1.
Enquanto todos dormiam ao nascer do sol, o menino podia contar em sua cabeça mais de cem voltas no campo, queria dar o melhor de si na peneira, afinal, todos estariam para o assistir. Algumas provas a mais, outras a menos. A menos são aqueles às quais ele fingem que não existem, mesmo sabendo que sem notas altas não pode participar de peneiras. talvez seria a sua perfeita válvula de escape, mas não poderia ousar em decepcionar aquele que lhe deu esta oportunidade.
– Você tomou café antes de soar feito um louco? –o menino se assustou de primeira, mas reconheceu aquela voz a qual pertencia a uma das pessoas mais chatas que ele conhecia.
– Nossa Renan que susto, larga de ser trouxa! – reclamou com a mão sobre o lado direito de seu peito.
– Lógico que tomei né 'vacilão', eu não aguento de pé se eu não me alimentar –Sentou sobre o gramado e pegou sua garrafinha de água. chamou o menino para sentar ao seu lado, os dois se conhecem desde que se entendem por gente, Renan é o primo mais próximo de João Vitor. Pesar das brigas e implicâncias, mantém um laço forte de amizade que se fortalece através das tais brigas e implicâncias.
– sério mesmo? Não quero que você fique doente, aliás eu sou o maior organizador da sua torcida, cê vai me chamar pra ser seu empresário né? –Renan falou tudo em um tom super sério.
– como você tem tanta certeza que eu vou passar nessa peneira aí? E se eu perder? Você acha que é tão fácil assim?—o de cabelos cacheados falava sem pausa para respirar.
—você joga muito bem João, e também preciso jogar na cara do seu pai que ele tá errado sobre você —Renan reforça, outra vez.—você vai ser um Camisa dez!
—sabe qual é a verdade, guto?—Romania chama o primo pelo apelido, era algo que ele não permitia ninguém fazer. Pensou um pouco sobre, e concluí; ele não podia contar a verdade, não poderia decepcionar mais uma pessoa que tanto admira e criava expectativas sobre si.
—qual verdade?—Renan direciona seu olhar ao outro, atento ao seu pesar.—nada não, deixa pra lá.—quer saber, eu tô com fome de novo, quer vir bater um prato comigo?—João se levanta.
—tô com preguiça de levantar — Renan estende a mão ao primo que o puxa brutamente.
Prepararam um lanche, conversaram sobre a rotina chata de Renan na faculdade e de João no colégio. Agora estava assistindo TV enquanto o menino dizia querer matar aula, apesar de suas notas estarem vermelhas no seu penúltimo ano, ele não se importava. não estava frequentando a escola a quase duas semanas.
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Camisa Dez - pejão
FanfictionNunca foi o ponto forte de João. Ele não era bom em demonstrar seus anseios. Para que serviria um jogador que não vence? "Destemido mas, nunca imbatível" era como seu pai fazia questão de repetir. Quem diria que aquele garoto de altura mediana e o...