Quebra de rotina.

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POV: HELOÍSA.

As últimas semanas, sem dúvidas, haviam sido recheadas de muita emoção. Depois do ocorrido no shopping, onde eu finalmente consegui colocar as mãos naquele bandido e ser surpreendida por Stênio, comprando um anel de noivado.. Decidimos de uma vez, voltar a morar juntos novamente, antes dessa decisão, o meu quarto já estava voltando a ter os seus pertences e eu confesso que senti falta, de abrir o guarda-roupa e ter a visão das nossas roupas juntas, de como elas se misturavam amistosamente.

Eu costumava achar que eu já tinha atingido o nível máximo da maturidade, mas não, a maturidade que anos atrás eu julgava ser o fim da linha de chegada, não chegava nem perto da que eu tenho hoje. Apesar de sempre ter tido os pés no chão, de me reinventar tantas vezes, enquanto estivermos vivos, mudanças irão acontecer.

Já ouvi muitas vezes, as pessoas me falando que o trabalho na minha vida era o ponto alto, que ficava acima até da família.. E apesar de negar até a morte, hoje eu consigo enxergar que talvez sim, eles tinham razão. Talvez, eu o colocava nessa posição, por sempre obter o mérito, sempre conseguir concluir o que queria e com a família não, nós não podemos mudar e controlar a vida das pessoas e nem as decisões que elas buscam tomar e o controle sempre foi algo que me prendia a atenção, apesar de tê-lo perdido muitas vezes, me dando um choque de realidade.

Antigamente eu tinha uma compulsão em gastar, enchia meu guarda roupa e armários de coisas que eu nem precisava, muitas vezes nem saberia lembrar o que existia dentro de cada sacola. Era sempre a falsa ilusão de que gastando com aquilo, iria preencher o meu vazio, mas quando eu chegava em casa e percebia o que eu tinha feito, o desespero batia, pois o vazio ficava ainda mais fundo.
Consegui finalmente buscar ajuda e me libertar desse pesadelo e o mérito disso, eu divido com Stênio, Creuza e minha amiga, Maitê, que me ajudaram a derrubar essa barreira da minha vida.

Chega a ser inexplicável, como temos que passar por tantas coisas, sendo elas boas ou ruins, muitas vezes obrigatoriamente, para aperfeiçoar a versão que estamos vivendo no momento. Hoje eu já não coloco mais o trabalho tão em cima do que não deveria e essa lição, ironicamente eu aprendi com ele.
Ter Creuza sob a mira de criminosos de alto nível e Stênio sequestrado, me deixou a beira de um colapso, por mais que eu tentasse não baixar a guarda e agir somente com a mente, caso contrário, com o coração eu colocaria tudo a perder e eu não poderia, em hipótese alguma, perder eles dois.

Tantos anos trabalhando como delegada e nunca me importando de me colocar na mira de alguém, pelo contrário, me arriscava perigosamente, afim de ter o que queria.. Mas a partir do momento que a mira está voltada para alguém que você ama, tudo muda.

(...)

Já era tarde da noite, quando eu parei em frente a minha porta e procurei pelas chaves, dentro da minha bolsa, que estava com a alça jogada em meu ombro. Destranquei a porta e logo percebi o silêncio, talvez todos já estivessem dormindo, então, me certifiquei de trancar tudo e não fazer muito barulho.

Retirei meus sapatos, deixando ali pela sala e coloquei minha bolsa em cima do sofá, fui caminhando pelo pequeno corredor, até chegar no meu quarto e então perceber que a luz do abajur estava acessa, só não sabia se Stênio estava realmente acordado me esperando.

Me encostei na porta do quarto, dando uma breve espiada e um sorriso involuntariamente se fez presente. Stênio estava deitado na cama, com seu óculos de grau no rosto e folheando um livro, que eu nem me dei o trabalho de prestar muita atenção na capa, pois ele estava terrivelmente atraente! Seu peitoral estava exposto, pela ausência de uma camisa e o edredom o cobria, dos quadris até os pés.

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