Robert e Marden deixavam de lado o que faziam para ver Landon. O pequeno príncipe zardreniano estava sorrindo de orelha a orelha, o que fez com que os dois se entreolhassem por uns segundos e voltassem a atenção novamente a ele.
Pelo jeito, além de importante, esse tal anúncio parecia ser algo muito bom para que aquele menino estivesse tão sorridente. E isso despertava uma grande curiosidade.
— O que é esse "anúncio importante", Landon? – Marden interrogou.
— É mesmo, o que é esse tal anúncio que você vai dar? – Robert perguntou.
O menino não deixou de sorrir e disse:
— A partir de agora, eu já sou um homem comprometido!
Os dois pequenos Lordes se entreolharam meio confusos. O pequeno Lorde da Terra chegou perto de Landon e se colocou de frente a ele, medindo o tamanho de ambos.
— Marden – disse. – Eu ainda sou maior que o Landon.
— Landon – Marden questionou. – Por que você fala que já é um homem, se você nem ficou maior do que o Robert?
— Não foi isso o que eu quis dizer! – Landon fez cara de aborrecido.
— Então explica!
— Marden, é que o meu pai disse que selou o meu noivado com uma menina chamada Lady Catelyn.
— O QUÊ?! – os dois pequenos Lordes ficaram surpresos.
— O que foi? – o pequeno príncipe perguntou.
— Landon, você tem só sete anos como nós! – Robert exclamou.
Landon bufou aborrecido. Pelo jeito, teria que explicar novamente aos amigos que com ele tudo era diferente.
— São os protocolos... O meu pai e a minha mãe me disseram que isso faz parte dos protocolos. Aí na minha décima quinta primavera vou conhecer a minha noiva e dançar com ela em um baile, como um príncipe deve fazer. – voltou a sorrir. – Depois, vamos casar e vamos ter uma filhinha!
— O seu pai e a sua mãe são apressados. – Marden observou.
— Eu disse que são protocolos. Um principezinho como eu tem que seguir eles.
— Mas você não é um homem, é um menino como a gente. – Robert falou.
— Eu sou um homem comprometido agora!
Por mais que Landon soasse sério, os outros dois começaram a rir sem parar. O príncipe-herdeiro logo fez bico, aborrecido por Marden e Robert não o levarem a sério. Não adiantou, porque os dois olhavam para ele e riam cada vez mais.
— Isso não tem graça...! – ele murmurou aborrecido ainda fazendo bico.
— Como não? – Robert disse. – Você é o "Senhor Protocolos Reais", Landon!
— Tem razão, Robert! – Marden concordou aos risos. – Esse nome cai direitinho nele!
— Isso não tem graça!
— Claro que tem, Sr. Protocolos Reais! – o pequeno Lorde da Terra disse.
— Senhor Protocolos Reais! Senhor Protocolos Reais!
— Para, Marden! Isso não tem graça!
Os protestos de Landon só serviram para eles continuarem gargalhando e o chamando pelo novo apelido. Foi quando precisou usar seu último recurso:
— Parem já com isso! É uma ordem!
Os dois pequenos Lordes pararam, mas mal conseguiam abafar o riso. O "Senhor Protocolos Reais", com toda aquela pose após dar uma ordem, o fazia justificar ainda mais a nova alcunha que recebera.
— Por que está tão pensativo assim, Robert? – William perguntou enquanto se sentava ao lado do filho.
— Papai – ele olhou nos olhos de seu pai. – Me arranja uma noiva?
Aquela pergunta pegou o Lorde da Terra de surpresa:
— Uma noiva...?
— Sim, papai, uma noiva.
— De onde você tirou essa ideia, filho? Você só tem sete anos!
— É que o Landon já tem uma noiva, e eu não quero ficar sem uma!
William não conteve o riso, deixando o menino confuso:
— Por que está rindo?
— Robert, ainda é muito cedo para você ter uma noiva!
— Então, por que o Landon tem uma noiva se ele é um menino como eu?
