinha minha melhor amiga comigo nessa nova fase da minha vida, se eu estivesse sozinha agora estaria morrendo de medo. O tempo passou super rápido e iria completar seis meses que tinha me mudado para cá, e por mais animada que eu estava no começo, ao decorrer dos meses fui sentindo realmente o trabalho pesar em mim. Eu estava na área da vara da infância, que era o meu objetivo desde o começo, e as vezes pegávamos casos muito complexos e de partir o coração, era muito difícil lidar com algumas situações que eu mesma já tinha passado pelo mesmo, era uma luta entre raiva e tristeza por esse sistema tão injusto.

- Martelando essa cabecinha como sempre? - Kauana se aproximou com duas xícaras de café, sorri agradecida e peguei a que ela me estendeu.

- Estou analisando esse caso, é de uma garotinha de sete anos que mudava de casa adotiva a cada três meses. Mas no último ano ela conseguiu uma família que parecia aparentemente boa, eles até entraram com o pedido de adoção definitivo. - Mordi o lábio pensativa, analisando as folhas da ficha dela.

- E isso não é bom? Nós sabemos o quanto é difícil ter um caso feliz nesses casos. - Ela me olhou com a sobrancelha arqueada, sentando-se do meu lado na mesa de jantar.

- Aí que tá, eu estou preocupada com as anotações da psicóloga dela. Anne sempre pede para eu analisar o progresso, e a psicóloga diz que ela tem se mantido muito distante e distraída, as vezes tem ataque de choro do nada, some por até um mês das sessões, eu sinto que tem algo errado sabe? - Suspirei exausta, eu me entregava demais a todas as crianças que estava na minha supervisão, minha chefe criou uma confiança em mim para cuidar disso sozinha, e não queria estragar isso.

- Tem alguma denúncia dos pais? Algo que a escola tenha notado de diferente? - Kauana se inclinou do meu lado para ter melhor visão do arquivo.

- Não, tudo parece perfeito. Perfeito até demais. - Olhei-a pensativa. - Mas preciso dormir, ou eu vou acabar desmaiando aqui mesmo. - Dei um beijo de boa noite na mexicana e me levantei cambaleante, o sono e o cansaço misturado me deixava quase como uma bêbada ambulante.

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O próximo mês se passou como um borrão, tinha me acostumado com a rotina e fazia tudo mecanicamente. Minha maior conquista foi ter conseguido comprar meu carro nesse mês, economizei muito para emergências e ter um carro tinha se tornado uma delas, não gostava de ser dependente dos transportes públicos porque meu trabalho era muito imprevisível, as vezes não tinha horário nem para chegar em casa, e precisava da minha independência nesse sentido.

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