— São protocolos que a família real tem que seguir.
— Como assim?
— Como eu posso explicar...? São coisas que só o rei, a rainha e o príncipe devem fazer sempre. O noivado aos sete anos é uma dessas coisas.
— O senhor não fez isso?
— Não. Eu tive que procurar uma noiva para mim quando já era um rapaz. Aí eu encontrei a sua mãe.
— Então o vovô não escolheu uma noiva pra o senhor?
— Não, eu mesmo escolhi. Eu escolhi a moça mais bonita, a sua mãe. Depois disso, nós nos casamos... E aí, depois de um tempo, você nasceu.
— Ah, então é diferente do Landon?
— Sim, a nossa família tem um costume, um protocolo, por assim dizer, diferente.
— E o Marden?
— Assim como você, quando ele for um rapaz, ele mesmo vai escolher a noiva dele.
— Ah, agora eu entendi! Mas eu ainda acho que o Landon e os pais dele têm muita pressa.
— São os protocolos, Robert. Ele tem que seguir todos direitinho, assim como o pai e a mãe dele fazem.
— Sabe, pai... Protocolos são chatos! Coitado do Landon com tudo isso!
Jerome, o líder da Companhia dos Dragões das Sombras, entrou na sala do trono de forma sorrateira e fez a devida reverência a Ramsay, que já foi direto:
— E então? Já mandou seus comandados coletarem informações a respeito de Zardren?
— Sim, Majestade.
— O que eles coletaram de interessante?
— Segundo os meus comandados, a Capital zardreniana é dotada de um esquema de segurança tão forte quanto o das fronteiras do reino de Zardren. Além da Capital ser protegida, o palácio também é aparentemente impenetrável.
— Suponho que isso não seja nenhum empecilho para os Dragões das Sombras.
— Vossa Graça supôs muito bem. Nada disso impediu que conseguíssemos informações bastante privilegiadas e relevantes, sobretudo a respeito do príncipe-herdeiro de Zardren.
— Conte-me mais. – o rei alkavampiano demonstrou interesse.
— O herdeiro ao trono, Príncipe Landon de Zardren, é rodeado por um forte esquema de segurança desde os três anos de idade.
— Desde o ataque do Lorde Hoster, creio eu.
— Exatamente. E, segundo os meus comandados, a princípio ele segue todos os dias as mesmas rotinas, sobretudo na preparação para ser o sucessor do pai. Ainda precisamos observar mais e de forma meticulosa as rotinas do menino, bem como a questão da segurança. O rei Cassius de Zardren está protegendo muito bem o seu único filho e herdeiro.
— Excelente! – Ramsay sorriu confiante. – Jerome, continue com as observações em Zardren! Neste momento, a minha mente começa a ter ideias para um plano que pode desestabilizar e destruir Cassius de Zardren!
— Majestade, este plano é para execução imediata?
— Não. Antes de levar a cabo o que planejo, quero que prossigam com a observação meticulosa das rotinas do palácio de Zardren.
— Como quiser, Vossa Graça.
Após o líder da Companhia dos Dragões das Sombras se retirar, Ramsay quedou-se sozinho na sala do trono. Sorriu. Os resultados com aquela companhia a seu serviço eram extremamente promissores. Em sua mente, um ousado plano estava se formando com os primeiros esboços do que seria feito. Era a longo prazo, por assim dizer, mas era algo que poderia fazer com que Zardren se rendesse aos seus pés.
Cultivar a paciência enquanto elaborava um plano ousado fazia com que surgissem altas possibilidades de que seu triunfo acontecesse.
Cassius de Zardren que o aguardasse!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crônicas de Um Jovem Rei
Fantasy[Saga Fleeing - Livro I] Emperius é um mundo que vive há mil anos em guerra. O sombrio reino de Alkavampir domina tudo, mas o reino de Zardren ainda resiste ao domínio do inimigo. E, em meio a este cenário, nasce um pequeno príncipe em Zardren. Um p...